Uma das garantias mais claras da Bíblia é que Deus dá força àqueles que confiam nEle (Efésios 6.10-20). A promessa está espalhada pela Sua Palavra, em forma de frases e de exemplos.
A VIDA É UMA GUERRA DE NATUREZA ESPIRITUAL.
Gosto de ouvir o apóstolo Paulo dizendo que “nossa luta não é contra carne e sangue”, porque passamos a maior parte da vida neste tipo de luta. Ah se lêssemos mais a Bíblia!
A palavra (“luta”) utilizada significa um combate entre duas pessoas até que um derrube o outro e o atire para fora da zona de conflito.
A nossa luta é contra inimigos muito poderosos, que só podem ser enfentados com o poder de Deus. O diabo erige seus castelos no ar e na terra, mas seus castelos serão derrubados. Quando leio este texto, imagino uma luta de esgrima no ar, mas também imagino a luta surda que enfrentamos na cena comum, onde vemos o mal como tão arraigado que parece inexorcizável. Quem de nós acha que um dia teremos um Brasil sem corrupção, que se tornou um estilo de vida entre os príncipes e os plebeus?
Isto pode soar um pouco estranho, porque convivemos com pessoas que espiritualizam tudo e com pessoas que não espiritualizam nada, naturalizando tudo.
No entanto, só podemos compreender a vida se a compreendemos como a Bíblia a compreende (Ray Stedman). E a Bíblia diz que vida é uma guerra de natureza espiritual, mesmo que estejamos acossados por pessoas e situações (“carne e sangue” — verso 12).
Paulo que sofreu, como poucos, por amar a Deus e pregar a Sua Palavra, nos diz que a luta do cristão não é contra “carne e sangue”. É como se dissesse: “Carne e sangue são reais e podem fazer muito mal. No entanto, onde quer que a carne de alguém me ataque ou o sangue de alguém ferva contra mim ou meu caminho seja impedido por um homem, há algo acontecendo, algo mais profundo, maior, pior, mais sinistro, mais destrutivo diante de mim. É claro que carne e sangue podem ofender ou atrapalhar a causa de Cristo. O que eu quero dizer é que o príncipe do poder do ar é mais perigoso que qualquer dos seus súditos mas que será superado em cada momento do conflito ou que ele já perdeu a batalha:” (John Piper)
Mesmo que estejamos em meio a conflitos, até mesmo de injustiças e de perguntas pessoais sem resposta, a nossa verdadeira luta não é contra carne e sangue. Os discípulos de Jesus, no sentido, não são deste mundo, não que as coisas deste mundo não lhe importem, mas são colocadas no seu devido.
Se cremos assim na Palavra de Deus, o desafio soa claro: fixemos menos os nossos olhos na carne e no sangue, porque a nossa luta é mais em cima e já foi vencida por Cristo para nós.
VISTAMOS A ARMADURA DE DEUS.
Já que nossa vida é uma guerra, nas vidas familiar e profissional, precisamos estar preparados. Preparados e fortalecidos.
E só estaremos fortalecidos, se vestirmos a armadura de Deus.
Para as lutas humanas, há armaduras, mas não há garantia de vitória com elas. Na guerra espiritual, contamos com a armadura vencedora, indestrutível, de Deus. Em outras palavras, Deus nos oferece os recursos para esta luta contra Satanás.
O apóstolo Paulo conhecia bem a armadura dos soldados romanos, especialmente depois de ter passado cerca de três anos vigiado por alguns deles. Nesse período, a armadura de um soldado consistia de escudo, espada, lance, capacete e couraça. Paulo omite a lança, mas acrescenta o cinto e os sapatos, que, embora não fizessem parte da farda militar, eram-lhe necessários.
O cinto do cristão é a verdade. É a verdade que impede que sua roupa caia. Toda a sua vida está erigida sobre a verdade.
A couraça do cristão é a justiça. Todos os seus relacionamentos são justos.
O sapato do cristão é a paz. Onde vai, o cristão planta o evangelho da paz, a reconciliação com Deus, como embaixador de Cristo.
O escudo do cristão é a fé. É a fé em Deus que o protege de confiar em si mesmo, de seguir os outros.
O capacete do cristão é a salvação. O que despencar sobre a cabeça do cristão não lhe causará dano porque é resistente o capacete da salvação, colocado pela graça.
A espada do cristão é a Palavra de Deus. A armadura do cristão tem quatro armas de defesa e dois de ataque. A primeira é o sapato, usado para caminhar e anunciar. A segunda é a espada, empregada para alcançar pessoas com a palavra de Deus, não com as suas, por mais sábias e experientes que sejam. A armadura é, ao mesmo tempo, arma de defesa e de ataque.
O diabo existe e nos põe ciladas. Ele conhece os pontos fracos na nossa armadura. Nós temos pontos fortes que são nossos pontos fracos.
Não há consolo em conhecer as ciladas do mal, mas há consolo em saber que Deus nos coloca à disposição sua armadura.
Todos podemos experimentar “dias maus”. Não somos protegidos de coisas ruins nos acontecerem. Além disto, podemos estar despreparados para “dias maus”, quando usamos armaduras de outros, como Saul (1Samuel 17.38).
Temos uma imensa capacidade de pensar/fazer o que os outros fazem/pensam. Cito uma observação de Danuza Leão, para quem “as pessoas exageram ao seguir roteiros. Vão ao restaurante da moda, fazem a viagem da moda. É gente que não tem idéia própria, inteligência própria. Leva uma vida inventada. Lê no jornal que fulano vai a tal lugar e vai também. (…) Ninguém tem coragem de ousar. (Revista Época, 22.4.2002, p. 17)
Mostramo-nos despreparados quando usamos armadura com encaixes (1Reis 22:34). O
Evangelho pela metade, como a chamada teologia da prosperidade, é um tipo de armadura com encaixe. Não resiste ao ataque.
Devemos cuidar também para não usar armaduras próprias, não a de Deus (Mateus 11.21-22). Tendemos a confiar demais em nós mesmos. Precisamos confiar em nós mesmos, mas sem exagero.
OREMOS MAIS
Precisamos da armadura de Deus, mas também precisamos da oração a Deus. Satanás treme quando um cristão se ajoelha. (cf. A. T. Robertson).
Por isto, como recomenda Paulo, devemos orar em todas as ocasiões (verso 18).
Precisamos orar mais, como indivíduos (e aqui me incluo desesperadamente) e como igrejas.
A oração é a nossa fraqueza e a nossa força. Só oramos quando reconhecemos que somos fracos. Quando oramos, somos fortalecidos com coragem para a luta.
PREGUEMOS O EVANGELHO.
O maior inimigo do Evangelho é Satanás. Onde o Evangelho todo é anunciado, ele perde tudo. Por isto, nossa maior luta é pregar o Evangelho, o Evangelho todo, ao homem todo, em todos os lugares. Perdemos muito tempo em lutar contra carne e sangue, quando devemos lutar contra Satanás, anunciando o Evangelho aos seus ainda súditos, para que se convertam a Jesus Cristo.
Israel Belo de Azevedo