Calma! O título é só uma preparação para lembrar o que disse Mario Quintana: “A saudade que dói mais fundo e irremediavelmente é a saudade que temos de nós.”. É contra este tipo de saudade que, repito, precisamos lutar!
A sociedade pós-moderna afasta o homem de si mesmo. As pressões do ‘socialmente aceito’ e do ‘politicamente correto’, somadas às ditaduras da necessidade de estar onde todos estão e a de curtir o que todos curtem, fazem as pessoas assumirem estereótipos, usarem máscaras e representarem papéis de formas tão constate e intensa, que acabam fugindo ou se distanciando de si mesmas.
Muitos chegam ao ponto de esquecerem como eram, ou mesmo ao extremo de não se entenderem mais, como aconteceu com os filhos de Corá: “Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim?” (Sl 42.11a). Conviviam com abatimento e perturbação na alma e sequer sabiam o motivo. Se você observar bem é um diálogo deles com eles mesmos. Uma espécie de encontro com o eu, após tempos de distanciamento.
O quadro que imagino mais terrível é o de uma pessoa egoísta, com saudade de quando era solidária; ou violenta e iracunda, com saudade de quando era terna e cordata; alguém possessivo e ciumento, com saudade de quando era seguro e fraterno. Já imaginou alguém invejoso, amargurado, desonesto, com saudade de quando era saudável? Na verdade a saudade não seria de um tempo que se foi, mas do próprio ser do qual se distanciou… Saudade de si mesmo! Pecisamos lutar, com todas as nossas forças, para que este tipo de saudade jamais nos visite.
Mas, como lutar e vencer neste combate? Como deixar para trás somente atitudes, gênios, temperamentos e nuances de caráter acerca dos quais possamos dizer: “Já foram tarde!”?
Só faz estas perguntas quem não admite a possibilidade de vir a sentir saudade de si mesmo. E isso já é maravilhoso!
BOA NOITE!
Lécio Dornas