O tema da felicidade espirra para todos os lados.
De um você ouve que não é para ser buscada, exceto pelos tolos.
De outro você recebe um mapa infalível, que você receberá indo a determinada reunião, participando de uma certa religião, envolvendo-se numa específica ação. (Um dia destes um pregador gritava: "Vou lhe ensinar a ser feliz. Vou lhe ensinar a ganhar dinheiro. Basta que você venha no meu culto.")
Para um, felicidade é ilusão. É miragem. É como a água que uma pessoa sedenta no deserto acredita ter visto.
Para outro, felicidade está sempre a mão. Basta estalar os dedos, que as receitas perfeitas surgem.
Sigamos por outra senda.
Teve razão David Gomes quando trocadilhou que felicidade começa com fé.
E o que vem depois, para quem tem fé?
Para alguns, ter fé é ser feliz. E lhes basta. Não desdenhemos de pessoas assim. Elas são felizes mesmo.
No entanto, alguns de fé têm vidas mergulhadas em perdas sobre perdas, o que faz da felicidade um ideal, por vezes, distante.
Em todos os casos, felicidade precisa ser desfrutada como comunhão com Deus, a Fonte de alegria completa (João 15.11).
Nos casos de perdas sucessivas, a vida precisa ser vista como tendo dois tempos: este, que pode ser objetivamente péssimo e não tem chance de ser mudado, e o próximo, que será necessariamante magnífico. O tempo presente precisa ser compreendido como estando sob o controle de Deus, que fará com que até as coisas ruins cooperem conosco numa vida que ainda assim vale a pena e valerá se a vivermos com confiança.
Em alguns casos, ser feliz começa com crer e prossegue com aprender a viver. Este aprendizado mantém sob o nível das águas a ansiedade, o rancor, a inveja, esses afluentes da comparação. Quem se compara com o outro não é feliz.
Em todos os casos, ser feliz é não se comparar.
ISRAEL BELO DE AZEVEDO