O AMOR QUE PERMANECE
Salmo 138
1. DA NÃO CONTEMPORANEIDADE DO SALMO
Este é um salmo que contém declarações que o homem moderno não deve aceitar.
No verso 1, o salmista se compromete a cantar louvores aos deuses, mas não cremos em deuses, senão no Único.
No verso 2, o salmista entende que deve orar com o seu corpo voltado para o templo em Jerusalém.
No verso 4, o salmista espera pelo dia em que os poderosos da terra vão se render ao Deus Único, mas o que vemos são os poderosos governando como cada vez mais máximos.
No verso 6, o salmista pinta o Deus Único como habitante das alturas, mas nós cremos que Ele habita em toda a terra, esse humilde lugar do universo..
É claro que não somos tão modernos assim.
Os atletas vencedores de jogos olímpicos são pintados como deuses…
Em Olinda, todos os templos católicos da cidade estão voltados para a a igreja principal, a catedral da sé.
De vez em quando vemos um poderoso cair…
Também expulsamos Deus para as alturas, para não nos incomodar.
2. DAS RESPOSTAS QUE O SALMO OFERECE, APESAR DA EXPLÍCITA AUSÊNCIA DAS PERGUNTAS
No entanto, gosto de pensar neste salmo como respondendo a três perguntas ainda modernas, conquanto antigas. As perguntas não estão no texto, mas as respostas, sim.
2.1. Que Deus é este que não impede que eu passe por angústias?
“Ainda que eu passe por angústias, tu me preservas a vida da ira dos meus inimigos; estendes a tua mão direita e me livras.” (Verso 7)
Queremos ser livres, mas não queremos pagar o necessário preço da liberdade.
Também: lemos tão apressadamente as promessas de Deus que acabamos lendo o que Ele não prometeu. Ele nunca prometeu que não enfrentaríamos adversidades, mas que estaria conosco nelas (Salmo 91.5). Mesmo quando os anjos se acampam, não é necessariamente para nos impedir o golpe, mas para amaciar a queda.
Por isto, quero lhe convidar a ter a mesma percepção de Deus que o poeta teve:
. Deus responde, quando clamamos a ele (verso 3). Esta foi a experiência do salmista; esta tem sido a nossa; deve ser a nossa.
. Deus nos dá força e coragem. Uma vida tranqüila e superprotegida não precisa de força e coragem.
. Deus olha para os humildes. O humilde é aquele que se ajoelha. Somos parte de uma geração que não se ajoelha. Ajoelhar-se é o símbolo da humildade e é gesto humilde se for sincero. “Quando os joelhos se dobram, o Rei entra” (Calvin Miller, p. 219). “Nossa vida inteira se desfaz em reuinas quando vivemos como se não tivéssemos joelhos!” (idem, p. 220).
. Deus nos preserva a vida, cercando-nos com sua mão para nos livrar.
2.2. Tem alguém vendo os reis da terra se prostrando?
Diz o poeta:
“Todos os reis da terra te renderão graças, SENHOR, pois saberão das tuas promessas. Celebrarão os feitos do SENHOR, pois grande é a glória do SENHOR!” (versos 4-5)
Você não está vendo isto acontecer?
Enquanto, talvez, Nero governava o império romano, que o mataria, o apóstolo Paulo segue na mesma linha, fazendo coro com o poeta, quando diz que todo joelho se dobrará e toda a língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor para a glória de Deus Pai (Filipenses 2.10-11).
Eu não tenho dúvidas: chegará um dia em que todos os governantes da terra, vivos e mortos, vão reconhecer o governo de Deus. É apenas uma questão de tempo. Nero e Hitler vão entrar na fila para saudar o poder de Deus. Marx e Nietzsche vão se ajoelhar diante de joelhos.
Prostremos nossos joelhos diante de Deus.
2.3. Qual é a única certeza da vida?
“O SENHOR cumprirá o seu propósito para comigo! Teu amor, SENHOR, permanece para sempre; não abandones as obras das tuas mãos!” (verso 8)
Deus tem um propósito para comigo.
Deus cumprirará este propósito.
O amor de Deus permanece para sempre.
Nisto eu posso esperar.
3. CONCLUSÃO
A vida cristã, portanto, implica na conjugação de vários verbos:
. louvar
. prostrar-se
. clamar