NOMES DE JESUS: LEÃO DA TRIBO DE JUDÁ
Apocalipse 5.1-5
2003
O leão é um dos animais mais emblemáticos das selvas, especialmente por sua força. Por isto, é conhecido como o rei das florestas. Ele pode chegar a 2,5 metros de cumprimento e pesar 250 quilos.
O som do seu rugido é um dos mais fortes do reino animal. Talvez por isto e pela sua capacidade de comer até 30 quilos de carne de uma só vez, o apóstolo Pedro o tenha usado para representar a ameaça que o diabo representa para os cristãos: “Sede sóbrios, vigiai. O vosso adversário, o Diabo, anda em derredor, rugindo como leão, e procurando a quem possa tragar” (1Pedro 5.8).
Havia muitos leões na antiga Palestina. Que o digam Sansão e Davi, por exemplo. A prova disso é que a tribo de Judá o tinha como símbolo. A própria tribo é representada por um leão, já a partir da bênção de Jacó: “Judá é um leãozinho. Subiste da presa, meu filho. Ele se encurva e se deita como um leão, e como uma leoa; quem o despertará?” (Gênesis 49.9).
Consta que, quando o exército de Israel marchava, três grupos de quatro tribos se formavam. No centro e à frente, iam os militares da tribo de Judá, carregando o estandarte com um desenho de leão.
Davi, o grande rei, era de Judá. Jesus, seu descendente, era de Judá (Isaías 11.1) e, logo, o maior de todos os judeus. Quando o último livro da Bíblia quis representar o poder que foi conferido a Cristo no céu, retomou a figura do “Leão da tribo de Judá”
Desta fusão de imagens, podemos derivar dois papéis que Jesus desempenha em nossas vidas.
O primeiro está ligado à história de Israel. O segundo está associado à história do futuro.
O LEÃO DA TRIBO DE JUDÁ É JESUS CAMINHANDO À NOSSA FRENTE
Sabemos, por experiência própria, como é feita a nossa vida: de muitas lutas, pequenas ou grandes, mas lutas. Esta é a condição humana. Desde o pecado original, a realidade humana é esta: de muitas lutas.
O homem deixou Deus, ao sair do jardim por causa do pecado, mas Deus não deixou o homem; o homem só luta sozinho se quiser. Se convidar a Deus para lutar com ele, Deus batalhará com ele.
Quando chamou Abraão para dar início a seu projeto de salvação do mundo, Deus lhe disse: “Estou com você e cuidarei de você, aonde quer que vá; e eu o trarei de volta a esta terra. Não o deixarei enquanto não fizer o que lhe prometi” (Gênesis 28.15). Seus filhos, netos e bisnetos também puderam experimentar que Deus estava com eles em suas lutas.
Quase cinco séculos depois, ele chamou Moisés para continuar o projeto iniciado por Abraão. Quando o povo estava a caminho da liberdade, viu-se diante do mar e acuado pelo exército do Faraó do Egito. Pânico. Oração. Pânico. Reclamação. Moisés, então, gritou:
— O Senhor lutará por vocês; tão-somente acalmem-se”.
Deus imediatamente enviou o seu amém: “Diga aos israelitas que sigam avante” (Êxodo 14.14-15).
Quando comissionou Josué na liderança do povo de Israel, Deus lhe disse: “Ninguém conseguirá resistir a você todos os dias da sua vida. Assim como estive com Moisés, estarei com você; nunca o deixarei, nunca o abandonarei” (Josué 1.5). E Josué experimentou a verdade desta promessa pouco depois. Ele estava “perto de Jericó, olhou para cima e viu um homem em pé, empunhando uma espada. Aproximou-se dele e perguntou-lhe:
— Você é por nós, ou por nossos inimigos?
— Nem uma coisa nem outra — respondeu ele. — Venho na qualidade de comandante do exército do Senhor.
Então Josué prostrou-se, rosto em terra, em sinal de respeito, e lhe perguntou:
— Que mensagem o meu senhor tem para o seu servo?
O comandante do exército do Senhor respondeu:
— Tire as sandálias dos pés, pois o lugar em que você está é santo.
E Josué as tirou” (Josué 5.13-15)
Depois de Josué, vieram outros líderes a conduzir o povo, até resplandecer soberana a luz de Jesus. Ele conduziu seus discípulos, fazendo que um deles chegasse a caminhar sobre as águas. Ele encerrou seu ministério, mas não deixou órfãos os seus discípulos, porque lhes deu o Conselheiro, isto é, o Espírito Santo, para estar com eles e neles, conosco e em nós (João 14.16-18).
Os apóstolos de Jesus sentiram de perto a profundidade desta verdade. Um deles, Paulo, estava num tribunal, prestes a ser condenado, “mas o Senhor permaneceu ao meu lado e me deu forças, para que por mim a mensagem fosse plenamente proclamada e todos os gentios a ouvissem. E eu fui libertado da boca do leão. O Senhor me livrará de toda obra maligna e me levará a salvo para o seu Reino celestial. A ele seja a glória para todo o sempre. Amém” (2Timóteo 4.17-18).
Deus é um Deus que vai adiante, protege, livra, defende e fortalece os que o amam. Por isto, o livro do Apocalipse chama o seu Filho Jesus, Seu parceiro na ação de acompanhar, proteger, livrar, defender e fortalecer, de Leão da tribo de Judá.
Ainda hoje é um leão para nós (Oséias 13.7).
O LEÃO DA TRIBO DE JUDÁ É JESUS REVELANDO O SENTIDO DA HISTÓRIA
Além de força para viver, todos precisamos de respostas para nossas perguntas. Nós não conseguimos viver sem respostas para as nossas perguntas. Não adianta nos virem repetir que “as coisas encobertas pertencem ao Senhor, o nosso Deus, mas as reveladas pertencem a nós e aos nossos filhos para sempre” (Deuteronômio 29.29), porque precisamos que as coisas façam sentido.
Uns, diante da dor e da tragédia pessoal ou de outrem, queremos que o sofrimento, nosso e dos outros, diminua e faça sentido.
Uns, quando lemos o Antigo Testamento, queremos compreender a participação de Deus na morte de povos inteiros, inclusive crianças.
Uns queremos entender porque, apesar do amor de Deus, os homens ainda se odeiam, ainda se corrompam, como se o pecado fosse mais forte que o próprio Deus.
Uns, diante de controvérsias tantas, queremos saber como podemos ser servos de Jesus e livres ao mesmo tempo.
Uns, munidos de humildade, queremos saber porque uns aceitam a Jesus como Salvador e outros continuam a recusar este presente, como se alguns estivessem de antemão condenados.
Uns, lembrando-se de amigos do passado, queremos saber o que será feito daqueles que se afastaram de Deus, depois o terem servido.
Uns, plenos de misericórdia, queremos ter certeza acerca do destino daqueles que nunca tiveram a oportunidade de ouvir seriamente o convite salvador de Jesus Cristo.
Uns, cheios de indignação, queremos saber o que Deus fará com aqueles que usaram o seu Evangelho para enganar e enriquecer a si mesmos.
Uns, num rasgo de reflexão, queremos saber o que acontece conosco depois que morremos, se há um estado anterior ao céu na presença de Jesus.
Uns, diante de tanta falta de compromisso por parte dos cristãos, queremos saber se Deus concederá no céu prêmios especiais, além da própria vida eterna, àqueles que lhe foram fiéis aqui na terra.
Uns, leitores da Bíblia, querem ser esclarecidos acerca do sentido de algumas passagens que não conseguiram entender.
Devemos continuar pesquisando. Talvez encontremos respostas que nos satisfaçam, mas posso garantir que na boca de cada resposta está posta outra pergunta, porque esta é a nossa natureza.
Por isto, precisamos cuidar para que as coisas que não sabemos nos impeçam de desfrutar as que sabemos. Nós sabemos o suficiente sobre Jesus. Sabemos que Ele é o Leão de Tribo de Judá que adiante de nós lutando as nossas lutas. Por que, então, insistir em lutar sozinhos? Sabemos que Ele nos perdoa de todos os pecados. Por que, então, não convidá-lo a perdoar os nossos? Temos ouvido o Seu convite para deixar sobre ele as nossas cargas. Por que, então, insistir em sucumbir diante do peso da vida?
Por isto, precisamos ter a humildade de saber que nunca saberemos. Jesus sabe todas as coisas. O autor do Apocalipse pensa a vida como um grande livro. Este livro está hoje fechado e selado. Pode ver seu tamanho, a cor da sua capa, seu código de barras, seu preço, mas não podemos abri-lo.
Sabemos que o sentido pleno da vida é Jesus Cristo, mas, mesmo os que o recebemos como Senhor e Salvador, não podemos fruí-lO plenamente, só como um enigma, ainda de forma sombreada, por causa da nossa natureza pecadora.
Virá o dia, no entanto, o Grande Dia do Senhor, em que o livro será aberto. Todas as nossas perguntas serão respondidas. Tudo fará sentido. O livro será aberto por Aquele que detém o conhecimento de todas as coisas, porque todas as coisas foram feitas por intermédio dEle. O livro será aberto por Aquele que vai adiante da história, conduzindo, em meio a lutas e tensões, a história até o seu apogeu. É por isto que o Apocalipse chama a este que vai abrir o livro da história, que Ele conduziu, de Leão de Tribo de Judá.