NO MESMO BARCO (Richard José Vasques)


Quantas e quantas vezes só focamos em nós mesmos. As únicas coisas que nos interessam dizem somente respeito a nós. Os outros não importam, incluindo suas necessidades e dificuldades. Eu preciso ser o primeiro, ser atendido primeiro, ter a minha vez priorizada e os horários obedecidos, pois não aceito atrasos (mesmo que eu atrase algumas vezes e tente até achar uma justificativa para isso, como por exemplo, o trânsito das grandes cidades).

Aí, na madrugada do primeiro dia da semana, você vai para o aeroporto, a fim de embarcar para a cidade onde realizará o seu trabalho. Tem de chegar no aeroporto com no mínimo uma hora de antecedência. Programou-se para isso, fazendo todos os acertos necessários para que tudo dê certo. Chega cedo, antes do horário, já tendo feito todos os procedimentos para estar no portão de embarque sem atropelos. Depois de uma hora esperando para embarcar, os alto-falantes do aeroporto anunciam o seguinte: “informamos que o aeroporto se encontra fechado para pousos e decolagens por causa das condições climáticas.”

Um nevoeiro cobriu o aeroporto e os aviões não podem subir nem descer.

Em determinado trecho do seu livro “O poder de uma vida de oração”, Paul Miller relata que no final de um dado ano, durante o seu retiro de oração para planejar o ano seguinte, Deus lhe disse: “você não terá nenhuma meta para o próximo ano; eu irei trabalhar o seu caráter.” E aí? Falamos de metas, às vezes até estabelecemos algumas metas para nós (mesmo sem as seguirmos), mas quando alguém fala que para o próximo ano não iremos estabelecer meta alguma, soa estranho, não é mesmo!

Amanhã eu irei a tal lugar; tal hora estarei reunido com meu cliente e desenvolveremos o nosso trabalho. Aí você chega ao aeroporto e ele se encontra fechado para pousos e decolagens. E a reunião? E o trabalho? Quem é o culpado? A empresa que administra o aeroporto? As condições climáticas? As companhias aéreas? Por causa disso, vários vôos são cancelados e viagens que foram programadas com a devida antecedência não são realizadas conforme planejado.

Tiago disse que seria assim: “Eia agora vós, que dizeis: hoje, ou amanhã, iremos a tal cidade, lá passaremos um ano, negociaremos, e ganharemos. No entanto não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e logo se desvanece. Em lugar disso devíeis dizer: Se o Senhor quiser, viveremos e faremos isto ou aquilo.” Tiago 4.13-15. Palavra cumprida.

Olhei ao meu redor e vi muitas pessoas sentadas aguardando a liberação do aeroporto para embarcarem rumo aos seus destinos. Nesse momento não importava o nível ou o cargo da pessoa, se ela era jovem ou idosa, uma autoridade ou um simples cidadão, se estava ali a negócio ou a passeio. Todos estávamos no mesmo barco. O jeito era esperar quieto até que o tempo permitisse que os aviões se movimentassem, e se ele não permitisse, a solução talvez fosse voltar para casa para tentar no dia seguinte.

Por que só nesse momento é que entendemos que estamos no mesmo barco? Por que não é diferente no nosso cotidiano? O Dr. Lucas diz assim em Atos dos Apóstolos com relação à igreja primitiva: “Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedade e bens e os repartiam por todos, segundo a necessidade de cada um. E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo.” Atos 2.44-47a.

Prática muito difícil de ser executada em nossos dias, mas que serve para nos lembrar que vivemos na chamada “aldeia global”. Coisas que acontecem em outras partes do mundo nos afetam diretamente (exemplos: crises em outros países, terremotos, tsunamis, contaminação dos oceanos), impactam nossos negócios e nossas vidas. Estejamos atentos àquilo que está acontecendo nosso barco enquanto há tempo. Estamos ou não no mesmo barco?  Boa semana.