Podemos nós ter certeza de que somos salvos?
Se atentarmos para o ensino bíblico, não para aquilo que, às vezes, nosso próprio coração nos dita, nem para a lógica da cultura do mérito, veremos que esta certeza é possível. Jesus mesmo se encarrega de nos fazer este oferecimento.
Jesus, portanto, nos oferece uma certeza — a de que a vida eterna começa aqui e não pode ser interrompida. Inspiremo-nos nestas palavras-promessas.
Em João 6.37-40, encontramos a seguinte garantia.
e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora.
Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade,
e sim a vontade daquele que me enviou.
E a vontade de quem me enviou é esta:
que nenhum eu perca de todos os que me deu;
pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia.
De fato, a vontade de meu Pai é que
todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna;
e eu o ressuscitarei no último dia".
(João 6.37-40 — ARA)
A mesma promessa é retomada em João 10.27-29:
eu as conheço, e elas me seguem.
Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão,
e ninguém as arrebatará da minha mão.
Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo;
e da mão do Pai ninguém pode arrebatar".
(João 10.27-29 — ARA)
Há outra garantia em João 11.25-26, no contexto de uma conversa com Marta, a irmã de Lázaro:
Quem crê em mim, ainda que morra, viverá;
e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente.
Crês isto?"
(João 11.25-26 — ARA).
Destas palavras ressoa um claro ensino: todo aquele que confessa a Jesus Cristo como seu Salvador e Senhor pode ter certeza de sua salvação, significando que pode crer que, ao longo desta vida, tem o Espírito Santo ao seu lado e, na vida futura, fluirá toda a eternidade na presença de Deus no céu.
Jesus veio para nos resgatar do medo de não ser amado por Deus, Deus que enviou o seu Filho Jesus Cristo ao mundo para que todo aquele que nele crer não pereça mas tenha a vida eterna (João 3.16).
RAZÕES PARA A INCERTEZA
Apesar disto, há cristãos que não têm a certeza de sua salvação. Uns nunca a tiveram e outros, por alguma razão, a perderam.
Sugiro algumas para esta incerteza.
1. A primeira razão é a cultura em que vivemos. Somos parte de uma cultura universal em que o esforço está no centro. Esta cultura alcança a religião em várias tradições. O espiritismo propõe processo de superação pessoal, por meio de boas ações, superação esta que é premiada em sucessivas reencarnações. O catolicismo sugere que agradamos a Deus na medida de nossas participações nos sacramentos. O protestantismo legalista insiste que nos tornamos mais aceitáveis para Deus na medida em que nos compartamos segundo as regras. Estes contextos não podem aceitar a ideia que a salvação nos é outorgada gratuitamente, sem que a mereçamos. Uma visão religiosa centrada no esforço humano, vale dizer, no mérito próprio, gera muitos danos, na teologia e na psicologia de algumas pessoas. Você não trabalha numa empresa, na qual tem que bater metas todo mês.
2. O segundo motivo é uma teologia errada sobre a graça de Deus, que deixa de ser graça quando aprisionada no valor das ações humanas. Leitores também do Antigo Testamento, não o conferimos com o Novo, o que nos pode levar a uma teologia do pacto, que é sempre de mão dupla: a fidelidade depende da fidelidade. Em outras palavras, a graça divina depende na reciprocidade humana. Muitos pensamos que, se falharmos, Deus estará desobrigado de cumprir a sua parte. Logo, se falharmos, podemos perder a salvação.
3. O terceiro fator é a formação pessoal, desde a infância, acontecida num ambiente hostil marcado pela cultura do medo. Um Deus experimentado como amedrontador dificilmente será fruído como um Deus que tem prazer em nosso bem-estar, aqui, agora e no futuro. Pensam alguns que, como Deus está procurando uma falha em nós, ele vai encontrar, não uma, mas muitas, que nos condenarão solenemente.
4. A quarta fonte de confusão advém da falta de estudo da Bíblia, em que a certeza da salvação é afirmada como "natural" para todo aquele que confessa a Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador. Quando ele começou seu ministério (Marcos 1.15-16), Jesus convidou ao arrependimento e à fé, decisão que restabelece a nossa comunhão com Deus. O evangelho é precisamente o retorno do homem ao seu estado original, antes de pecar.
5. O quinto elemento a gerar a tristeza pode ser um pecado cometido, recentemente ou no passado, que tira a alegria da salvação. Muitas pessoas, ao tomarem consciência do seu erro, arrependem-se, mas não acreditam que foram totalmente perdoadas. Ainda carregam um resquício de culpa em suas vidas. Se este é o seu caso, eis o que lhe diz Jesus: "Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas" (Apocalipse 2.5). Ore como Davi: "Dá- me novamente a alegria da tua salvação e conserva em mim o desejo de ser obediente" (Salmo 51.2).
6. Uma circunstância que pode estar na gênese na dúvida é o momento da vida em que a decisão por Cristo foi tomada. Sobretudo aqueles que se decidiram por Cristo e foram batizados quando ainda muito novos podem experimentar uma incerteza da validade de sua escolha, especialmente por não terem tido uma reviravolta extraordinária em seu estilo de vida. João Filson Soren foi batizado aos seus anos de idade. Timóteo também começou, como depreendemos das seguintes paiavras paulinas:
a mesma fé que a sua avó Lóide e Eunice, a sua mãe, tinham.
E tenho a certeza de que é a mesma fé que você tem.
Por isso quero que você lembre de conservar vivo o dom de Deus
que você recebeu quando coloquei as mãos sobre você".
(2Timóteo 1.5-6)
7. Pode ser ainda que algumas pessoas, particularmente na velhice, tenham seus processos mentais alterados, fazendo com que surjam dúvidas sobre a sua salvação que nunca nutriram antes. Uma enfermidade, seja ela neurológica ou psicológica, pode romper o equilíbrio sempre experimentado.
PROMESSAS PARA HOJE
Como podemos vencer estes obstáculos e nos deliciar com as promessas de Jesus?
1. Primeiro, se somos salvos, precisamos reafirmar nossa gratidão por este presente que recebemos. Se ainda não somos salvos, precisamos orar a Jesus:
"Senhor, eu creio. Eu creio que vieste ao mundo para me salvar e eu quero ser salvo. Eu aceito o sacrifício que fizeste na cruz por mim, para oferecer gratuitamente o perdão para todos os meus pecados. Eu também te agradeço por teres vindo ao mundo com sua maravilhosa graça".
Esta é a oração que todo aquele que deseja ser salvo deve fazer.
2. Em segundo lugar, tendo recebido a salvação, há muito tempo ou recentemente, alegre-se com a salvação.
Eis alguns passos importantes:
a. Olhe-se como Deus olha você: você é um pecador, mas um pecador que ele mesmo redimiu na cruz de Jesus. Não se olhe apenas como pecador; olhe-se como pecador resgatado das trevas para a luz. Admita que você não pode se salvar a si mesmo, coisa que já tentou. Renda-se a Jesus Cristo. A primeira palavra da sua vida deve ser este verbo: arrependa-se. Abra mão da ideia de que você é bonzinho. Você pode ser bonzinho se comparado às pessoas que conhece, mas para Deus você é pecador. Ou você se arrepende dos seus pecados e é perdoado ou não se arrepende e fica afastado da comunhão com Deus. Deus nos fez para viver em comunicação com ele.
b. Olhe para o sacrifício de Jesus Cristo na cruz como definitivo e completo para a salvação. Nada falta para você ser salvo, exceto aceitar o que Jesus fez na cruz por você.
c. Leia, medite e memorize os textos bíblicos que garantem que podemos ter certeza da nossa salvação, algo, repitamos, que não conquistamos: ela nos foi dada. A Bíblia foi escrita para que pudéssemos ter esta certeza. Por isto, um dos seus autores (João de Patmos) comentou:
a vocês que crêem no nome do Filho de Deus,
para que vocês saibam que têm a vida eterna".
(1João 5.13 — NVI)
d. Lembre-se do escrito de outro autor bíblico (Paulo, apóstolo), cujo passado não o recomendava:
As coisas antigas já passaram;
eis que surgiram coisas novas!
Tudo isso provém de Deus,
que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo
e nos deu o ministério da reconciliação,
ou seja, que Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo,
não levando em conta os pecados dos homens,
e nos confiou a mensagem da reconciliação".
(2Coríntios 5.17-19 — NVI)
Um hino antigo faz um belo resumo destas verdades:
Salvo por Jesus Cristo tenho perfeita paz;
a comunhão com Ele toda aflição desfaz.
Ele me deu certeza da minha salvação,
que inefável gozo, enche meu coração.
Salvo por Jesus Cristo tenho perfeita paz;
a comunhão com Ele toda aflição desfaz.
Cristo é a minha vida, fonte de doce amor;
ele me tira a mágoa, todo o pesar e a dor.
E se sofrer a prova, mui fácil me será;
quando verter o pranto, logo Ele o enxugará.
E passarei a noite com Ele, sem temor,
té que amanheça o dia de perenal fulgor.
Magnificente e santo vê-lo-ei a me fitar,
e na mansão de glória vou com Jesus reinar!
(Hino 374 do Cantor Cristão)
ISRAEL BELO DE AZEVEDO