O PASTOR SE PREPARA
ISRAEL BELO DE AZEVEDO
Semana de Homilética
Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil
Rio de Janeiro, 2007. Setembro, 17
“Todo sermão nasce no coração fértil do pregador. Se o coração do pregador está vazio, seus sermões serão vazios. Se o coração do pregador está cheio, seus sermões serão cheios. Logo, o pregador deve manter puro o seu coração e deve estar cheio com a Palavra de Deus”. (W. Max Alderman)
1. Introdução (em forma de decálogo)
DECÁLOGO DO PREGADOR (Sinclair Ferguson)
1. Conheça melhor a sua Bíblia.
2. Seja uma pessoa de oração.
3. Não deixe de olhar para Cristo.
4. Seja profundamente trinitário.
5. Use a sua imaginação.
6. Fale mais de pecado e graça.
7. Busque ser cada vez mais claro.
8. Seja você mesmo.
9. Aprenda a fazer transições.
10. Ame a sua congregação.
2. Prepare sua alma, sua mente e seu corpo (a partir de W. Max Alderman ALDERMAN, W. Max. The Strategy of Preaching. Disponível em <http://www.fbinstitute.com/max/part1.html#Preparation>.)
2.1. Antes que o sermão seja preparado, o pregador deve estar preparado, primeiramente em sua alma.
Então, perceba onde está a sua alma.
(OS VENTOS DO DESTINO
“Um barco sai para o leste e o outro para o oeste
Levados pelos mesmos ventos que sopram:
É a posição das velas,
E não os temporais,
Que lhes dita o curso a seguir.
Como os ventos do mar são os ventos do destino
Quando navegamos ao longo da vida:
É a posição da alma
que determina a meta,
e não a calmaria ou a borrasca”.
([Ella Wheeler Wilcox – Tradução de Israel Belo de Azevedo])
(E o que fazer quando a alma não está preparada? Prepare-a. Se não puder, busque a graça e pregue sob o milagre dela, mas não por todo o tempo.)
2.2. O pregador deve estar preparado em sua mente. Deus não premia a preguiça e a ignorância. O pregador deve ser um apaixonado pelo conhecimento.
Então, (usando livremente o conselho de Paulo a Timóteo,) aplique à leitura (cf. 1Tm 4.13).
2.3. O pregador deve estar preparado em seu corpo, o que demanda alimento, descanso e exercícios físicos regulares.
Então: desenvolva hábitos saudáveis. (Uma leitura sugerida: “Resgatando a força da juventude”, de Kenneth Cooper).
3. O pregador deve estar atento ao seu tempo.
O que há de desafio novo à pregação? (Em que o nosso tempo é diferente?)
3.1. a pervasividade do secularismo como força motriz e ideal de vida.
O imanentismo é a idéia.
3.2. o poder do pluralismo.
A idéia de um pregador é uma idéia (porque há outras demandando a atenção no mercado do impresso, do rádio e da televisão e da internet).
3.3. a força dos relativismos ético, estético, teológico e filosófico.
A idéia de um pregador é a idéia de um pregador.
3.4. a sedução do hedonismo.
A idéia de um pregador tem que ser “gostosa”.
3.5. a realidade do transculturalismo. A Bíblia pertence a um mundo diferente do nosso.
4. Princípios para estar preparado no púlpito
Princípio 1. Ponha o púlpito no centro de seu ministério e a Bíblia no centro do seu púlpito. Leia a Bíblia pensando nos outros; leia a Bíblia pensando em você mesmo.
(Como anotei em 2006: Nossos ouvintes têm sede de Deus (“Pessoas estão morrendo famintas da grandeza de Deus, mas muitas delas não fariam este diagnóstico de suas vidas perturbadas” — John Piper). Por isto, a tarefa mais importante de um ministro é a pregação da Palavra de Deus. A revolução que Deus quer fazer começa no púlpito, que deve dar uma visão da santidade de Deus. Seja cativo da Bíblia; é dela que precisa fluir a sua mensagem; é para ela que seus ouvintes devem ir durante e após a mensagem.)
Princípio 2. Leia jornais, pelo menos um todo dia.
Como escreveu Karl Barth, “pegue sua Bíblia e pegue seu jornal. Leia-os, mas interprete os jornais a partir da sua Bíblia”. (Cf. Barth in Retirement. Time, 31.5.1963. Disponível em <http://www.time.com/time/magazine/article/0,9171,896838,00.html>)
Princípio 3. Esteja sempre lendo livros (religiosos e seculares).
Princípio 4. Estabeleça uma rotina firme de trabalho (com dias definidos, horários, locais e recursos bem definidos) Por exemplo: desenvolva o hábito de anotar idéias para sermões, não confiando que vai lembrar delas quando precisar. O crescimento de uma igreja tem a ver com o tempo gasto pelo pastor no preparo de suas mensagens. e de devoção (exercitando-se nas disciplinas espirituais da humildade, pureza, simplicidade, alegria, generosidade, autocontrole, perseverança e prática da presença de Deus, entre outras).
Princípio 5. Escreva seus sermões. (Mesmo que não os vá ler, escreva-os, para ser mais claro, ser mais original e deixar um legado maior.)
Princípio 6. Planeje a forma de pregar da forma mais criativa que puder, o que talvez vá demandar trabalho em equipe, que requer ainda mais antecipação.
Princípio 7. Preste atenção às necessidades dos seus ouvintes e busque supri-las.
Princípio 8. Tenha um plano de pregação anual (mesmo que periodicamente revisto).
(Como anotei anteriormente, independentemente do estilo do púlpito e dos recursos nele utilizados, o sucesso dele depende da seriedade no seu planejamento.)
Princípio 9. Seja humilde, para não confiar que, na ultima hora, poderá escolher um texto e tirar três pontos para apresentar.
Princípio 10. Fale sem gritar. (O grito é a embalagem da falta de conteúdo, que traduz a falta de preparo.)
Princípio 11. Siga os sábios do púlpito (como John Stott [em “Between Two Worlds”. Grand Rapids: Eerdmans, 1982]. que recomenda:)
Passo 1. Escolha o texto bíblico.
Passo 2. Medite sobre o texto bíblico escolhido (de preferência, deixe-o na incubadeira, o que exige antecedência).
Passo 3. Capte a idéia central do texto bíblico escolhido.
Passo 4. Organize o material para desenvolver a idéia central. (Burile e formate seu material. Descarte sem compaixão o material que seja irrelevante para a idéia central.)
Passo 5. Acrescente a introdução e a conclusão.
Passo 6. Escreva sua mensagem. (Ao pregar, leia-a ou reduza tudo a um esboço e pregue a partir dele.)
Passo 6. Ore sobre sua mensagem.
LEITURAS SUGERIDAS
AZEVEDO, Israel Belo de. Academia da alma. Rio de Janeiro: Convicção, 2007.
COOPER, Kenneth. Resgatando a força da juventude. Rio de Janeiro: Record. 2004
LARSEND, David L. Anatomia da pregação. São Paulo: Vida, 2004.
PIPER, John. Supremacia de Deus na pregação. São Paulo: Shedd, 2004.
STOTT, John. Eu creio na pregação. São Paulo: Vida, 2004.