João 14.19: FOI, MAS VOLTA

Jesus não prega o quietismo diante dos problemas, mas prega ação, ação cheia de confiança e esperança.

FOI, MAS VOLTA 

João 14.19-20, 28-30 

 
 

“Dentro de pouco tempo o mundo não me verá mais; vocês, porém, me verão. Porque eu vivo, vocês também viverão. 

 

Naquele dia compreenderão que estou em meu Pai, vocês em mim, e eu em vocês. 

Vocês me ouviram dizer: ‘Vou, mas volto para vocês. Se vocês me amassem, ficariam contentes porque vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu’. 

 

Isso eu lhes digo agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vocês creiam. 

 

Já não lhes falarei muito, pois o príncipe deste mundo está vindo. Ele não tem nenhum direito sobre mim.  Todavia é preciso que o mundo saiba que eu amo o Pai e que faço o que meu Pai me ordenou. Levantem-se, vamo-nos daqui!” 

 

1. “Dentro de pouco tempo o mundo não me verá mais; vocês, porém, me verão” (verso 19a).

Jesus estava preparando seus discípulos para um tempo quando não mais o teriam fisicamente em sua companhia. Depois de sua morte, ainda o veriam, mas por pouco tempo. Agora O tinham e não mais O teriam. Seria um choque. No entanto, não deviam se sentir desamparados. Jesus continuaria com eles por meio do Seu Espírito.

A promessa nos alcança. Jesus continua conosco por meio do Seu Espírito.

Esta promessa não é para todos, mas  para todos os que crêem nEle. A presença de Jesus é vista por quem tem comunhão com Ele. Para quem não tem fé, Jesus é um cara qualquer, morto há quase dois milênios. 

 

2. “Porque eu vivo, vocês também viverão” (verso 19b).

Quando o Espírito Santo libera sobre uma pessoa a vida de Jesus, essa pessoa recebe um senso de vitalidade e alegria e isto acontece quando essa pessoa recebe Jesus como Senhor e Salvador. Jesus chama a esta sua entrada na vida de uma pessoa de “novo nascimento”. Esta é a sua promessa.

Parece simples demais? É uma promessa a ser recebida pela fé. Sem fé não se pode ver Jesus. Ter fé é ter um relacionamento com Deus, que começa com o reconhecimento do amor de Deus para conosco e continua com a aceitação de que este amor se tornou efetivo na cruz de Jesus Cristo, onde todos os nossos pecados podem ser perdoados. Ter fé demanda reconhecer os próprios pecados e aceitar o perdão para eles distribuído na cruz de Jesus Cristo. Quem tem fé vê Jesus. Quem não tem não vê. 

 

3. “Naquele dia compreenderão” (verso 20a).

Jesus se refere à Sua ressurreição e ao Pentecoste, que é o clímax da sua ressurreição, quando a Sua promessa de vida uma vida de poder se cumpriria na vida dos seus seguidores.

O Pentecoste complementa a ressurreição de Jesus. A ressurreição complementa a crucificação de Jesus. A crucificação complementa o nascimento de Jesus.

Quem quiser compreender o significado da vida precisa compreender o significado da vida, morte e ressurreição de Jesus. Na cruz o amor de Deus se tornou concreto, encarnado, visível, completo. Na cruz, o mistério do amor de Deus se tornou claro. Jesus recebeu sobre si o peso dos nossos pecados, retirando este peso de culpa de nós. Sem a cruz, a vida é culpa e peso. Com a cruz, a vida é alegria e liberdade. Como aceitar isto? Pela fé. Sem a cruz a nossa vida não tem razão de ser. Aceitar a cruz é uma questão de fé.

Na ressurreição vemos que Deus não desamparou Seu Filho. Na ressurreição notamos que a morte foi vencida por Jesus. A ressurreição de Jesus estilhaça a razão. Aceitar a ressurreição é uma questão de fé.

No Pentecoste, quando a promessa de que enviaria o seu Parácleto (Espírito Santo) se cumpriu, os discípulos puderam compreender que Jesus, o Pai e o Espírito eram um. O que Jesus disse que o Pai faria, o Pai fez por meio do Espírito Santo. Há uma união entre eles. Aceitar que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são uma só pessoa que nos ama apaixonadamente é uma questão de fé.  

 

4. “Compreenderão que estou em meu Pai, vocês em mim, e eu em vocês” (verso 20b).

Entender que o Pai estava em Jesus e Jesus estava no Pai é uma dificuldade especulativa, porque no plano prático logo entendemos. É a Trindade em ação. No entanto, como entender que Jesus está em nós e nós nEle?

Aceitar que Deus (Pai, Filho e Espírito) nos habita é uma questão de fé. Quando os discípulos vieram o que viram no Pentecoste não tiveram dúvida.

Quando estamos em Jesus? Estamos em Jesus quando Jesus está em nós.

Compreendemos melhor a nossa união com Ele, quando entendemos a Sua união com o Pai. A vontade do Pai era a vontade do Filho. O Filho pensava o que o Pai pensava. O Filho agia como o Pai agiria. O Filho era o Pai em ação. A união era perfeita.

A mesma união com Jesus deve haver em nós, embora da nossa parte não possa ser uma união perfeita. Há um cântico que diz: 

“Nosso espírito se une ao Espírito de Deus.Somos um pelos laços do amor”.(Hino 572 – Cantor Cristão) 

Na Trindade, essa união era uma fusão. No entanto, nossa união com Jesus não é uma fusão. Deus é Deus e nós continuamos humanos. A radical diferença permanece. No entanto, buscamos ter as mesmas atitudes que Jesus teve. Quando estava próximo de subir o Calvário, Jesus pediu um outro caminho. Tendo recebido a confirmação que o Calvário era a vontade do Pai, Jesus subiu até lá. Sua vontade era outra, mas Ele se submeteu à vontade do Pai. Seus passos foram os passos que o Pai daria.

Os nossos passos têm que ser os que Jesus daria. É difícil saber o que Jesus faria em nosso lugar, mas precisamos perguntar, perguntar e obedecer. Quanto maior a nossa comunhão com Jesus, mais fiel será a nossa leitura da mente de Jesus. Quanto mais fraca for a nossa comunhão, maior será a nossa própria vontade. Quanto maior a nossa comunhão com Jesus, maior o nosso amor; quanto maior o nosso amor, maior a nossa obediência aos seus mandamentos (versos 21-24). Quanto maior a nossa obediência, maior é a obra do Espírito Santo em nós (versos 25-26). Quanto maior a obra do Espírito Santo em nós, mais paz temos (verso 27).
Jesus em nós é Jesus trabalhando para nos levar a ser o que devemos ser. 

 

5. ”Vocês me ouviram dizer: ‘Vou, mas volto para vocês’. Se vocês me amassem, ficariam contentes porque vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu” (verso 28). 

Jesus recapitula o que disse anteriormente: “Disse-lhes Jesus: ‘Estou com vocês apenas por pouco tempo e logo irei para aquele que me enviou. Vocês procurarão por mim, mas não me encontrarão; vocês não podem ir ao lugar onde eu estarei’” (João 7.33-34). “E se eu for e lhes preparar lugar, voltarei e os levarei para mim, para que vocês estejam onde eu estiver” (João 14.3). ”Não os deixarei órfãos; voltarei para vocês” (João 14.18).

Para os discípulos, havia uma dificuldade: a partida de Jesus. Para nós, há outra dificuldade: a volta de Jesus. Os discípulos queriam adiar esta partida. Muitos de nós também queremos adiar a volta de Jesus, vivendo sem que ela fosse acontecer. O mundo terá que ver para crer, mas nós não precisamos ver para crer porque o sabemos pelas palavras de Jesus mesmo (verso 29 – “Isso eu lhes digo agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vocês creiam”). A história segue um curso sob o senhorio de Deus, que diz que as coisas vão acontecer antes que aconteçam. Quando olhamos, com fé, para o que Deus faz, só nos resta a boa alternativa de crer. 

 

6. “Já não lhes falarei muito, pois o príncipe deste mundo está vindo. Ele não tem nenhum direito sobre mim” (verso 30). 

A hora difícil (da morte) estava se aproximando. Para todos, pareceria a vitória de Satanás, o príncipe deste mundo. No entanto, a cruz tem que ser vista à luz da ressurreição. A cruz é a nossa vitória, porque nela ficaram os nossos pecados. O túmulo vazio é a vitória de Jesus. O túmulo vazio é a expulsão do príncipe deste mundo (cf. João 12.31).

Por agora, estamos sob o senhorio provisório do príncipe deste mundo. Ele nos causa muita dor, mas dor provisória. Ele nos dá muito medo, mas medo provisório. O gólgota foi provisório.

Quando a apoteose sombria da cruz transcorresse, Satanás riria diante dos aplausos. As trevas próximas pareceriam seu triunfo. Até os discípulos poderiam ficar confusos e tratar o espetáculo como uma derrota. Por isto, Jesus ensinou: “o príncipe deste mundo (…) não tem nenhum direito sobre mim”. 

A tarefa de Satanás é tentar destruir, porque seu método é a violência, a mentira, o roubo, a destruição. Com Jesus, no entanto, ele não tinha nenhuma chance. Não há pecado em Jesus.

Quanto a nós, nossos gólgotas também são provisórios. O príncipe deste mundo também não tem direito sobre um filho de Deus, mas um filho de Deus pode lhe dar direito, abrindo brechas para que ele faça estragos. Por isto, somos orientados a resistir ao diabo, que vai fugir (Tiago 4.7).

Experimentamos a força do príncipe deste mundo, mas “em breve o Deus da paz esmagará Satanás debaixo dos [nossos] pés” (Tiago 3.20). Não somos filhos do diabo, mas filhos de Deus. 

 

7. “Todavia é preciso que o mundo saiba que eu amo o Pai e que faço o que meu Pai me ordenou” (verso 31a).

O mundo, para crer, precisa saber que a morte de Jesus não foi uma vitória de Satanás, mas o momento mais sublime da obediência. A morte de Jesus foi voluntária, para derrotar Satanás. 

 

8. “Levantem-se, vamo-nos daqui!” (verso 31b).

Continuando a leitura do Evangelho de João, somos informados no capítulo 18 que eles se levantaram para se encontrar com Judas, o traidor. A partir daquele momento, os discípulos seguiriam a Jesus de longe. A partir daquele momento, Jesus não teria mais controle sobre a situação, até ser crucificado. Assim mesmo, chama: “vamos”.

Jesus não prega o quietismo diante dos problemas, mas prega ação, ação cheia de confiança e esperança. Jesus se levantou porque sabia que o Pai estava com Ele.

De igual modo, temos que pedir coragem para enfrentar os nossos problemas. Temos que pedir que sejamos fortalecidos com confiança e esperança, no enfrentamento de nossas dificuldades.

Nós temos um papel na história, que não se desenvolve à margem de nós, mas com nossa coragem, inteligência, esforço e obediência. 

 

RETOMANDO

Retomo algumas frases do que foi dito, para que nos fiquem mais claras:

 

1.     Jesus continua conosco por meio do Seu Espírito. Esta promessa é para todos os que crêem nEle. A presença de Jesus é vista por quem tem comunhão com Ele.

 

2.     Quando o Espírito Santo libera sobre uma pessoa a vida de Jesus, essa pessoa recebe um senso de vitalidade e alegria e isto acontece quando essa pessoa recebe Jesus como Senhor e Salvador.

 

3.     Quem quiser compreender o significado da vida precisa compreender o significado da vida, morte e ressurreição de Jesus. Na cruz o amor de Deus se tornou concreto, encarnado, visível, completo. Na cruz, o mistério do amor de Deus se tornou claro. Jesus recebeu sobre si o peso dos nossos pecados, retirando este peso de culpa de nós. Sem a cruz, a vida é culpa e peso.  

 

4.     Quando estava próximo de subir o Calvário, Jesus pediu um outro caminho. Tendo recebido a confirmação que o Calvário era a vontade do Pai, Jesus subiu até lá. Sua vontade era outra, mas Ele se submeteu à vontade do Pai. Seus passos foram os passos que o Pai daria. Os nossos passos têm que ser os que Jesus daria. Quanto maior a nossa comunhão com Jesus, mais fiel será a nossa leitura da mente de Jesus.

 5.     Os discípulos queriam adiar a partida de Jesus. Muitos de nós também queremos adiar a volta de Jesus, vivendo sem que ela fosse acontecer. O mundo terá que ver para crer, mas nós não precisamos ver para crer porque o sabemos pelas palavras de Jesus mesmo. 

 

6.     Por agora, estamos sob o senhorio provisório do príncipe deste mundo. Ele nos causa muita dor, mas dor provisória. Ele nos dá muito medo, mas medo provisório. O gólgota foi provisório. Experimentamos a força do príncipe deste mundo, mas “em breve o Deus da paz esmagará Satanás debaixo dos [nossos] pés” (Tiago 3.20).  

 

7.     Jesus não prega o quietismo diante dos problemas, mas prega ação, ação cheia de confiança e esperança. Jesus se levantou porque sabia que o Pai estava com Ele. Nós temos um papel na história, que não se desenvolve à margem de nós, mas com nossa coragem, inteligência, esforço e obediência.