LONGE DO VENTO

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Desafia-me o vento.
Não o vejo, mas o sinto.
Não o desejo, mas o invejo
porque segue o seu instinto.
 
Então, corro atrás.
É alvo que não se alcança,
com sua energia de criança,
com as curvas que faz.
 
Apenas me exauro
no pé de sua velocidade.
Por que não paro,
se correr é inutilidade?
 
São poucos os que deixam deixam raízes,
porque arrancar é o seu verbo.
Quase nenhuns são os que, de certo,
trazem divinas codornizes.
 
Seu destino é derrubar fortalezas,
agitar os mares,
levantar jantares,
envergonhar mesas.
 
Por que, quando atrás não corro,
eu o observo, me achando zorro,
sabendo que assim nada haverá
para que eu possa ceifar?
(ISRAEL BELO DE AZEVEDO)