o que realmente abençoa a família
Há uns anos atrás fiquei alguns dias numa casa que era alugada por temporada, pertencente a um judeu. Em todas as suas portas havia, presos nos umbrais, filactérios, que são caixinhas de couro feitas especialmente para guardar um pequeno papel impresso com o texto de Deuteronômio 6.4-9, o qual ordena aos israelitas que amarrem o mandamento de Deus nas suas mãos e testas e escrevam-no nas portas de suas casas. Os judeus chamam esse texto de “o shemáh” e recitam-no diariamente.
A palavra “filactério” vem do grego e tem o sentido de “amuleto”, transmitindo a idéia de proteger contra a má sorte. Foi o termo que os tradudores da Bíblia para o grego encontraram para designar essas caixinhas de couro. Jesus diz, em Mt.23.5, que os escribas e fariseus exibiam grandes filactérios para evidenciar sua religiosidade. Há cristãos que também têm feito essa apropriação da Palavra como um amuleto, usando uma Bíblia aberta, geralmente no Salmo 91, em cima de um móvel da casa (alguns também recitam esse salmo diariamente).
Mas na própria passagem acima referida aprendemos que o que realmente abençoa a família não é um amuleto – uma caixinha de couro ou um livro aberto – mas sim amar o Senhor de todo o coração (mente), de toda a alma (vida física) e com todas as forças (personalidade). É viver essa verdade em família, desde o amanhecer (ao levantar) até o anoitecer (ao deitar), dentro do lar (sentado), e fora do lar (andando).
Quando o texto diz para “amarrar” o mandamento na testa, quer significar que esse ensino deve ser guardado na mente, pautando todos os nossos pensamentos. “Amarrá-lo na mão” quer dizer que o mandamento deve balizar todas as nossas ações, pois não dizemos que agir é por “mãos à obra”? Ao mandar “escrever” o mandamento nas portas, o sentido é que toda a vida da família deve ser baseada na sincera adoração e serviço ao Senhor. As famílias do verdadeiro povo de Deus são conhecidas pela relação de intimidade que têm com ele, e não pela exterioridade de sua fé.
Portanto, a verdadeira bênção para a família vem pela fé e consagração que se evidencia num comprometimento total com o Senhor Jesus, que inclui mentes, corpos e todos poderes pessoais, a qualquer tempo e em qualquer situação.
Pr. Sylvio Macri