BOM DIA: As lentilhas da razão, 1

Pergunta um crítico:
— Por que as religiões não ensinam a perguntar? Por que seguir ensinando que tudo está sabido, revelado e respondido?
Gosto das perguntas.
Gosto de responder a perguntas debruçado no interior da minha fé, fé cristã, fé que não nega a razão.
Começo pelo primeiro questionamento.
Falo pela fé cristã, na qual há os que não perguntam, consumindo acriticamente os ensinos que são ministrados, quando a recomendação da Bíblia é examinar tudo e só reter o que é bom. Desde Lutero é caro o princípio do exame livre das Escrituras Sagradas. Se elas são infalíveis, porque divinamente inspiradas, sua interpretação é absolutamente relativa.
Somos convidados a perguntar.
Dou um exemplo: deparamo-nos com a inolvidável história de Abraão. Deus, que abominava sacrifícios humanos, pede que ele sacrifique num monte o seu único descendente. Após uma longa caminhada e tendo chegado a hora de o cutelo esfacelar o corpo de Isaque, Deus suspende o sacrifício e mostra a Abraão o cordeiro a ser imolado.
Por que?
A narrativa bíblica não oferece sequer uma pista para a resposta.
As perguntas ficam no ar.
Cabe a cada um responder.
É instigante ser cristão. [CONTINUA AMANHÃ]

ISRAEL BELO DE AZEVEDO