O QUE NOS DIZEM OS PROFETAS? – ISAÍAS 6 – DEUS É GADOSH (Alcenir Mota)

O termo gadosh no hebraico significa santo. O que Isaías nos afirma muito claramente no capítulo 6 de seu livro é que Deus é Gadosh, ou seja, Ele é Santo. Nele o profeta narra sua chamada para ser a voz de Deus no meio do seu povo num momento de grande infidelidade. O rei Uzias que reinou durante 52 anos em Israel, foi um grande guerreiro e considerado um notável engenheiro, já que as armas projetadas por ele arremessavam grandes pedras e atiravam lanças. A história de vida deste homem tem muito a nos ensinar quanto a nossa dependência de Deus. A Bíblia em II Crônicas diz que enquanto Uzias buscou o Senhor, Deus o fez prosperar, entretanto, depois que se tornou poderoso, o seu orgulho provocou a sua queda. Ele foi infiel ao Senhor, o seu Deus, e entrou no templo para queimar incenso, função exclusiva do sumo sacerdote. Por isso nos últimos dias de sua vida, foi amaldiçoado com a lepra e morreu isolado em um palácio, à margem do poder. No ano da morte deste rei é que Isaías tem a visão extraordinária do Senhor num alto e exaltado trono. A aba da veste de Deus enchia o templo. Acima dele estavam serafins; cada um deles tinha seis asas: com duas cobriam o rosto, com duas cobriam os pés e com duas voavam. Eles proclamavam em alto e bom som, para que todos escutassem que: “Gadosh, gadosh, gadosh é o Senhor dos Exércitos, a terra inteira está cheia da sua glória”.
É importante entender que a santidade de Deus é intrínseca, parte do seu interior, essencial; algo da sua própria natureza. A santidade não é meramente uma coisa que Deus decide ser ou fazer, mas é essencial ao seu próprio Ser, pois Ele é Santo. Deus teria que deixar de ser Deus para não ser santo. Ele teria que negar a si mesmo para fazer algo que não é santo. Em Jó 34.10 encontramos a seguinte afirmação: “Longe de Deus esteja o fazer o mal, e do Todo-poderoso o praticar a iniqüidade.” O autor de Hebreus no capítulo 6.18 também afirma que é impossível que Deus minta.
Visão semelhante a do profeta Isaías é também experiênciada por João em Apocalipse 4:”Imediatamente me vi tomado pelo Espírito, e diante de mim estava um trono no céu e nele estava assentado alguém. Aquele que estava assentado era de aspecto semelhante a jaspe e sardônio. Um arco-íris, parecendo uma esmeralda, circundava o trono, ao redor do qual estavam outros vinte e quatro anciãos. Eles estavam vestidos de branco e na cabeça tinham coroas de ouro. Do trono saíam relâmpagos, vozes e trovões. Diante dele estavam acesas sete lâmpadas de fogo, que são os sete espíritos de Deus. E diante do trono havia algo parecido com um mar de vidro, claro como cristal. No centro, ao redor do trono, havia quatro seres viventes cobertos de olhos, tanto na frente como atrás. O primeiro ser parecia um leão, o segundo parecia um boi, o terceiro tinha rosto como de homem, o quarto parecia uma águia em vôo. Cada um deles tinha seis asas e era cheio de olhos, tanto ao redor como por baixo das asas. Dia e noite repetem sem cessar: “Santo, santo, santo é o Senhor, o Deus todo-poderoso, que era, que é e que há de vir.”
O Deus gadosh de Isaías é o mesmo que se manifesta ao evangelista João na ilha de Patmos como sendo o Alfa e o Ômega, o que É, o que Era e o que há de Vir, o Todo-poderoso. Ele é o mesmo Santo que era em Isaias, que é em nossos dias e que há de vir, quando retornar para buscar os que o aguardam.
Isaías diz que ao som das vozes dos serafins: “Santo, santo, santo é o senhor dos Exercicitos”, os batentes das portas tremeram, e o templo ficou cheio de fumaça. A visão da santidade de Deus fez o profeta, o homem de Deus gritar: “Ai de mim! Estou perdido! Pois sou um homem de lábios impuros e vivo no meio de um povo de lábios impuros; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos exércitos!” Sim! Diante da santidade de Deus o profeta teme por ser pecador. Tem consciência de que como pecador não pode permanecer na presença de Deus e sobreviver. Ele mostra isso ao povo quando diz: “Mas as suas maldades separaram vocês do seu Deus; os seus pecados esconderam de vocês o rosto dele, e por isso ele não os ouvirá. Pois as suas mãos estão manchadas de sangue, e os seus dedos, de culpa. Os seus lábios falam mentiras e a sua língua murmura palavras ímpias.” Is.59.2,3
No mesmo instante que o pecador Isaías reconhece a sua condição, um dos serafins vôou, como uma águia ao encontro da sua presa, carregando uma brasa viva, que havia tirado do altar. Com ela tocou a sua boca e disse: “Veja, isto tocou os seus lábios, por isso, a sua culpa será removida, e o seu pecado será perdoado.”
Eu fico maravilhado com essa imagem. O Deus gadosh, o todo poderoso se preocupou com o pecador Isaías e veio em seu socorro. O Deus que diz: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.”Is.55.8,9 A santidade de Deus não o separa do pecador que suplica por ele. Isaías aprendeu isso na sua própria experiência com o Senhor: “Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e vivificar o coração dos contritos.” Ele está perto do necessitado e do quebrantado, apesar da distância moral que nos separa.
Diante do Deus gadosh Elias buscou se livrar dos seus pecados, o profeta buscou santidade. O Deus santo exige do seu povo santidade. No início do seu relacionamento com o ser humano Ele já deixou isso claro: “Disse ainda o Senhor a Moisés: “Diga o seguinte a toda comunidade de Israel: Sejam santos porque eu, o Senhor, o Deus de vocês, sou santo.” Lv 19.1,2 Este imperativo não ficou restrito ao povo de Israel, eu e você precisamos buscar santidade. Pedro afirma: “Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem, pois está escrito: “Sejam santos, porque eu sou santo”. I Pe 1.15,16
Penso que hoje, mais do que nunca, este objetivo deve ficar claro em nossas mentes. Quando o que é errado e pecado tentam se passar por certo e natural, no instante em que numa turma de calouros de uma universidade o que confessa o maior erro e pecado é o mais ovacionado e exaltado, num contexto em que os corruptos e corruptores parecem levar vantagem, o imperativo de ser santo tem que ser proclamado através de megafones. “Pois somos santuários de Deus vivo. Como disse Deus: Habitarei com eles e entre eles andarei; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Saiam do meio deles e separem-se, não toquem em coisas impuras e eu os receberei e lhes serei Pai, e vocês serão meus filhos e minhas filhas.” Assim diz o Senhor Todo-poderoso. Amados, visto que temos essas promessas, purifiquemo-nos de tudo o que contamina o corpo e o espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus.” II Co.6.16-7,1 Paulo quer que a igreja de Corinto esteja imbuída em santidade.
Isaías e João tiveram a honra e privilégio de ver os anjos proclamando a santidade de Deus: “Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos…”, e viveram vidas que manifestavam esta santidade. Eles se esforçaram para viver em paz com todos e para serem santos; pois tinham absoluta certeza, que deve também ser a nossa, que sem santidade ninguém verá o Senhor. Hb.12.14