SE NÃO FOSSE A CEIA

Sobre quem é a Ceia?
A Ceia é sobre Jesus.
A Ceia é sobre a comunidade de Jesus.
Se não fosse a Ceia, não haveria a igreja de Jesus, que até poderia surgir, mas desapareceria, derrotada pelas portas do inferno.
Se não fosse a Ceia, não haveria a comunidade de Jesus, que, reunida ou espalhada, deriva a sua identidade daquele que veio, morreu, ressuscitou, subiu e vai descer de novo.
Se não fosse a Ceia, contaríamos histórias de um deus que morreu e cultuaríamos, tristes e cabisbaixos, sua memória, mortos de saudade.
Se não fosse a Ceia, não saberíamos o que Deus, em Jesus, fez por nós.
Se não fosse a Ceia, não experimentaríamos o conforto do Espírito Santo quando um querido nos vai, uma doença nos estressa, uma dificuldade nos aflige, mergulhados nas águas onde o nado é impossível, acuados no beco que não podemos pular.
Se não fosse a Ceia, não haveria a missão (andem por todo o mundo e convidem para a festa), senão a direção de uma vida sem sentido. Seria como viver sem ter o que dizer, senão da vida alheia. Seria como passar os dias sem uma usina interior de alegria, a menos que turbinados pela droga. Seria como tomar a rua sem saber para onde se vai.
Se não fosse a Ceia, não saberíamos que Jesus está voltando, para nos reunir de novo na celebração em que todas as línguas serão uma só, todos os ritmos musicais ecoarão ao mesmo tempo na sinfonia da diversidade, todos os aplausos, capazes de ensurdecer os ouvidos se ainda fossem humanos e não transformados, estalarão, em que muitas vozes tardiamente (tardiamente?) admitirão, como as testemunhas da cruz: Jesus, eu te reconheço como Senhor.
Porque O esperamos, celebramos, até que venha.
Porque O esperamos, como um amigo que vai ficar em nossa casa, a qual preparamos com lençóis novos, frutas frescas e expectativas de longas conversas.
O tempo de celebrar a Ceia é, portanto, agora. No céu não haverá Ceia, porque ela celebra o que virá (e o céu terá vindo); ela celebra o ausente, que agora é permanentemente presente e visível, como a lua de noite e o sol de dia; ela é para nos ensinar quem somos (seguidores de Jesus) e como devemos viver, de modo digno do Seu perfil (no qual devemos clicar e ler, ler, ler).
Celebrar a Ceia do Senhor é uma forma de orar: "Maranata!"
Vamos orar assim?

ISRAEL BELO DE AZEVEDO