Abaixo os pais-ditadores, que não consideram os desejos dos filhos, mas abaixo também a ditadura das crianças e dos adolescentes, que, estimulados pelos ideólogos do consumo que querem nos transformar todos em apenas consumidores, bem cedo sobem aos tronos dos seus egos e ameaçam seus pais, gritam com seus pais, impõem vontades aos seus pais, levantam suas mãos contra seus pais, como se soubessem tocar seus próprios destinos e não precisassem amar, ouvir e honrar aqueles que as geraram e delas cuidam.
Abaixo os maridos-ditadores, que tratam suas mulheres como empregadas, mas abaixo também a ditadura das esposas, que querem se sobrepor aos seus maridos pelo grito, pela ameaça, pela reclamação ou pela chantagem.
Abaixo os professores-ditadores, que não ensinam porque monologam, mas abaixo também a ditadura do desinteresse, da indiferença e da auto-suficiência, exercida por alunos que não querem aprender, que brandem o Estatuto da Criança e do Adolescente contra seus professores, ao quererem fazer o que acham lhes ser melhor, embora nada saibam ainda da vida.
Abaixo os pastores-ditadores, que, em nome de uma chamada por Deus, desenvolvem seus ministérios com se fossem seus; que, por preguiça ou por interessem, pastoreiam a si mesmos; que, quais novos fariseus, põem pesos que a Bíblia não põe e que, por mais que o digam, não têm seus ouvidos colados na boca de Deus, mas abaixo também a ditadura da membresia ávida por bênçãos espetaculares e quantificáveis, por sermões adocicados sobre esperança e por nenhum convite ao compromisso com a Cruz que não libera ninguém da responsabilidade e do serviço.
Abaixo os governantes-ditadores, que fazem tudo para permanecer nos seus cargos, o que inclui matar de fome sua gente e iludir seus povo com promessas mercadológicas, mas abaixo também a ditadura dos cidadãos, que apertam seus votos com irresponsabilidade nas urnas, que querem impor seus desejos de minoria às maiorias, que jogam seus lixos particulares nas ruas e calçadas que são de todos e que divinizam seus direitos e demonizam seus deveres.
ISRAEL BELO DE AZEVEDO