O SAMARITANO E CADA UM DE NÓS (Lucas 10.25-37) — Oswaldo Jacob

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Há um diálogo entre Jesus e o doutor da Lei. Mas havia uma pergunta feita pelo religioso: “Mestre, que devo fazer para ter a vida eterna?” Jesus respondeu usando uma questão: “O que está escrito na Lei? Como lês?” O Mestre estava recordando ao doutor da Lei sobre amar a Deus de todo o coração, com toda a alma, com todas as forças e com todo o entendimento, e o próximo a si mesmo (Lc 10.27).  Jesus concorda e o orienta para fazer conforme a Lei. O judeu então pergunta a Jesus: “Quem é o meu próximo?” O Senhor então conta esta parábola. O samaritano e os religiosos judeus da parábola são contrastados pelo Senhor. Diante dos três estava um judeu ferido, semimorto, que havia sido assaltado numa estrada que descia de Jerusalém a Jericó (10.30). Esta estrada era perigosa, pois os assaltantes ficavam escondidos atrás das grandes rochas do caminho. 
    O Mestre conta que dois religiosos judeus – um levita e um sacerdote – passaram de largo, ou seja, não estavam nem aí para a situação do seu compatriota caído e ferido na estrada. Alguém disse que eles não tinham tempo para socorrerem o homem, pois estavam indo para um Congresso cujo tema era: COMO AJUDAR O PRÓXIMO. Eles não podiam se ‘contaminar’ e não podiam se ‘sujar’, pois precisavam chegar a tempo para participar do conclave. Temos a tendência de não nos comprometermos com as pessoas feridas, machucadas pela vida, mas valorizarmos a nossa zona de conforto.  Temos medo das implicações. O que vão dizer de nós. Será que o sangue dele não está contaminado? Arrumamos uma série de desculpas para não nos comprometermos com o maltrapilho, ferido pela vida. Fazemos parte de uma sociedade espartana, alienada, religiosa, indiferente e sem amor.
    O samaritano entra em cena. Este era odiado pelo que estava ferido e pelos religiosos que não socorreram o compatriota. O samaritano tinha seus compromissos, mas se importou com aquele que o odiava, que o considerava sub-raça. Ele simplesmente se aproximou e se encheu de compaixão (10.33). Ele chegou perto dele, enfaixou suas feridas, aplicando-lhes azeite e vinho; e, pondo sobre o seu cavalo, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele (10.34). Precisando partir, tendo compromissos inadiáveis, ele delegou ao hospedeiro continuar o cuidado e ainda deixou dinheiro, comprometendo-se, quando voltasse, pagar o resto (10.35). O amor do samaritano venceu barreiras imensas que havia entre judeus e samaritanos. O preconceito era mais do judeu do que do samaritano. Esse é o amor que Jesus ensinou – que vê a necessidade, se aproxima, enche-se de compaixão, cuida das feridas e paga a hospedagem. Um amor que se importa, aceita, encoraja e fortalece. Este é o amor de Cristo – ama o inimigo, bendiz o que maldiz, abençoa o que amaldiçoa. Que chora com os que choram e se alegra com os que se alegram. Sejamos como o samaritano. Este é o nosso grande desafio.