A JUSTIÇA DE DEUS (Felipe Fanuel)

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Mateus 21.23-32

A mensagem que aqui se prega não diz respeito a apenas o dia de hoje, só porque o seu assunto está em evidência hoje. Mas é uma mensagem que interessa a todos os dias, não só a este.

Política não é assunto só para dia de eleição. Política é assunto para todos os dias. Política é assunto dos nossos dias. Política foi assunto nos tempos de Jesus.

Jesus foi questionado sobre sua capacidade política. Jesus foi questionado sobre a origem de sua autoridade. Jesus foi questionado e respondeu questionando. Quer dizer, Jesus respondeu tão politicamente quanto aqueles que questionaram sua autoridade.

Jesus devolveu as duas perguntas que recebeu com duas outras perguntas. Ele trouxe à memória João Batista. E por quê? Porque João Batista foi perseguido politicamente. Quem o perseguia? Herodes. Quem era Herodes? Era um tetrarca? Que é isso? É um governador de uma tetrarquia, que era uma das quatro partes que compunham o Estado. Ele liderava a Galiléia.

Quem matou João Batista? Herodes. Mt 14,3-12 conta o triste fim de João Batista. Ele foi preso e depois degolado por  ordem de Herodes, um político injusto.

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Por que João Batista foi injustiçado por Herodes? Porque João Batista falou a verdade. Pessoas que falam a verdade são perseguidas. E morrem injustamente. João Batista foi vítima de injustiça, porque viveu a justiça de Deus.

Jesus traz à memória João Batista porque o sangue de João Batista é símbolo de um homem comprometido com a justiça divina. Suas palavras foram a seguintes: “Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois que não produz fruto, é cortada e lançada no fogo”. (Mt 3,10)

João é aquele que prepara o caminho de Jesus. João coloca o machado à raiz de toda a árvore. Jesus é aquele que cortará com o machado de João, que é a justiça de Deus, e lançará no fogo toda a árvore que não der fruto.

 

1. A autoridade da justiça de Deus (vv. 23-27)

A autoridade é de João Batista? A autoridade é de Jesus? Estas são as perguntas que aqueles sacerdotes e anciãos fizeram para Jesus. Eles estavam querendo saber onde estava a autoridade política de Jesus. O mais importante não era a pessoa de João Batista. O mais importante não era a pessoa de Jesus. O mais importante, para aqueles homens, era a autoridade. E é aí que Jesus vai mostrar que sua política não está centrada na autoridade, mas na justiça. A justiça de Deus.

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Observem que os sacerdotes não tiveram resposta para as perguntas de Jesus. Ficaram sem saída. (Ler vv. 26-27)

Ora, a cabeça daqueles homens tinha um raciocínio político de interesses. Eles queriam saber onde ganhariam e onde perderiam. Era um jogo de interesses. Eles não temiam questionar os outros, mas temiam ser questionados em suas atitudes. Isso não nos lembra muitos políticos hoje? Falam mal tanto um do outro, mas não aceitam que falem mal deles. Agem igualzinho a estes homens aqui da Bíblia. São interesseiros.

Esses homens aqui não são sacerdotes e anciãos apenas. Eles não estão apenas comprometidos em ser aquilo para o qual foram designados a servirem. Eles são um pouco mais. Eles são sacerdotes e anciãos “do povo”. Esta expressão “do povo” é o problema político que tínhamos no tempo de Jesus e, infelizmente, ainda temos no nosso tempo.

O sujeito não se satisfaz em ser médico. Ele tem que ser o médico “do povo”. O sujeito não está feliz em ser pastor. Ele tem que ser o pastor “do povo”. O sujeito não quer ser só policial. Ele tem que ser o policial “do povo”. O sujeito não se contenta em ser advogado. Ele tem que ser advogado “do povo”. E em nome “do povo” a política vai sendo construída por um jogo sujo de interesses. Elege-se um sujeito não para governar em prol de todos, mas de um “povo”.

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Se ele é evangélico, esse povo é o tal “povo de Deus”. Se ele é do bairro tal, esse povo é o “povo do bairro tal”. Se ele é da comunidade tal, esse povo é o “povo da comunidade tal”.

Tudo se resume a uma questão de interesses. Aí o sujeito que vai lá votar hoje pensa: “Eu também tenho o meu interesse!” E ele vota no cara só porque ganhou um emprego. E ele vota no cara só porque ganhou uma cesta básica. E ele vota no cara só porque é parente de um conhecido.

E Jesus está dizendo hoje a mesma coisa que disse para aqueles sacerdotes e anciãos “do povo”: “Eu não vos digo com que autoridade faço estas coisas.”

Homens interesseiros não entendem que a autoridade de Jesus e de João é a autoridade da justiça de Deus. O v. 32 diz que João Batista veio no “caminho da justiça”. Ele não ficava querendo agradar ninguém, dizendo o que “o povo” queria ouvir. Pelo contrário, ele disse palavras duras. E assim ele viveu no caminho da  justiça. E ensinou a justiça para as pessoas.

Você pode estar se perguntando: “O que é justiça?” João Batista vai responder em Lc 3,10-14. Vamos ler!

A justiça de João Batista é a mesma justiça de hoje. Tão simples que uma criança entende muito bem. Quem tem duas roupas, dê uma a quem não tem. Quem tem alimentos, reparta com que não tem. É um caminho, significa viver sempre isso.

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Quem prejudica a alguém, cobrando-lhe o que não é devido, como os publicanos faziam na época, pare de fazê-lo. Quem quer ganhar além do necessário, extorquindo as pessoas, como faziam os soldados, deve aprender a se contentar com seu salário. Viva a justiça. Siga este caminho.

A justiça de Deus é simples. Fazer com o outro aquilo que você quer que seja feito consigo. Você gostaria de ficar sem roupa para se vestir? Você gostaria de ficar sem alimento para comer? Você gostaria que as pessoas lhe passassem a perna? Você gostaria que lhe roubassem?

Então, Jesus lhe ensina como funciona a justiça de Deus. Faça com o outro aquilo que você quer que o outro faça para você. Isso está na Bíblia. Isso está em Mateus. E quem disse isso foi Jesus. Abra lá em Mt 7,12!

Essa é a justiça de Deus. É aqui que está a autoridade, aqui está a política de Deus. E os políticos estão longe de entender que a política de Deus é fazer para o outro tudo o que quer que seja feito para si. Muitos destes que se dizem em nome “do povo” só querem usar o povo para fazer bem a eles mesmos. E aí não se contentam em eleger apenas eles. Mas querem eleger a mulher, a filha, o filho, o cachorro… E tem gente que vota hein!

Esse pessoal está longe da justiça de Deus.

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2. A justiça nem sempre é feita por quem diz sim (vv. 28-31)

E é interessante que a justiça nem sempre é feita por quem deveria fazer justiça. E aí que está o problema. Porque eu já recebi pedido para votar no sujeito só porque o sujeito é evangélico. Quer dizer, o sujeito não se satisfaz em ser político, ele tem que ser político “evangélico”, ou melhor, político “do povo”. São, como diria João Batista, “raça de víboras”.

Sabe o que é uma víbora? É uma serpente. Seu tamanho é pequeno, de apenas 80 cm, mas elas possuem um veneno fatal. Pessoas que não se contentam em ser apenas pessoas, mas pessoas “do povo” podem parecer inofensivas, porém são perigosas. E é esse tipo de gente que produz injustiça, corrupção e atraso para o nosso país.

Espero que você não vote em alguém assim hoje. Alguém que pediu seu voto só por causa de alguma coisa que lhe deu, algum favor. Ou alguém que se diz alguém mais alguma coisa. Não faça mais mal para a nossa sofrida cidade, o nosso sofrido Brasil. Chega de víboras! São pequenas, mas são venenosas.

“Ah, é só um votinho só num candidato a vereador, a prefeito!” Cuidado! Parece pequeno, mas é venenoso. Não caia nessa armadilha. Isso não contribui para a justiça de Deus.

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Sabe por que estou dando esta palavra de exortação? Porque Jesus já nos lembrava que quem deveria ser justo nem sempre é justo.

Na parábola dos dois filhos, o que aconteceu? Um disse “sim”, mas não foi. O outro disse “não”, mas, depois, se arrependeu e foi.

 

3. O caminho da justiça é o arrependimento (v. 32)

Ou seja, o caminho da justiça é o arrependimento. Por isso, no reino de Deus há lugar para todas as pessoas. Ninguém é discriminado. Jesus citou duas categorias de pessoas que naquela época estavam entre os piores tipos de gente: publicanos e meretrizes. E Jesus disse que estas pessoas estavam na frente daqueles sacerdotes e anciãos “do povo”.

Por que isso? Porque Deus não vê com os olhos humanos. Aquelas pessoas que se arrependerem de suas atitudes injustas e passarem a ter uma vida de justiça serão as primeiras a entrarem no reino de Deus.

Muitos publicanos e prostitutas vivem o reino de Deus. É isso que Jesus está falando. E eles vivem o reino de Deus melhor do que vocês. E por que? Porque eles deram crédito à mensagem de João Batista. E qual era a mensagem de João Batista? Uma mensagem de arrependimento.

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E o arrependimento é o caminho da justiça. Por que? Porque pecar é cometer injustiça a alguém, é cometer um mal a uma outra pessoa. E João Batista pregava o arrependimento dos pecados por causa da proximidade do reino de Deus. O reino de Deus é a instalação de um reino de justiça, onde o interesse não  domina as relações humanas.

Quero lhe dizer uma coisa. Se João Batista estivesse aqui hoje, ele olharia para você que vota no candidato por interesse e diria: “Raça de víboras”. Ele não iria separar você daqueles políticos salafrários. Você é cria deles. Porque votar neles é contribuir para a injustiça e quem comete injustiça está pecando.

É tempo de arrependimento. O reino de Deus está vindo. A justiça será instalada quando houver arrependimento.

 

Para terminar…

FELIPE FANUEL 

E a minha pergunta é: Você já se arrependeu? O que hoje na sua vida revela um comprometimento com a justiça de Deus? Você está num caminho de justiça? Ou você contribui para que haja mais raças de víboras na política brasileira? Com que responsabilidade ética você vai votar hoje? Você está certo de que seu voto contribuirá para a justiça? Ou ele vai perpetuar a injustiça, a corrupção e a eleição de candidatos ditos “do povo”, mas que estão apenas interessados em seus próprios assuntos?