A casa e a cabana

2Coríntios 5

Em tabernáculo, feito de frágil tecido que se esboroa,
habitamos, enquanto — e é por enquanto — a morada
construída por Jesus sobre seu alicerce de pedra boa
miramos, porque desde agora ela nos está reservada.

Enquanto não residimos no edifício cercado por muro,
moramos em tabernáculos de lona transformada
no que não tem: material firme, forte, sólido, seguro,
que não resiste nem ao vento timidamente forte
e não protege sequer da chuva levemente pesada.

Gememos de frio e de medo, mas encontramos bens
que nos distraem, para que o melhor não desejemos.
Em lugar de sermos agradáveis a Deus (de onde tudo vem
e que nos resgatou do medo e do frio, morremos
para agradar os que nos cercam, temerosos do desdém,
como se não fôssemos seres novos), a velha vida vivemos.
 
Esquecidos que temos uma tarefa divinamente conferida:
a de persuadir os homens acerca da beleza da graça
que retemos para nós mesmos, com um sorriso na face,
como se a salvação fosse, não dom, mas conquista merecida.
Sabemos que em Cristo somos todos com Deus reconciliados,
e dEle somos embaixadores como em Sodoma foi Abraão
para que os pecados dos homens não sejam considerados.

Mas o serão porque nossos lábios, emissários do coração,
não se constrangem, sem nenhuma vergonha, em ficar calados.
Deus por nós proclama, se nós — eis nossa missão — proclamamos.
Deus por nós ama, se nós — eis nossa vida — amamos.

Israel Belo de Azevedo