Apocalipse 21
INTRODUÇÃO
Só podemos pensar no céu pela imaginação poética. A do poeta do Apocalipse é sublime, como poucos. Sua descrição é viva:
“Um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das últimas sete pragas aproximou-se e me disse:
— Venha, eu lhe mostrarei a noiva, a esposa do Cordeiro”.
Ele me levou no Espírito a um grande e alto monte e mostrou-me a Cidade Santa, Jerusalém, que descia dos céus, da parte de Deus. Ela resplandecia com a glória de Deus, e o seu brilho era como o de uma jóia muito preciosa, como jaspe, clara como cristal. Tinha um grande e alto muro com 12 portas e 12 anjos junto às portas. Nas portas estavam escritos os nomes das 12 tribos de Israel. Havia três portas ao oriente, três ao norte, três ao sul e três ao ocidente. O muro da cidade tinha 12 fundamentos, e neles estavam os nomes dos 12 apóstolos do Cordeiro. O anjo que falava comigo tinha como medida uma vara feita de ouro, para medir a cidade, suas portas e seus muros. A cidade era quadrangular, de comprimento e largura iguais. Ele mediu a cidade com a vara; tinha 2500km de comprimento; a largura e a altura eram iguais ao comprimento. Ele mediu o muro, e deu 65m de espessura, segundo a medida humana que o anjo estava usando.
O muro era feito de jaspe e a cidade era de ouro puro, semelhante ao vidro puro. Os fundamentos dos muros da cidade eram ornamentados com toda sorte de pedras preciosas. O primeiro fundamento era ornamentado com jaspe; o segundo com safira; o terceiro com calcedônia; o quarto com esmeralda; o quinto com sardônio; o sexto com sárdio; o sétimo com crisólito; o oitavo com berilo; o nono com topázio; o décimo com crisópraso; o décimo primeiro com jacinto; e o décimo segundo com ametista.
As 12 portas eram 12 pérolas, cada porta feita de uma única pérola. A rua principal da cidade era de ouro puro, como vidro transparente” (versos 9-21).
É difícil alcançar a amplitude da descrição, senão pela imaginação. Sairemos enriquecidos se a imaginação, a do poeta bíblico e a nossa, nos levar a desejar a vida no céu. A esperança no céu não rima com alienação. O livro de Apocalipse, por exemplo, é uma obra de crítica ao Império Romano, que se apresentava como absoluto. Neste mesmo capítulo a crítica é forte: “As nações andarão em sua luz, e os reis da terra lhe trarão a sua glória” (verso 24).
Como? As nações, como a Romana em que os cidadãos tinham que buscar o seu bem, não tinham luz própria enquanto não recebessem a luz de Deus? Como? O imperador que era incensado como deus teria que dar glórias a Deus? A crítica é necessária para demolir as fortalezas das certezas e abrir para a alegria da esperança.
O capítulo 21 nos ajuda a entender o sentido desta esperança.
O SENTIDO DA ESPERANÇA
1. Quem espera pelo céu relativiza o presente (versos 1 e 25).
“Então vi novos céus e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham passado; e o mar já não existia” (verso 1).
A esperança pelo céu nos ensina a relativizar o presente. O presente precisa ser vivido e relativizado, seja ele sofrido ou triunfante. Relativizemos o sofrimento; ele não é definitivo. Relativizemos o triunfo: ele não é definitivo.
O mar, absoluto aqui, por sua imensidão e por aquilo que separa, não existe no céu.
A noite, por vezes tão longa aqui e por vezes tão perigosa por aqui, perderá o seu terror. Atravessaremos as ruas, se lá houver rua, sem que o medo nos aperte; curvaremos as esquinas, se lá houver esquina, sem que o medo nos ataque; venceremos as pontes, se lá houver ponte, sem que o medo nos cegue; subiremos as alturas, se lá houver altura, sem que o medo nos sufoque; trilharemos os vales, se lá houver vale, sem que o medo nos seque a garganta.
Este é o sentido da promessa: “Suas portas jamais se fecharão de dia, pois ali não haverá noite” (verso 25). Esperar, portanto, pelo céu é esperar por um tempo sem noite (sem noites dormidas a remédio, sem noites não dormidas); sem longas temporadas sem saber a direção; sem temporadas achando Deus ausente. Deus será sentido com um Deus presente, que enxugará dos olhos toda a lágrima, que lá não haverá, pois “não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou” (verso 4b).
2. Quem espera pelo céu vê Deus em ação (verso 5).
“Aquele que estava assentado no trono disse: “Estou fazendo novas todas as coisas!” (verso 5)
Diante do mal tão imenso, parece difícil ver que Deus está agindo. Vejamos ou não, Deus está agindo, para fazer novas todas as coisas.
Nossa fé fica fortalecida com a descrição: “Vi a Cidade Santa, a nova Jerusalém, que descia dos céus, da parte de Deus, preparada como uma noiva adornada para o seu marido” (verso 2). Com os olhos naturais não vemos, mas com os olhos da fé nós vemos.
O Deus da criação (Alfa, princípio) é o mesmo da encarnação, que é o mesmo da redenção, que é o mesmo da celestialização (Ômega, fim): O anjo “disse-me ainda: “Está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. A quem tiver sede, darei de beber gratuitamente da fonte da água da vida” (verso 6).
3. Quem espera pelo céu antevê a plenitude do amor de Deus (versos 3 e 7).
. No céu, Deus estará conosco, como está agora, mas nós o fruiremos de modo pleno. (“Ouvi uma forte voz que vinha do trono e dizia: “Agora o tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus povos; o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus” — verso 3). Por isto, não haverá intermediários, seja a religião. (“Não vi templo algum na cidade, pois o Senhor Deus todo-poderoso e o Cordeiro são o seu templo” — verso 22), seja a tecnologia (“A cidade não precisa de sol nem de lua para brilharem sobre ela, pois a glória de Deus a ilumina, e o Cordeiro é a sua candeia” — verso 23).
. No céu, Deus será nosso Pai, como é hoje, mas nós fruiremos plenamente a nossa filiação a Ele. (“O vencedor herdará tudo isto, e eu serei seu Deus e ele será meu filho” — verso 7).
. No céu, Deus nos suprirá em todas necessidades, de modo que não teremos mais necessidades. Este é o sentido da recorrente promessa: “A quem tiver sede, darei de beber gratuitamente da fonte da água da vida” (verso 6b).
DECISÃO
Uma pergunta se impõe: o céu é para todos?
A resposta é clara: “Mas os covardes, os incrédulos, os depravados, os assassinos, os que cometem imoralidade sexual, os que praticam feitiçaria, os idólatras e todos os mentirosos — o lugar deles será no lago de fogo que arde com enxofre. Esta é a segunda morte” (verso 8)
Este texto fica melhor entendido, à luz do apóstolo Paulo: “Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus. Assim foram alguns de vocês. Mas vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus” (1Coríntios 6.9-11).
Deseje o céu.
Se não foi ainda lavado, santificado e justificado, ore ao Senhor, confessando seu pecado e pedindo a ele para que mude você de vida, na esperança do céu.
Deseje o céu.
Se já foi lavado, santificado e justificado, mas tem se deixado enganar, ore ao Senhor, confessando seu pecado e pedindo a Ele para que restaure sua vida, na esperança do céu.
Deseje o céu.
O texto bíblico é claro: No céu, “jamais entrará algo impuro, nem ninguém que pratique o que é vergonhoso ou enganoso, mas unicamente aqueles cujos nomes estão escritos no livro da vida do Cordeiro” (verso 27).
Desejo céu.
ISRAEL BELO DE AZEVEDO