A ESPIRAL HERMENÊUTICA: porque nem sempre entendemos

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A experiência do etíope relatada em Atos, quando pediu para Felipe lhe explicar o que lia na profecia de Isaías, é a de muitos leitores modernos. Se o etíope viveu poucos séculos depois da época em que o Antigo Testamento foi compilado, imaginemos os leitores do século 21, tantos séculos depois. 
Nesse período, até os gêneros literários mudaram de cara. A poesia, por exemplo, não é a mesma. A ficção transformou-se bastante também. Isto sem falar no vocabulário, vindo de culturas, a hebraica e a helênica, que são muito distintas da nossa. Como entender hoje palavras como redenção ou propiciação ou expressões como “Leão da Tribo de Judá” ou “Cordeiro de Deus”?
Os esforços dos tradutores são insuficientes porque as nossas mentes são muito diferentes, porque as sociedades são diferentes. Ficou, então, velha a Bíblia? As necessidades humanas, na verdade, são as mesmas, mas a forma de acessa-las mudou muito,  uma vez que “a nossa cultura está muito distante da cultura bíblica, e nossa mentalidade está ainda mais distante”, como lembra o prof. Grant Osborne. É com este desafio que o leitor da Bíblia precisa lidar. É este desafio que o intérprete da Bíblia, seja ele pregador ou professor, precisa enfrentar.
“A Espiral Hermenêutica” toma como sua esta pesada tarefa. O livro, no entanto, é pesado só na extensão, mas é muito agradável na leitura. Cada capítulo tem vida própria, mas a leitura de todo o livro é muito prazerosa.
O objetivo do autor, segundo suas palavras, é oferecer um panorama abrangente dos princípios de interpretação que regem a leitura da Bíblia. Ele usa uma metáfora para explicar seu projeto: ensinar seus leitores “a prepararem uma refeição de alta qualidade com a Palavra de Deus, de modo que possam fornecer alimento sólido para as pessoas que estiverem sob os seus cuidados”, sejam pastores ou professores. Ele parte do pressuposto que “para o verdadeiro cristão, há pouquíssimas coisas tão importantes quanto estudar com seriedade a Palavra de Deus”.
De uma forma bastante acessível a qualquer leitor da Bíblia, Osborne fixa em dez os estágios por que passa um leitor das Escrituras Sagradas. Ao longo do livro, cada estágio é apresentado, explicado, ilustrado e aplicado.
Depois de falar de aspectos como o contexto (em que lembra: “Se não conseguirmos entender o todo antes de tentar dissecar as partes, a interpretação estará ameaçada desde o início”) e de questões relacionadas à linguagem, Osborne passa cuidar de cada gênero dos livros da Bíblia. Suas aulas (sim, esta é a palavra que define capítulo do livro) versam sobre com entender a poesia, as profecias, as parábolas, as cartas e os apocalipses, entre outros gêneros literários. Depois ele trata amplamente da relação entre o Antigo e o Novo Testamentos, bem com da relação entre Bíblia e Teologia.
Na parte final, ele dedica dois preciosos capítulos à pregação. A convicção do autor é que “a Escritura não deve ser apenas aprendida; ela deve ser crida e depois proclamada”.
O livro tem uma riquíssima bibliografia, com 1200 fontes, entre livros e artigos. A editora brasileira preparou um utilíssimo índice temático, para facilitar a consulta.
“A Espiral Hermenêutica” é obra desde já obrigatória para leitores, pastores e professores brasileiros de Bíblia. Poucos livros são tão valiosos sobre o tema em nossa língua.
 
SOBRE O AUTOR:
Grant R. Osborne, nascido em 1942, é doutor em Bíblia pela Universidade escocesa de Aberdeen. Desde 1977, é professor de Novo Testamento na Trinity Evangelical Divinity School, em Deerfield, Illinois (EUA).
 
SOBRE O LIVRO
Título: A espiral hermenêutica
Subtítulo: uma nova abordagem à interpretação bíblica
Autor: Grande R; Osborne
Tradutor: Daniel de Oliveira, Robinson Malkomes e Sueli Saraiva
Título original: The hermeneutical spiral: a compreensive introduction to biblical interpretation
Editora: Vida Nova (www.vidanova.com.br)
ISBN: 978-85-275-0422-5
Formato: 16 x 23 cm
Páginas: 768
Preço: R$ 92,90
Classificação: Hermenêutica
Data da edição: 2009
Contém bibliografia e índice