SÃO AS MARCAS DE UM AVIVAMENTO VERDADEIRO?
Eis algumas delas, que jamais podem faltar:
Oração. É uma das maiores ênfases do Novo Testamento (1Ts 5.17). Tanto Jesus como os discípulos oravam com freqüência. Quando alguém crê em Deus, tal pessoa ora. A maior prova de incredulidade é a falta de oração. Sem oração, não há vida espiritual verdadeira. Deus deseja agir por meio de nossas orações. A oração muda as mais diversas situações. Todavia, não nos iludamos com a aparente dedicação à oração de certos grupos extremistas. Na verdade, muito do que é chamado de oração parece mais um repetir desconexo de palavras e sons que nada têm a ver com a oração bíblica.
Louvor e Gratidão. As experiências difíceis da vida muitas vezes tornam alguns cristãos aborrecidos e revoltados contra Deus. Por isso, o coração destes torna-se duro e insensível. Quando não temos disposição de agradecer a Deus por aquilo que ele é e pelo que ele tem feito, algo está errado. Passamos a acreditar que Deus não nos ama, ou que ele não está no controle da situação, conforme pensávamos. Muitos cristãos vivem esse drama de maneira oculta no coração. É preciso mudar tal atitude, com arrependimento, e ver pela fé que Deus mantém sua bênção sobre nossa vida. Quem está cheio de alegria e de gratidão é um verdadeiro “avivado” (At 13.52), pois consegue ver quem Deus é com os olhos da fé.
Arrependimento. Há duas possibilidades de viver a vida cristã. Uma é fazer de conta que estamos bem, escondendo os erros e conflitos no nosso mundo interior. Tal atitude gera a espiritualidade farisaica e perigosa, que pretender “vender” aos outros uma boa imagem de nós mesmos. A outra maneira é “deixar a luz de Deus entrar em nossas vidas”, reconhe-cendo nossa fragilidade e pecado, voltando constantemente, com humildade, ao trono da graça de Deus, arrependidos do que somos e do que fazemos. Isso deve fazer parte de nossa vida diária. Há uma espiritualidade religiosa neurótica hoje muito diferente desse arrepen-dimento humilde. Sempre que quisermos mostrar aos outros o que não somos agimos com hipocrisia. Examinemos o coração, cheguemos ao arrependimento e à mudança de atitude.
Comunhão com os Outros. A espiritualidade falsa é egocêntrica e sectarista. Já a marca do cristão é o amor. Quem não ama seu irmão não é cristão (1Jo 3.15). Não seremos mais es-pirituais por estarmos afastados dos mais “pecadores”, pelo contrário, nossa espiritualidade se mostrará verdadeira quando estivermos dispostos a conviver com quem não pode retri-buir o bem que lhe fazemos. Aquele que conversa com uma criança e que dá atenção ao pobre e ao ignorante é de fato espiritual. Há muita gente que jejua, ora, lê a Bíblia, mas que evita certas pessoas e não fala com determinado irmão. Por causa de nosso egoísmo, sem-pre procuramos ser amigos de pessoas que podem nos recompensar de alguma forma; a espiritualidade verdadeira não tem segundos interesses e procura comunhão com todo tipo de pessoa. Um cristão espiritual consegue superar as diferenças culturais, sociais, raciais, que o separam de seu irmão na fé. Aquilo que nos une deve ser mais forte do que aquilo que nos separa!
Disposição para perdoar. Nada é mais difícil do que perdoar. Todavia, o sinal de que o poder de Deus está em nossa vida pode ser visto na disposição de perdoar. Somente quando praticamos o perdão, estaremos imitando a Cristo e seguindo os passos dos cristãos da igre-ja primitiva (veja o caso de Estêvão em At 7.59-60). O mundo sem Deus acredita no poder da força e da violência, o cristão crê no poder constrangedor do amor perdoador. Devemos enfatizar as palavras de Jesus, no final da oração do Pai Nosso: Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoará vossas ofensas. (Mt 6.14,15).
Interesse pelas Escrituras. A Bíblia é a Palavra de Deus. E como Palavra divina é a fonte de orientação. Todavia, muitos membros de igreja têm demonstrado pouco interesse pelas Escrituras. Alguns, depois de anos na igreja, pouco sabem do Livro de Deus. Outros até aprendem algo, mas isso não lhes chega ao coração. A atuação do Espírito deve produzir uma atitude de meditação e de aprofundamento na mensagem das Escrituras. O conheci-mento bíblico sem a disposição de obedecer a Deus pode trazer ainda mais malefícios, pois tal conhecimento torna-se uma arma de auto-defesa. Sem a humildade trazida pelo Espírito, não conheceremos as Escrituras como devem ser conhecidas.
Obediência. Dizemos que somos servos de Deus, mas muitos cristãos são donos de suas próprias vidas e agem como se fossem os senhores. Há muita gente que pensa que, estando já salva, pode levar a vida espiritual de qualquer jeito. É como um time classificado que jo-ga pelo empate! Se não temos mais a disposição sincera de querer obedecer o que Deus ordena, ainda que soframos prejuízo com isso, não estamos agindo como cristãos. Quem não pretende mais obedecer a Deus está “jogando sujo” na vida espiritual e tem pecados ocultos em sua vida.
Mundanismo. Milhares de cristãos gastam mais tempo vendo televisão, passeando e diver-tindo-se do que usando o seu tempo com coisas que edificam. Na verdade, o mundanismo não está apenas nas novelas e nos programas imorais ou nas danceterias e barzinhos. Se nosso coração não ama mais a Deus, transformamos a vida cristã e da igreja em “mundo”. Nossas orações serão frias e demonstrarão palavras para os outros, nosso trabalho na igreja será apenas uma posição de honra perante os outros; tudo o que fizermos será baseado na concupiscência da carne, dos olhos e na soberba da vida. Ser mundano é não ver as coisas conforme Deus, tendo apenas essa vida como horizonte de nossos interesses. Deus nos dê cristãos que tenham a visão do Pai.
Disposição para o auto-sacrifício. Quem quiser ganhar a vida irá perdê-la, mas quem perde a vida por amor a Jesus vai achá-la novamente. (Mt 16.24,25). A fé cristã proclama a graça de Deus, que se entregou por amor em nosso favor. Nada é mais comovente. Se o poder do Espírito age em nós, devemos desenvolver a mesma disposição. Cada cristão deve fazer o seu “plano de morte”. Como gastarei minha vida de modo útil, em favor daqueles que Deus tanto ama. É claro que isso é muito difícil e que fere nosso egoísmo. Vivemos em dias quando o interesse pelo que é passageiro e fútil domina a sociedade. Mas, só faremos diferença na sociedade se estivermos dispostos a perder em favor dos outros. Sejamos imitadores de Cristo.
Evangelização e Missões. Muitas igrejas de hoje tornaram-se refúgio para os cristãos não se envolverem com os maus desse mundo. Todavia a igreja não existe para si, nem para dar conforto aos cristãos, com um “ambiente saudável”. A igreja deve cumprir seu papel de proclamar a mensagem de salvação. Toda igreja “avivada” está preocupada com o cres-cimento do reino de Deus. Sempre que o salmista tinha uma grande experiência com Deus, que o levava conhecer mais profundamente a Deus, logo começava a convidar a todos a louvar e a conhecer a Deus. Quem está espiritualmente saudável deseja compartilhar sobre Deus e sua graça com os outros. Deus nos dê um coração cheio de amor pelos perdidos.
Luiz Sayão