BOM DIA: Baixando ao hospital

Três casos.
Ele ia se submeter a uma cirurgia muito invasiva. O prognóstico é que a recuperação seria dolorosa e demorada. Então, ele resolveu se preparar. Nas semanas anteriores, reforçou a alimentação e praticou exercícios disciplinadamente.
Ele ia se submeter a uma cirurgia. Não era a primeira. Era a terceira, na verdade, num curto espaço de tempo. Tocou a vida normalmente até véspera e decidiu que tinha uma doença mas não estava doente.
Ele ia se submeter a uma cirurgia. Era a primeira vez. Ele disfarçava e dizia que estava bem. Para os mais íntimos, não escondia seu pavor. Ele ficou prostrado esperando a internação. Parou de trabalhar, como se esperasse a morte. Seu terror fez dele um algoz para as pessoas próximas.
O primeiro teve uma recuperação excepcional. Logo voltou ao trabalho, com vida normal.
O segundo enfrentou a terceira cirurgia e o pós-operatório com muita confiança.
O terceiro oscilou os momentos, alterando alegrias e temores, até muito tempo depois.
Os três mostram que, diante das pedras no meio do caminho, reagimos de modo diferente.
Os dois primeiros nos demonstram o valor de uma atitude positiva, que aceite a realidade e se prepara para ela.

O terceiro evidencia que o sofrimento simbólico é maior que o sofrimento físico, fazendo prolongar a dor.

ISRAEL BELO DE AZEVEDO
(BOM DIA 437)