É certo que não escolhemos a família que temos, mas é certo que ela continuará, depois que nos formos. Restarão parentes próximos ou distantes que se lembrarão de nós. A história é a história das famílias. A história do povo hebreu é a história de famílias hebréias. Abraão, Jacó, Moisés, Davi são mais que indivíduos: são comunidades.
É certo que um homem pode ser louvado por suas realizações, mas é certo que ninguém vence sozinho. Se for casado, sua esposa o terá sustentado. Se for solteiro, sua mãe terá se ajoelhado por ele. Se for pai, seu filho terá esperado por ele. Haveria Timóteo, sem Paulo (parente por adoção) e sem Eunice (sua mãe) e sem Loide (sua avó)?
É certo que um filho, depois que se inicia na juventude, poderá seguir sozinho o seu rumo, mas, se for sábio, é certo que fará seu caminho regado pelo carinho e pelo conselho dos seus pais, como Jacó. Se for estúpido, como Absalão, pode ser que não encontre a morte, mas é certo que não encontrará a felicidade.
É certo que, como na parábola contada por Jesus, podemos ser filhos pródigos, que, com as mãos cheias, nos afastamos cercados de amigos que se afastam no tempo da escassez, mas também é certo que continuaremos sendo esperados e que seremos alegremente recebidos quando voltarmos, mesmo que com as mãos completamente vazias.
É certo que, quando falharmos, levados pela sedução, traídos pela mentira, enganados pelo erro, seremos aceitos no retorno, porque nem o adultério, nem o orgulho, nem o vício, nem o desprezo nos podem separar de nossa família. Foi Deus quem a juntou.
Se é assim por que
(pai) não oferecer ao seu filho um elogio explícito?
(filho) não agradecer ao pai o seu esforço?
(marido) não declarar diariamente o seu amor à sua esposa?
(esposa) não afagar a auto-estima do seu marido?
(irmão) não andar de mãos dadas com o seu irmão?
(neto) não se assentar para escutar o avô?
(avô) não cuidar também do seu neto?
Ah, se soubéssemos que as nossas vidas são demasiadamente curtas…
Curtiríamos muitos mais as nossas famílias.
ISRAEL BELO DE AZEVEDO