Se existe uma palavra que, em minha ingenuidade gramatical, eu nunca havia pensado que seria usada no sentido positivo é a palavra viral. Nascido no início da década de 80, viral para mim sempre foi uma palavra prejudicial, seja para o corpo seja para os computadores. Contudo, nesses últimos dias essa palavra tem transformado situações e/ou pessoas comuns em astros instantâneos, o que, para mim, agrega a palavra um sentido positivo.
“Menos Luisa que estava no Canadá” e “Para Nossa Alegria” são dois recentes exemplos de vídeos virais (se você ainda não viu esses dois vídeos pode clicar aqui e aqui para entender). Os dois tiveram milhares de acessos, centenas de cópias, além de paródias, citações das expressões em shows e em conversas de amigos. Como tudo que se torna sucesso acaba indo para a televisão, com os protagonistas dessas histórias não foi diferente e eles acabaram indo da internet onde os vídeos se tornaram virais para a mágica tela da TV.
Apesar de igual sucesso em visualizações a senhorita Luisa e a família do para nossa alegria parecem ter diferentes caminhos anteriores e posteriores. Luisa ficou conhecida porque seu pai a citou em um comercial de TV para venda de apartamentos em um condomínio, enquanto ela passava suas férias no Canadá, talvez para aperfeiçoar seu outro idioma. Sua família, provavelmente, possui condições financeiras de a enviar para outro País. Do outro lado a família alegria veio à tona por compartilhar um momento de, por que não dizer, alegria. Estavam no Brasil, na sala de sua casa. Sua mãe não os citou, pelo contrário, reclamou da bagunça que o vídeo se transformou.
Luisa teve sua chegada ao Brasil filmada pela rede Globo de televisão e até mesmo participou de um telejornal. A família alegria como não chegou de lugar algum recebeu menos minutos da família Marinho. Luisa, que estava no Canadá, passou a frequentar festas cobrando cachês do nível de atores. A família alegria ganhou um contrato com uma gravadora gospel desconhecida. Luisa fez um comercial de TV do mesmo condomínio que possibilitou sua fama. A familia alegria ganhou um apoio da Pepsi, onde se a propaganda obtivesse muitos cliques, eles receberiam algum valor.
Ambos brasileiros, ambos famosos instantaneamente, mas representando dois lados do País e duas formas de celebração. Se uma foi celebrada por sua beleza, inteligência e juventude, os outros foram celebrados por sua desafinação ou por suas gargalhadas extravagantes, o que eu, particularmente, chamaria não de celebrar, mas de debochar.
Não sei a fé de Luisa, mas a família alegria deixou claro em suas entrevistas o propósito da música e o porque de quererem gravar o vídeo. Eles é que estavam celebrando. Com sua canção celebravam a alegria que eles dizem ter encontrado em Jesus.
Luisa pode até ser chamada de mais bonita, ter recebido melhor educação e até falar outro idioma, no entanto sabemos que nossa alegria não está no Canadá ou em um condomínio do nordeste. Ela pode estar dentro de nós onde, um dia um galho seco, existe uma flor que somente o Criador viu a possibilidade de brotar, e isso tudo, para a nossa alegria.