Geralmente as pressões diárias “tiram” a nossa paciência, ou melhor, nos deixam sem paciência. Muitas vezes dizemos que precisamos ter paciência, chegamos até a orar pedindo para Deus nos dar paciência. Sabemos que é preciso exercitar, e muito, para chegarmos a esse ponto. E esse exercício somente pode ser feito a partir das tribulações, ou das pressões que enfrentamos no nosso dia-a-dia. É vencendo essas pressões (tribulações, provações) que passamos a exercitar a paciência. “Feliz é o homem que persevera na provação.” (Tiago 1.12). Apesar de pensarmos que a paciência é adquirida por meio de exercícios, a Bíblia nos diz que a ela faz parte do fruto do Espírito Santo que habita em nós (Gálatas 5.22).
Então para termos verdadeiramente paciência, precisamos deixar o Espírito de Deus reinar em nossas vidas. Deixar o Espírito agir, quer dizer que devemos praticar o que a Palavra de Deus ensina. Para isso é preciso conhecê-la. O salmista diz assim: “Escondi a Tua Palavra no meu coração para eu não pecar contra Ti”, e também: “Lâmpada para os meus pés é a Tua Palavra e luz para o meu caminho.” (Salmo 119.10 e 105). Podemos então concluir que a Palavra nos dá direção, nos mostra o que fazer.
Só mesmo passando por situações em que podemos colocar isso em prática é que poderemos mensurar como está nosso grau de paciência. Paciência também tem ligação direta com tolerância. Aceitar as pessoas, suas ações e reações. Pelo menos procurar entender o que se passa com elas. Quase sempre tiramos conclusões precipitadas daquilo que ocorre conosco ou ao nosso redor. A ocorrência de diversas situações nos permitirá medir a nossa paciência e também a das pessoas que nos cercam.
Tenho vivido uma experiência onde o exercício da paciência é “cobrado” a cada minuto. Resolvemos fazer a reforma do nosso apartamento, para o deixarmos do “nosso jeito”. Um trabalho que era para durar 3 semanas, passou para 6 semanas e já dura mais de 2 meses (quando escrevo esse texto ainda não está concluído). O que acontece no dia-a-dia é impressionante: descontroles, falta de planejamento, substituição de profissionais, faltas sem justificativas, falta de material, material solicitado em excesso, solicitação de material errado, falta de discernimento dos profissionais. É claro que eles também acertam, mas o volume de erros tem levado a atrasos, retrabalhos e ao consumo de mais recursos.
Bom, até aqui citei aquilo que pode me deixar impaciente por não estarmos chegando à conclusão da reforma. Mas existem outros impactos negativos. Para citar apenas mais um, pensem na pessoa que mora no apartamento abaixo do meu. Há 2 meses ouvindo o barulho do quebra-quebra, com pancadas diárias sobre a sua laje. Se ouvimos o barulho em todo o prédio, imaginem no apartamento dela. Para “fechar com chave de ouro”, meus amigos trabalhadores, ao realizarem o quebra-quebra no meu banheiro, simplesmente deixaram que pedaços de concreto caísse sobre o forro de gesso do banheiro dela. Resultado: destruição do forro de gesso do banheiro da minha vizinha. Graças a Deus não tivemos a ocorrência de acidente com pessoas.
Ao chegar ao apartamento fui informado do ocorrido, e logo pensei: “mais essa para gerenciar, já não basta o barulho que não para!”. Um dos trabalhadores me disse que já havia combinado com a vizinha o conserto do seu teto e que estava tudo certo. Fiquei mais tranqüilo. A seguir precisei ir até a garagem, entrei no elevador e comecei a descer. De repente o elevador parou no andar abaixo do meu, e a minha vizinha, diretamente afetada pela reforma, abriu a porta do elevador. De imediato ela me disse: “é exatamente com o senhor que eu quero conversar”. Saí do elevador pedindo desculpas novamente e fui ver o “estrago” que causamos.
Providenciei a limpeza do banheiro dela e disse que em breve faríamos o reparo do teto. Para minha surpresa, ela estava em paz, não se exaltou, falou mansamente comigo demonstrando entender a situação (e pelo que sei ela ainda não é uma crente). Concluí: paciência nota máxima. Fiquei surpreso e pensei: “se eu estivesse no lugar dela não estaria assim tão tranqüilo, não seria assim tão paciente e tolerante – quando deveria ser”. A partir daquele momento comecei a pensar que muitas vezes eu, que devo demonstrar o fruto do Espírito não o faço, enquanto aqueles que não sabem disso o estão demonstrando sem saber.
A pergunta dessa semana para nossa meditação é a seguinte: estou deixando o Espírito de Deus me guiar? Estou procurando demonstrar o fruto decorrente da ação dele em minha vida? “Deixem-se encher pelo Espírito.” (Efésios 5.18b). Vem Espírito de Deus. Maranata. Boa semana. Deus o abençoe.
Richard José Vasques
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