Êxodo 3: DEUS É AQUELE QUE VÊ A NOSSA AFLIÇÃO

DEUS É. AQUELE QUE VÊ A NOSSA AFLIÇÃO
(Êxodo 3)

1. INTRODUÇÃO
A EXPERIÊNCIA DA AFLIÇÃO
Nossa aflição é longa como um túnel, porque, quando mergulhados nele, só conseguimos ver as trevas. Por isto, nossa aflição tem o poder de um gás paralisante.
O autor bíblico se refere ao Egito onde o povo estava como “aquela terra” (v. 8). Na mente dos hebreus tornados escravos seu túnel era o deserto. O deserto os paralisava. Também conosco o deserto (as experiências duras da vida) pode nos paralisar e asfixiar como se o presente fosse eterno. O presente não é eterno, é bom que não nos esqueçamos.

2. A FORÇA DA ESPERANÇA
Deus vê, ouve e conhece a nossa aflição (v. 3). Há uma gradação positiva, que depende de nossas atitudes diante da aflição.
De uma perspectiva, devemos aceitar o que deve ser aceito, como a morte de uma pessoa querida. De outra, devemos rejeitar o que pode ser diferente. O fatalismo (do tipo “foi Deus quem quis assim”) não é bíblico. Deus só quer o nosso bem.
Para que tenhamos uma atitude adequada diante das aflições, precisamos nos lembrar que Deus vê, ouve e conhece as nossas aflições.
Deus vê porque é onipresente. Ele conhece a nossa condição.
Deus ouve porque presta atenção em nós. Por isto, ele escuta o nosso clamor.
Deus conhece porque tem interesse por nós. É do seu caráter cuidar da obra que criou.

3. A ATITUDE ADEQUADA
Nossa atitude diante da aflição e para com Ele, na hora tranqüila e no tempo da agonia, é fundamental para percebermos esse carinho para conosco. Precisamos nos dispor a algumas atitudes.

3.1. Precisamos olhar para Deus
Moisés temeu olhar para Deus (v. 6). Como nos é difícil olhar para Ele, quando são muitas as aflições. Geralmente, nessas circunstâncias temos atitudes inadequadas. Quando olhamos para os problemas, eles são maiores que nós e mesmo maiores que Deus. Quando olhamos para Deus, os problemas são menores que Deus e menores que nós.
Às vezes, não olhamos para Deus porque, embora não o admitamos claramente, achamos que Ele é culpado por aquilo que passamos. “Por que Ele não me livrou, se conhece a minha dor” — perguntamos.
Às vezes, não olhamos para Deus porque sentimos o peso de nossa própria culpa. Moisés se sentia pequeno demais diante de um Senhor grande demais. Moisés não tinha a perspectiva que nós temos. Ele conhecia a glória de Deus, mas não conheceu a Sua graça, que Cristo revelou plenamente. Graças ao Filho, nós agora podemos olhar para o Pai.
Este olhar é um olhar de fé, de quem acredita que o socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra (Sl 121.2).

3.2. Precisamos clamar a Deus
O capítulo 2 deixa bem claro que o povo clamou ao Senhor (Gn 2.23-25). O povo clamou e Deus ouviu, como acontece em inúmeras outras circunstâncias na Bíblia (como, por exemplo, no salmo 6.9).
Se queremos que Deus nos escute, precisamos clamar. Nossa esperança em Deus não pode ser um grito calado na garganta. Embora veja a nossa carência, o diálogo faz parte do processo de Deus para conosco. Precisamos falar a Deus, não para lhe dar ordens, mas para externar claramente os nossos sentimentos.

4. A ATITUDE DE DEUS
Ao olhar para nós, Deus renova as suas promessas para conosco. Ao conclamar Moisés, Deus lhe garantiu que ele e seu povo ainda O adorariam naquele monte (v. 12). Não foi uma vaga promessa de adoração, mas uma promessa concreta, porque até o lugar (aquela terra santa) onde esse culto seria foi indicado.
Além de nos renovar a promessa, Deus nos livra de nossas aflições. O v. 8 mostra que Deus não só livraria o povo da aflição, mas livraria o povo para uma nova realidade (terra onde manariam leite e mel). Deus não só libertaria o povo de um presente ruim, mas lhe daria um futuro radicalmente diferente.
Ele nos renova a promessa e nos livra, porque conhece os nossos limites e as nossas limitações. Como nos formou, Ele sabe que nossa estrutura é pó (Sl 103.14). Ele sabe que só ficamos em pé pelo esqueleto de sua graça.
Deus também conhece o poder do mal e nos recorda sempre que Seu poder é maior do que o mal, já que tem “mão forte” (v. 19). Ele sabia que o Faraó não deixaria o povo sair (v. 21), a menos que fosse obrigado.
Deus quer o nosso bem. Ele não descansa enquanto não nos vê realizados no bem. Ele não permite que saiamos de mãos vazias (v. 21) de nossas aflições. Aquele que guarda Israel não cochila enquanto sofremos; antes, está atento para nos fazer triunfar. Como aprendemos na oração de Salomão (1Re 8.37-40), “houver na terra fome ou peste, se houver crestamento ou ferrugem, gafanhotos ou lagarta; se o seu inimigo os cercar na terra das suas cidades; seja qual for a praga ou doença que houver; toda oração, toda súplica que qualquer homem ou todo o teu povo Israel fizer, conhecendo cada um a chaga do seu coração, e estendendo as suas mãos para esta casa, [Deus] ouve então do céu, lugar da tua habitação, perdoa, e age, retribuindo a cada um conforme todos os seus caminhos, segundo vires o seu coração (pois tu, só tu conheces o coração de todos os filhos dos homens); para que te temam todos os dias que viverem na terra que deste a nossos pais”.

5. CONCLUSÃO
Como Deus vê, cabe-nos reconhecer nosso estado aflito.
Como Deus nos ouve, cabe-nos rogar a Deus para vir em nosso socorro.
Como Deus nos conhece, cabe-nos dispormo-nos a fazer o que Deus orienta; cabe-nos dispormo-nos a um relacionamento com Ele, não apenas na hora da aflição; cabe-nos dispormo-nos a ajudar pessoas e a aceitar a ajuda de pessoas, porque Deus age por intermédio de pessoas. Foi por isso que chamou Moisés (v. 10).