“Ficar de pés” (Adalberto Alves de Sousa)


Um e-leitor, sobre o texto “Fiquem em pés”, afirma:

“Concordo contigo em parte nos comentários, mas quando eu me dirijo à igreja, eu utilizo a forma: ‘vamos ficar de pés’, utilizando a forma correta da linguística”.

Para ficar bastante claro: uma coisa é a linguística; outra coisa é a gramática. A primeira analisa as línguas do ponto de vista de sua estrutura interna, origem, desenvolvimento, evolução; cataloga, registra os usos, etc. Já a gramática é o “conjunto de prescrições e regras que determinam o uso considerado correto da língua escrita e falada” (Houaiss).

Para a linguística, não se leva em consideração o conceito de erro na língua falada, desde que haja comunicação. Portanto, “vamos ficar de pés” é forma aceitável, de acordo com esse princípio.

Para a gramática, entretanto, a forma correta é “vamos ficar de pé”, porque o sentido da frase é o de “vamos nos levantar”.

“Vamos ficar de pés” ocorre com outro sentido: “Vamos ficar de pés descalços”, “Vamos ficar de pés enxutos”, “Vamos ficar de pés pra cima”, etc.

O recente equívoco do MEC foi exatamente o de tentar introduzir na gramática conceito que pertence ao âmbito da linguística. É função da escola ensinar a língua padrão. Os subpadrões o povo adquire bem antes de ingressar na escola.