BOM DIA: A teologia pode matar, 10

A tradição é necessariamente boa — insistem alguns.
Como cristãos, é bom saber que somos parte de uma grande nuvem de testemunhas, que começa a cobrir a terra antes mesmo de Jesus Cristo ser revelado como Salvador e Senhor. Graças à tradição, não precisamos reinventar a fé a cada geração.
No entanto, nossa inserção na tradição pode gerar um fechamento ao novo, capaz de refrigerar nossa compreensão da fé e iluminar nosso modo de comunicá-la aos sem-fé.
Além disso, o apego à tradição gera um lamentável tipo de restauracionismo, totalmente alheio à realidade histórica. O tradicionalismo se alimenta de uma miragem do passado, um passado inventado e idilizado. Assim, para sermos cristãos, precisamos resgatar as experiências do passado, esquecidos que o passado é irrepetível, uma vez que os contextos são diferentes e nós mesmos somos diferentes. O passado, real ou imaginado, não pode ser recuperado. 
Quem respeita o passado deve respeitar as pessoas que o fizeram, já que o fizeram porque o seu tempo o demandou. Se queremos ser respeitosos para com os do passado, devemos fazer o que o tempo nos demanda fazer.
Devemos, antes, nos perguntar: por que fazemos o que fazemos? Faz sentido fazer o que fazemos?
O fato de sempre termos feito de um certo modo não é motivo para continuarmos a fazê-lo. 
Devemos tomar cuidado para não transformar a tradição em palavra de Deus, porque não passa de palavra de homem, que negligencia o mandamento de Deus (Marcos 7.8).

EM TEMPO: “A teologia pode matar” não morreu, infelizmente. Voltarei, oportunamente, a enumerá-las. Seus acréscimos serão bem-vindos. Mande-os para israelbelo@gmail.com.

ISRAEL BELO DE AZEVEDO