Educação: uma reinvenção necessária

Uma nação desenvolvida é uma nação com oportunidades boas e iguais para todos os seus cidadãos. Como se alcança este ideal?
Uma família digna deste nome é uma família que propicia condições para o crescimento de cada um dos seus membros? Como se põe em prática este projeto?
Uma igreja merecedora do título de “corpo de Cristo” é uma comunidade em que seus membros buscam a maturidade espiritual, moral e intelectual. Como se dá esta busca?
Uma vida que vale a pena é uma vida que se desenvolve de modo equilibrado e crescente em meio a sonhos e frustrações. Como se obtém este equilíbrio?

RELANCES DE UMA FACE DE VERGONHA
“Educação” — eis a palavra-chave para o desenvolvimento nacional, familial, eclesial e pessoal.
No caso nacional brasileiro, nossa liderança (aristocracia, como preferem chamar alguns) sempre achou (pela prática, embora o discurso seja diferente) que o acesso ao ensino devia ser para poucos, a fim de que seus privilégios permanecessem. A partir dos anos 90 do século 20 começou um esforço pela universalização do ensino fundamental, tanto que 97% das crianças de 7 a 14 anos estão matriculadas nas escolas.
Estamos avançando na quantidade, mas piorando na qualidade. Uma avaliação de caráter nacional (Saeb, 2003) mostrou que a qualidade do ensino piorou. Numa avaliação de amplitude mundial, com 40 países, o desempenho dos nossos alunos ficou em último lugar na aprendizagem de matemática e 37º na de português. Ainda temos 13,6% de analfabetos (14,6 milhões de pessoas!) no país. Dos considerados alfabetizados, 26% (32,1 milhões!!) são analfabetos funcionais, que são aqueles que têm menos de quatro anos de estudos completos. Somando tudo isto, temos 39,6% (40,6 milhões de brasileiros!!!) que não lêem porque não sabem.
A escolaridade média brasileira é muito baixa. Nossos alunos ficam, em média, apenas cinco anos na escola, contra 12 nos Estados Unidos, 11 na Coréia do Sul e oito na Argentina. [BENCINI, Roberta, MINAMIR,Thiago. Política educacional: o desafio da qualidade. Disponível em <http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0196/aberto/mt_169932.shtml>.]
Por isto, saúdo o Plano de Desenvolvimento da Educação, lançado em 2007 pelo governo federal e que prevê investimentos de até R$8 bilhões até 2010 e tem metas até 2022, ano do bicentenário da independência brasileira, independência que não pode ainda ser comemorado em função do atraso no campo educacional. As metas são excelentes, como estas: todos os brasileiros de 4 a 17 anos deverão estar na escola.

Esses dados são úteis para compreendermos o tamanho de uma reinvenção necessária. Não temos os mesmos dados para mensurar o tempo gasto no estudo da Bíblia, na qual aprendemos o temor do Senhor, isto é, na qual compreendemos que vale a pena levar Deus a sério. E esta é outra reinvenção igualmente necessária.
(A propósito, quantos anos você tem de escola bíblica?)
No portal eletrônico da Igreja Batista Itacuruçá (www.itacurucq.orb.br), foi feita a seguinte pergunta: “Quantas vezes você já leu a Bíblia toda?” Os números, postados por membros e não membros da igreja, são preocupantes, porque 45% nunca leram a Bíblia toda; 19% leram apenas uma vez; 10% leram duas vezes; apenas 16% leram a Bíblia toda mais de duas vezes ao longo da vida.

E eu conto (pela voz do jornalista-educador Gilberto Dimenstein) uma história ocorrida na cidade de São Paulo, pelo que revela de atitude sobre educação.

Quando dava aula na 3ª série do ensino médio, o professor Álvaro César Giansanti, também diretor da escola, “notou como os alunos estavam angustiados e desestimulados com a possibilidade de entrarem numa universidade pública. Tentou convencê-los de que o vestibular não era tão difícil como parecia. Incrédulos, eles sugeriram que o professor, tão confiante, entrasse na USP. Naquele instante, diante da classe atenta, ele supôs que, ao aceitar, estimularia os estudantes. Criou-se um clima de suspense. Todos esperaram silenciosamente a resposta e, enfim, comemoraram a notícia; alguns deles visivelmente satisfeitos com a encalacrada em que o professor tinha se metido.
Feito o compromisso, ele voltou para casa temendo ter colocado seu prestígio em jogo: `E se eu levar pau?’. Suspeitava que iria fracassar. (…) Aluno de escola pública, Álvaro cursou engenharia, mas não gostou. ‘Foi uma experiência horrível’. Prestou vestibular para história e, depois, fez mestrado em pedagogia. Trabalhou (…)  sempre como professor de história. Já tinha esquecido quase tudo de matérias como química, física, biologia e matemática, inevitáveis na primeira fase da Fuvest. ‘Por causa dessas matérias, desconfiava que não fosse passar” Teria, portanto, uma boa desculpa.
Deixara a engenharia justamente por sua incompatibilidade com as exatas. Sem maiores pretensões, colocou o direito como opção ao se inscrever no vestibular. Para sua surpresa, deu certo. Mas tinha à sua frente um outro problema: ir ou não à faculdade. Seu tempo estava ocupado durante o dia e só disporia das noites. ‘Não perderia nada se experimentasse voltar a ser aluno'”
Não se sentiu tão deslocado, como imaginava, sentado ao lado de garotos mais novos do que seu filho. ‘Minha classe tem um pequeno grupo de cinqüentões’. Nas primeiras semanas, percebeu que está ali uma chance de reciclagem, aprofundando-se no estudo de direitos humanos e cidadania. É uma área, diz ele, de crescente interesse e com poucos professores formados nessa matéria a partir da ótica do direito.
O impacto na sua escola foi imediato: mais professores resolveram fazer vestibular neste ano para estimular os alunos, impondo-se o desafio de estudar. Álvaro diz ter aprendido, neste desafio, uma lição: o aluno respeita mais o professor sempre disposto a aprender. `Especialmente quando aprendemos com eles’.” [DIMENSTEIN, Gilberto. Calouro por acaso. Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/colunas/gd110407.htm>.]
Devo dizer que a história me impactou. Tenho estimulado os professores da instituição que dirijo (Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, no Rio de Janeiro) a fazerem outro curso superior na mesma escola. Alguns têm respondido afirmativamente.

Esta históra nos mostra que precisamos reinventar a educação, para que ela nos envolva mais e nós nos envolvamos nela mais, valendo isto para alunos e professores, para pais e filhos.

REINVENÇÕES NECESSÁRIAS

Reinvenção 1: PRECISAMOS RECONHECER QUE ESTAMOS SEMPRE APRENDENDO.

Quando eu tinha 14 anos, aprendi uma frase, numa reunião de adolescentes na igreja (Igreja Batista da Tijuca), que se tornou o moto da minha vida: “um homem vale pelo que diz, diz pelo que pensa, pensa pelo lê”.
Posso adaptar agora o dístico: “uma pessoa vale pelo que diz, diz pelo que pensa, pensa pelo que aprende”.
Estamos sempre aprendendo e isto é muito bom.
Tudo informa (um programa de televisão, uma placa na rua, uma frase numa conversa, uma página de livro, o conteúdo de um site), bem formando ou deformando nossas vidas, levando-nos a caminhos bons e a caminhos ruins. Vivendo escolhendo e nossas escolhas decorrem daquilo que aprendemos.
Quando nos dispomos a participar de alguma atividade formal de aprendizagem (numa escola ou numa igreja, por exemplo), permitimos que nossas capacidades intelectuais sejam expostas a conteúdos que nos vão trazer boas informações e nos capacitar para escolhas boas.
Graças a estudos recentes, sabemos que as células nervosas crescem e se modificam extraordinariamente em resposta às experiências e à aprendizagem. [CARDOSO, Silvia Helena Cardoso, SABBATINI, Renato M.E. Aprendizagem e Mudanças no Cérebro. Disponi vel em <http://www.cerebromente.org.br/n11/mente/eisntein/rats-p.html>] E nosso cérebro é elástico; sempre cabe mais conhecimento nele.
Ninguém pode  dizer que não pode aprender mais, não importa a sua idade. Ninguém pode dizer que não tem mais nada a aprender, não importa há quanto tempo esteja na escola ou na igreja. Ninguém alcança um estágio em que possa dizer: já sei tudo. Aliás, aqui está parte de nosso problema: por alguma razão, o ensino que a igreja oferece parece ser estático, como se o aluno estivesse permanentemente na primeira série.
Gosto de pensar na relação entre Revelação, pela qual conhecemos o amor de Deus para conosco, e educação. O processo da Revelação divina é um processo educacional. Ele foi Se revelando aos poucos, tendo em vista a realidade dos seus aprendizes, que somos nós. Como um professor, foi nos demonstrando o Seu amor aula por aula, colocando conhecimento sobre conhecimento. Mesmo depois do ápice de sua aula, que foi Se revelar de modo encarnado em Jesus Cristo, Ele deixou um Livro cheio de instruções para que vivêssemos de modo feliz. Deus é o supremo Educador.
Pesquisando na Bíblia, eu me surpreendi com as tantas vezes em que Deus é apresentado como professor. Eis algumas:

“Bendigo ao Senhor que me aconselha; até os meus rins me ensinam de noite” (Salmo 16.7).
“Profiram louvor os meus lábios, pois tu, Senhor, me ensinas os teus estatutos” (Salmo 119.171).
“Assim diz o Senhor, o teu Redentor, o Santo de Israel: Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te ensina o que é útil, e te guia pelo caminho em que deves andar” (Isaías 48.17)..
Deus nos ensina “o caminho por onde havemos de andar e aquilo que havemos de fazer” (Jeremias 42.3).
Disse Jesus: “o Ajudador, o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito” (João 14.26)
Deus disse que a falta de conhecimento é destrutiva. Por isto, Deus mesmo quer que aprendamos. Disse Ele: “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porquanto rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos” (Oséias 4.6).
A tristeza de Deus está aplicada ao conhecimento da Sua lei, capaz de levar o homem a uma vida com qualidade. Estou convencido que podemos ampliar essa tristeza divina, para alcançar todo tipo de ignorância. Deus não tem prazer nela, seja em qualquer área. Ele criou homens e mulheres livres e inteligentes para pesquisar, memorizar, recriar. No planto da fé, Deus quer pessoas que creiam e saibam em que, como e porque crêem. Quem crê e sabe em que, como e porque crê é firme e constante (1Coríntios 15.58). Esse jamais será um cristão cata-ventos (na expressão de Brenan Manning, BRENAN, MANNING. Convite à loucura<fi. São Paulo: Mundo Cristão, 2007), levado ao redor por qualquer aparência de verdade, que a forma com que o erro vem (Efésios 4.14).
Em todos os tempos, precisamos de cristãos esclarecidos, que ouçam os homens, mas sigam a Jesus Cristo; precisamos de cristãos esclarecidos realmente interessados na busca de Deus e não em eventuais vantagens saídas em “máquinas de bênçãos” que enriquecem seus donos; precisamos de cristãos esclarecidos que não se contentam com explicações ligeiras da Bíblia mas se debruçam sobre versículos difíceis, temas complexos, perguntas profundas, até comprendê-los de um modo que traga satisfação, mas satisfação provisória, porque a pesquisa precisa continuar, o exame precisa continuar, as perguntas são indispensáveis.
Afinal, estamos sempre aprendendo. Uma dúvida esclarecida deve gerar uma resposta, onde nascerá outra dúvida, e assim vamos aprendendo e crescendo.

Reinvenção 2: PRECISAMOS FORTALECER NOSSO INTERESSE PELA EDUCAÇÃO.

Parte de nossas mazelas nacionais e eclesiais advém do desinteresse pela educação. Há lideranças, políticas e religiosas, que não investem na formação dos seus liderados. Talvez tenham medo da consciência crítica e o que vem com ela.
Outra parte de nossas mazelas nacionais e eclesiais advém do sucesso que alguns obtêm sem estudar. Há muitas pessoas que chegaram a lugares elevados em termos de prestígio e dinheiro e que não tiveram que suar muito tempo nos bancos escolares. O que não fica claro nesses casos é que as celebridades que não estudaram são exceções e exceção não é modelo para ninguém.
Outra parte de nossas mazelas nacionais e eclesiais é a falta de empregos para os que estudam; quantos jovens terminam seus cursos superiores e não têm trabalho! Quantos se tornam ministros em suas igrejas sem passar pelo menos quatro anos num seminário com pelo menos três mil horas-aula de estudo! O desestímulo sobre os mais jovens é tremendo. O comentário para esta situação é uma frase feita: se está ruim com educação, imagine sem.
Gosto da instrução dada pelo professor Paulo ao seu aluno: Timóteo, “até que eu vá, aplica-te à leitura, à exortação e ao ensino” (1Timóteo 4.13). O apóstolo queria que seu discípulo fosse um educador: leitura tem a ver com preparo para o magistério; exortação e ensino têm a ver com magistério; todo pastor é sobretudo um educador. Ousaria dizer que Paulo estava mostrando a Timóteo que a educação faz a diferença, porque a pesquisa não é inimiga da santidade; aplicação aos estudos não é inimiga da dependência de Deus.
Gosto também de notar que nas listas dos dons espirituais, desde o Antigo Testamento, aparece o do ensino, indicando que a educação é um serviço de que a igreja necessita.

Pais, acreditem que a educação faz a diferença.
Um dia desses fiquei feliz em ver um dos membros da igreja cruzando a rua para levar sua filha para estudar inglês. Pela vida que teve, ele não teve esta oportunidade; na verdade, ele não terminou o segundo grau, mas sua filha vai terminar; saberá inclusive inglês. Filhos investindo na formação de seus filhos — é tudo de bom. Filhos entendendo o esforço dos pais — é melhor ainda.
Outro vizinho de nossa igreja, que também não teve oportunidade de estudar, se orgulha — e com razão — que seu filho, participante aqui de nossa igreja, vai ser um bacharel.
Gosto de saber das vitórias acadêmicas de nossos jovens, dos que passam para vestibulares difíceis, dos que concluem seus mestrados, dos que passam em concursos pesados.
Pais, exijam boas escolas, com bons professores e bons métodos e equipamentos para seus filhos, sejam públicas ou privadas. Se puderem, participem de comissões de apoio e fiscalização. O futuro dos seus filhos está nos bancos das escolas.
No caso eclesial, invista na formação religiosa dos seus filhos, desde sua casa e na igreja. Conduza-o(s) para a igreja, mesmo que isto lhe dê trabalho. Vá visitar suas classes. Ajude-as a serem excelentes.

Filhos, acreditem que a educação faz a diferença, mesmo que não pareça. Vencedores com pouco ou nenhum estudo são exceção.
A sociedade vai exigir cada vez mais de vocês, mesmo que não remunerem dignamente. O mundo é injusto mesmo, você já sabe disso. Um dia destes vi uma placa de oferecimento de emprego para balconista de um supermercado: a exigência era de segundo grau completo. Achou demais? É a regra do jogo. Não queira para você menos que um curso superior completo; no mínimo.
No caso da igreja, estude muito a Bíblia. Aplique-se. Tenha várias versões da Palavra de Deus. Mostre interesse. Desafie seus professores. Torne-se você mesmo um professor. Você pode. Você deve.

Pais e filhos, não parem de aprender.
Quem é professor torne-se aluno. Quem é aluno prepare-se para ser professor.

Reinvenção 3: PRECISAMOS VIVER O QUE APRENDEMOS.

Precisamos ensinar como Jesus ensinou. Sobre Ele, que curava, pregava e ensinava, lemos nos evangelhos que Ele ensinava como tendo autoridade (Mateus 7.29), não como os escribas, que falavam só o que tinham aprendido, mas não viviam. A diferença é que Jesus gostava dos seus discípulos, diferentemente de alguns professores de seu tempo e do nosso. Uma pesquisa coordenada pela Unesco descobriu que os professores brasileiros não gostam dos seus alunos. UNESCO. Violência, Aids e Drogas nas Escolas, 2001. Se assim é, como podem educar? Não se pode ensinar sem educar.
Esta é uma reinvenção constante para os pais. É a sua vida que fala. O que sai dos seus lábios é apenas uma confirmação.
Esta é uma reinvenção constante para os professores. Sua autoridade deve advir da vida. Fora disso, seus ensinos serão palavras voadas pelo vento. A verdadeira educação é a educação moral, que inclui o ensino mas vai além.
Esta é uma reinvenção constante para a igreja. A pedadogia da igreja deve ser a pedagogia do amor, aquela da fé demonstrada com obras, como nos ensina Tiago. Que sejamos sempre como Timóteo, o aluno de Paulo que ouviu e praticou, com temor e tremor, sabendo que sua/nossa tarefa é ensinar as pessoas a distinguir entre o santo e o profano, entre o impuro e o puro (Ezequiel 44.23). E isto não se faz apenas com palavras. Por isto, timóteo, “tem cuidado de ti mesmo e do teu ensino; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (1Timóteo 4.16).

(ALGUNS) CONSELHOS (BEM) PRÁTICOS
Em qualquer idade, podemos reinventar a educação. Reinventando a educação, reinventamos a vida e continuamos transbordantemente vivos.

(PARA QUEM É JUNIOR)

1. Reclame menos dos seus pais, ao ser acordado para ir para a escola. Se eles estudaram muitos anos, sabem o valor que o estudo tem; se estudaram pouco, sabem-no mais ainda. Não adianta chorar: se você tem nove anos saiba que vai ter que fazer isto pelos próximos 25 anos, quando você concluirá o doutorado ali pelos 35 anos. Quando você tiver 35 anos, ou você será um doutor (ou será descartado).

2. Ponha menos televisão na sua vida, mais livro, mais brincadeira, mais conhecimento. Se for para comprar livros, endivide seus pais. Se não der para comprar, pegue emprestado (e devolva, sem riscar, sem detonar o livro). Peça livros a seus pais; monte sua biblioteca com os seus livros. Tenha o sonho de ser um escritor.

(PARA QUEM É ADOLESCENTE)
3. Use menos computador como meio para se relacionar; busque relacionamentos reais e menos e-relacionamentos. Estar “plugado” o tempo todo não é a melhor coisa. A melhor coisa é pensar, relacionar-se, amar. Dá um tempo; desplugue-se de vez em quando.

4. Use menos o computador como passatempo e mais como fonte de aprendizagem; junto com o computador, leia muitos, sejam jornais, revistas ou livros (seja em papel ou no e-formato). Quando for a um shopping, divirta-se naquelas megalojas de livros. Entre um bom CD ou DVD e um bom livro, prefira os dois; se não der pros dois, fique com os livros.

(PARA QUEM É JOVEM)
5. Acredite que o tempo que vem investindo na sua própria formação vai valer a pena, se já não valeu. Esta falta de emprego não vai durar o tempo todo; quando eles voltarem, você precisa estar preparado, e isto é pra já, a partir de bases já lançadas. Não se deixe enganar pelos comentários desanimadores ou pela realidade sombria. Se está num curso, não o abandone; será muito mais difícil voltar. Se abandonou, faça tudo o que puder para voltar, o mais rápido possível.

6. Compre livros; forme sua biblioteca; leia, leia muito, leia o tempo todo, leia todo tempo. É a sua “cultura” geral que vai tornar você melhor e mais interessante, pro mundo da vida e pro mundo do trabalho. Uma habilidade em fazer algo é útil, mas logo é superada por outra. O conhecimento humanístico, no entanto, deixa raízes que viram árvores para toda a vida.

(PARA QUEM É PAI)

7. Invista na formação dos seus filhos. Dinheiro gasto com educação formal ou informal não é despesa; é investimento. Faça o que puder para que seus filhos, desde cedo ou desde agora, se tornem “viciados” em livros. Leia-lhes livros à noite, contando histórias que enriqueçam sua capacidade imaginativa. Compre-lhe livros, um de cada vez; quando eles terminarem, compre outro. Visite bibliotecas com eles; vá a livrarias com eles. Tenha uma biblioteca em casa.
Não importa em que momento estejam, invista nas suas “crianças”. Enquanto puder, pague cursos para eles, mesmo que o Imposto de Renda não aceite mais descontos.
 
8. Invista na sua própria formação. Sua tarefa não é só investir na educação dos seus filhos, mas na sua própria formação também. Se for o caso, comece um curso novo, num nível acima do seu, mesmo que esteja estabilizado na vida. Aumente as áreas de diálogo com seus filhos.

(PARA QUEM ESTÁ NA IDADE MADURA)

9.  Não pare de aprender; a aprendizagem longeviza a vida. Invente palavras. Reinvente a vida. Você estará vivo enquanto estiver aprendendo. Educação é para sempre. O cérebro agradece. A propósito, um estudo pioneiro (realizado por David Snowdon, um neurocientista da University of Kentucky) com freiras de um convento no norte dos Estados Unidos, algumas delas com mais de cem anos de idade. “As freiras que viveram mais e que mostravam uma melhor saúde mental eram quase sempre aquelas que praticavam atividades tais como pintura, ensino e palavras cruzadas, que exigiam um constante `exercício mental'”. [CARDOSO, Silvia Helena, SABBATINI, Renato M.E. , op. cit]

10. Volte à escola. Faça um curso curto ou longo. Se for o caso, comece ou termine o primeiro grau ou o segundo grau ou terceiro grau ou a pós-graduação. Se não puder a escola, deixa que venha até você por meio da internet. Há excelentes cursos, com preços variados, pela internet.
ISRAEL BELO DE AZEVEDO