São 10h da manhã do dia 17/11/2011. Acabei de chegar a casa, vindo da minha caminhada matinal. Uma paisagem me chamou a atenção durante a caminhada: de um lado do céu havia nuvens “carregadas”, o que prenuncia mais um dia chuvoso na cidade do Rio de Janeiro; do outro lado, por entre as nuvens carregadas, raios de sol brilhavam como que desejando dissipar as nuvens escuras. Isto ilustrou o meu momento de vida neste exatamente agora. Nuvens escuras de um lado e raios de esperança do outro lado.
Na tarde de ontem levei o resultado do exame de imagem (Ressonância Magnética) para análise médica. A resposta não foi em nada animadora. Um tumor cresceu bastante em uma área do fígado em que não tem como operar, exceto fazendo uma pequena cirurgia de contenção, de modo a que não invada outras partes ainda sadias do me fígado e, após isso, bombardear o tumor com quimioterapia pesada.
Por maiores que fossem as tentativas do médico em me animar, notei uma preocupação grande em sua fala, o que, por si só, aumentou a intensidade das nuvens carregadas.
Uma quantidade muito grande de pensamentos e imagens passa na cabeça da gente diante de um fato como este. O pior deles é o sentimento de brevidade da vida. Parece que em um abrir e fechar de olhos a vida se esvai. Não vou negar o fato de que este e outros sentimentos que vêm diante da agressividade da doença e da impotência humana frente a ela, formam um quadro doentio. Nuvens carregadas. Junto a isto vem a lembrança de tudo o que passei nestes quase quatro anos. Imaginar que é preciso passar por todo o processo outra vez é tremendamente dolorido. Nuvens carregadas.
Mas, ao mesmo tempo me vem à mente um confortante e reconfortante cântico que diz: “Se o trovão e o mar se erguendo vêm, sobre a tempestade eu voarei. Sobre as águas tu também és rei. Descansarei, pois sei que és Deus”. Isto funciona como raios de sol numa manhã de nuvens carregadas. Como que fazendo um contraponto aos pensamentos citados parcialmente acima, relembro o quanto Deus já fez nesses quase quatro anos desde que o câncer se mostrou pela primeira vez. Assim como fui fortalecido anteriormente, sei que serei fortalecido também agora. Em outras palavras, não permitirei também desta vez que a doença me adoeça. Com certeza, não vou adoecer. Afinal de contas se “teu coração estiver em paz, verás que um arco-íris cada nuvem traz”.
Continuo contando com suas orações. Elas me são como que raios de esperança em tempos de nuvens carregadas.
Seu amigo e pastor David Baeta
baetadavid@gmail.com