Quando olhei, uma charrete cruzava a avenida, bem à minha frente, carregando um papai noel, anunciado por sinos, abafados pelos ruídos da esquina.
Já?
Já. Vai começar tudo de novo.
O desafio é, para todos os cristãos, notar, por trás de tantos símbolos e pacotes tantos, o assombro que foi o nascimento de Jesus Cristo. Sei que “assombroso” não é boa palavra. Lembra outra coisa, mas não me ocorre outra. “Maravilhoso” está desgastada. Você prefere “espantoso”? Fico com “assombroso”, provisoriamente.
O projeto de Deus foi assombroso: encarnar-se, com todos os riscos, para ser melhor visto, ouvido e aceito pelos seres humanos. O método de Deus foi assombroso: fazer Seu Filho nascer de uma mulher pobre, nos fundos improvisados de um hotelzinho vagabundo. O meio de comunicação para informar o nascimento previsto foi assombroso: anjos alados, um sozinho (“salve, Maria!”) e outros em coro (“glória a Deus nas alturas”). A escolha das testemunhas convocadas foi assombrosa: pastores de ovelhas, que não gozavam de boa reputação à época.
Para um pregador o desafio é maior, sobretudo se ele se propõe a pregar várias mensagens natalinas. O que dizer de novo?
De novo, talvez nada, mas há muito o que dizer e o tempo é curto, mesmo com a estação antecipada para ser prolongada, em função de tudo o que precisa ser bem dito sobre o bendito Jesus Cristo, a quem bendigo:
Natal é de Deus o maior projeto,
tendo-lhe custado o oferecimento
do Seu Filho de tanto afeto.
Natal é Deus se mostrando aberto
para receber alegre todo presente
de quem publica seu agradecimento.
Natal é de Deus um convite-pavimento
para um pacto fraterno e completo
que produz a paz além do entendimento.
Natal é de Deus palavra eloqüente
a nos convidar ao silêncio crente
de quem sabe ouvir o que é certo.
Natal, creio com o coração ardente,
é o meu Deus de mim (por) perto,
esteja eu no paraíso ou no deserto.
ISRAEL BELO DE AZEVEDO