JESUS E O PAI SÃO UM

Errei.
Numa mensagem, mencionei um texto bíblico. Afirmei e reafirmei que em João 15.30 ouvimos Jesus dizer que ele e o Pai são um.
Do coro atrás ouvi discreta correção, assim que seus componentes foram saindo, mas o  culto tinha terminado.
Na fila dos cumprimentos, descobri que muitos, ouvindo a minha referência, foram a João 15.30 e não encontraram o pensamento.
 A fala é tão contundente que precisa ser repetida toda vez que nossas perguntas sobre a Trindade baterem no silêncio. Como Pai, Filho e Espírito são ao mesmo tempo três pessoas e uma pessoa?
A afirmativa é crucial porque ela legitima outra, do mesmo Jesus, de que, quando partisse, enviaria o seu Espírito, o Espírito Santo, para ser o nosso Conselheiro em todas as questões da vida, como lemos em João 16.7.
O texto que citei errado não determina o fim da reflexão, mas nos convida a pensar a partir de um pressuposto: a Bíblia é a verdade de Deus. Aceitar este pressuposto não implica em parar de ler outros autores. Antes, implica em assumir que não entregaremos nosso futuro à incerteza das especulações; antes, convida a que escolhamos ser orientados por Aquele que tem toda a sabedoria; antes, propõe-nos que, se a questão é de vida e morte quem tem que ser ouvido é quem é o Senhor da vida e da morte, o criador e consumador de todas as coisas; antes, lembra-nos que o Deus que se inclina, porque se importa conosco, decidiu nos deixar uma Palavra completa, objetiva e clara, conquanto escrita na linguagem do tempo dos seus primeiros leitores, o que sempre de nossa parte requer inteligência, jamais preguiça intelectual.
Se a pergunta é sobre Deus, a última palavra já foi dada. Jesus e o Pai são um. Podemos imaginar como isto é possível, mas não temos como flertar com um pensamento que contrarie esta verdade cristalina. Neste quesito, só nos resta clamar, de joelhos e em lágrimas:
— Senhor, eu creio, mas me ajude a entender.
Não estamos sozinhos neste desejo.
Antes de nós, como lemos em João 14.6-11, um contemporâneo de Jesus sinceramente lhe pediu:
— Jesus, mostra-nos o Pai, porque queremos conhecê-lo.
E Jesus ternamente apresentou suas credenciais:
— Quem me vê, vê o Pai.
Jamais alguém viu este Pai plenamente, somente ele, Jesus, como atestam suas palavras em João 6.46 e em outras 90 vezes no mesmo Evangelho de João.
Foi por isto que, tendo alguns segundo para refletir, fiz naquele domingo, ao descer as escadas internas, microfone ligado, a correção indispensável: não é em João 15.30, mas é em João 10.30 que Jesus clama:
— Eu e o Pai somos um.

ISRAEL BELO DE AZEVEDO