Habacuque encerra o seu livro com um hino de louvor. O profeta exalta a Deus como guerreiro invencível. Toda a criação e todas as nações (não apenas os babilônios) estão sujeitos a Deus (3.3-15). Apesar de temer a invasão iminente (3.16-17), Habacuque encerra sua profecia com uma pregação positiva: "todavia, eu me alegro no Senhor" (3.18).
O AUTOR
Assim como temos raríssimas informações a respeito de Naum, nada se sabe a respeito do profeta Habacuque, a não ser pela menção do seu nome que aparece no livro (1.1; 3.1), e suas qualidades pessoais que podem ser discernidas em seus escritos. Habacuque, diferentemente de Naum, não é mencionado em nenhum outro livro da Bíblia. Seu nome pode significar "abraçado", mas pode também se derivar do nome de uma planta. Tudo o que se pode deduzir é que tenha sido um profeta que falou a Judá e talvez tenha sido um dos cantores do templo (3.19), mas isso é mera especulação.
CONTEXTO HISTÓRICO
Contemporâneo de Jeremias, o profeta-filósofo, sentia-se perturbado acerca da intensa impiedade de Judá. Sua preocupação mais aparente é com a relutância de Deus em julgar, do que propriamente, com a falta de arrependimento do povo. Nenhuma data os é fornecida para as suas profecias, embora seja possível atribuir uma data aos eventos referidos. Ambientado algum tempo antes de a Babilônia assumir o controle de Israel em 605 a.C, o livro antecipa a queda de Jerusalém em 587 a.C e a derrota da Babilônia em 539 a.C. Carl Edwin Armerding diz que o livro reflete: "As lutas espirituais de Habacuque durante um longo período de tempo, possivelmente começando já em 626 e estendendo-se até 590 a.C ou mesmo depois"
SUA MENSAGEM
Qualquer que seja o padrão usado para avaliar, a profecia de Habacuque é singular. Ela tem claramente a forma de uma encenação teatral, diferentemente de qualquer outro livro profético. Adepto da justiça social, o profeta inicia o seu livro com um grande questionamento: "Até quando, Senhor, clamarei por socorro, sem que tu ouças? Até quando gritarei: violência! E não salvarás?" (Habacuque 1.2). Ele reclama dos perversos enquanto Deus se mantem calado. Sua profecia se divide em duas seções: um primeiro diálogo com Deus (cap. 1 e 2) e um hino de louvor (cap.3). No seu diálogo inicial, ele se refere à lentidão de Deus em punir os perversos em meio ao povo escolhido (1.2-4). Estaria Deus indiferente ao erro? No seu hino de louvor, temos um dos mais lindos textos da Bíblia, onde no final do seu livro, por considerar Deus justo, ao contrário da visão inicial, ele o louva por sua provisão sabendo que podia confiar nele (3.17-18).
ESBOÇO DO LIVRO
1.1 Título
1.2 – 2.20 Diálogo com Deus
1.2 – 4 Problema: Por que os perversos não são punidos?
1.5 – 11 Resposta: Aproxima-se o juízo do perverso
1.12 – 17 Problema: O remédio não é pior que a doença?
2.1 Esperando uma resposta
2.2 – 20 Resposta:Aproxima-se o juízo do perverso
3.1 – 19 Salmo de petição e louvor
3.1,2 Solicitação de contínua presença ativa de Deus
3.3 – 15 A mão de Deus na história
3.16 – 19 Tremendo, porém confiante
O TEXTO MAIS DIFÍCIL
Impressiona-me a ousadia de Habacuque ao questionar Deus no início da sua profecia: "Teus olhos são tão puros que não suportam ver o mal; não podes tolerar a maldade. Então, por que toleras os perversos? Por que ficas calado enquanto os ímpios devoram os que são mais justos do que eles? (Habacuque 2.13). O nosso conceito de justiça é diferente do conceito de Deus. Aos nossos olhos achamos que Deus precisa agir no nosso tempo. Quando isto não acontece, achamos que Deus está indiferente ao nosso clamor. Para Habacuque Deus estava sendo complacente com a injustiça: "…Por que me fazes ver a injustiça e contemplar a maldade?" (Habacuque 1.3). É muito difícil para nós compreendermos o tempo de Deus. O mais sábio é aguardar sua resposta: "Ficarei no meu posto de sentinela e tomarei posição sobre a muralha; aguardarei para ver o que o Senhor me dirá e que resposta terei à minha queixa" (Habacuque 2.1).
O TEXTO QUE MAIS TOCOU O MEU CORAÇÃO
Se no início do seu livro Habacuque cobra de Deus um posicionamento, agora ele chega à conclusão de que vale a pena confiar no Senhor: "Portanto, ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide, o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas: Todavia eu me alegrarei no Senhor: exultarei no Deus da minha salvação" (Habacuque 3.17-18). Confiança é entrega. É saber que apesar das circunstâncias Deus proverá. Uma outra grande lição que nos deixa o profeta de Deus, é que precisamos aprender a nos alegrar em meio às tribulações. Uma grande dificuldade do ser humano é saber conviver com as adversidades. É um desafio à nossa fé.
JOSÉ MAURICIO CUNHA DO AMARAL