Ainda me lembro como se hoje fosse.
Mudando-me para outra cidade, busquei uma igreja. Na primeira que visitei, fiquei.
Uma moça, morena, altamente sorridente, recebeu-me à porta. Disse que eu era muito bem-vindo e apertou a minha mão.
Entrei e voltei pelos próximos domingos, meses e anos.
Aquela forma de me receber está até hoje associado à minha imagem (positiva) do que é uma igreja.
Minha memória tem outros registros, agradáveis e desagradáveis, mas nenhum supera aquele.
Tantas vezes, anos tantos depois, converso com alguém. Então, ele me diz que na primeira vez que veio à igreja e me cumprimentou à porta, eu lhe disse algumas palavras e ele recorda literalmente essas palavras. Com isto, está dizendo que o modo como o recebi lhe foi importante.
Quando entrevistei um irmão candidato ao batismo, ele me disse que o que mais lhe tocou foi o sorriso de um casal de idosos no banco próximo ao seu. Nunca trocaram uma palavra e nem precisava. O modo que o casal (sempre) sorria cativou o casal que chegava à igreja e o casal ficou entre.
Esses três exemplos (e certamente você terá outros, positivos como estes ou infelizmente negativos em sua experiência) mostram que para essas pessoas as pessoas importam.
Quando à entrada, à saída ou no interior do templo, encontramos uma pessoa, conhecida ou desconhecida, não sabemos o que lhe vai na alma. Deus pode fazer diferença em sua vida através de nós. A nossa palavra pode ser ser palavra de Deus. O nosso silêncio pode ser o silêncio de Deus. O nosso afeto pode ser o afeto de Deus. A nossa indiferença pode ser a indiferença de Deus.
O que eu disse aqui sobre encontros na igreja se multiplica por encontros em nosso prédio, em nossa escola, em nosso trabalho, no pequeno grupo e em lugares de passeio. A necessidade de afeto por parte das pessoas não tem lugar para se manifestar. E Deus as acolhe.
Como Deus acolherá, se nós não acolhermos?
Acolher é também pregar.
ISRAEL BELO DE AZEVEDO