Num voo do Rio de Janeiro para Porto Alegre na semana passada, assisti a um vídeo com a Dani Suzuki sobre como usar a espada do samurai. O senhor que a instruiu era chamado de Sensei (que traduziram como Mestre). Dani perguntou a ele se conhecia ou se existia algum samurai no Japão. A resposta foi não.
Segundo a Wikipédia, o samurai era como um soldado da aristocracia do Japão entre1100 e 1867. Com a restauração Meiji, a sua era, já em declínio, chegou ao fim. Suas principais características eram a grande disciplina, lealdade e habilidade com a katana (espada, sabre). O samurai nunca desistia.
Dani disse que existe um samurai dentro dela, pois tudo o que ela conquistou foi com muita luta e dedicação. Estendendo essa afirmativa, podemos dizer que existe um samurai dentro de cada um de nós. Como cristãos podemos dizer que esse “samurai” que vive dentro de nós e que nos ajuda a ir em frente é o Espírito Santo. A Palavra de Deus nos diz que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo. (1 Coríntios 6.19).
O treinamento para uso da espada do samurai exige muita concentração e é muito duro. Há que se ter disposição física, disciplina e persistência. Coisas que parecem fáceis são muito difíceis. Os exercícios de concentração e posicionamento exigem precisão. O ritual é rigoroso. Realmente é preciso estar disposto a “encarar” o treinamento. Os japoneses são carinhosos, mas também muito fechados. Para as formas de interação dos brasileiros (abraços e beijos) mostram-se envergonhados.
O que chamou muito a minha atenção foi o final do filme, quando a Dani fez questão de agradecer a todos por tudo: pela recepção, pela estadia, pela comida e pela paciência nos treinamentos com a espada. Somente com o agradecimento feito por ela pode-se ver que os japoneses ficaram emocionados, porém tentaram se resistir à emoção. Ela então abraçou e beijou cada um, muito educadamente e com todo o respeito para não ferir a cultura deles. Daí não teve jeito, “desabaram”. Foi um choro só.
A moça que cuidava da casa e da comida ficou imensamente emocionada. A impressão que tive é que nunca haviam agradecido a ela como a Dani fez (e olhe que não foi nada exagerado). O sentimento de ser reconhecida, de se sentir valorizada pelo que fez (embora pudesse parecer sem valor), levou-a a essa manifestação. Até mesmo o Sensei, após ser beijado derramou as suas lágrimas. Culturas diferentes, pessoas diferentes, lugares diferentes, línguas diferentes, conceitos e crenças diferentes, mas algo consegue ser comum entre as pessoas, quando vivido sinceramente: o amor.
O samurai chorou. Quando vi isso, passou pela minha mente o seguinte: o mestre chorou. Imediatamente lembrei-me do meu Mestre, Jesus, que também chorou quando chegou à casa de Marta e Maria, após a morte de Lázaro, que Ele ressuscitou. Mesmo sentimento: amor profundo pelo semelhante. Segundo James C. Hunter, autor de “O Monge e o Executivo” (Editora Sextante), amor não é um sentimento, mas uma atitude. Não basta dizer que sente amor, você tem que demonstrar amor por meio das suas ações. Ações voltadas para o bem das pessoas.
Temos demonstrado gratidão às pessoas pelo bem que elas nos têm feito? Seja em que área for. Você cumprimenta e agradece as pessoas? Pequenos gestos e ações com certeza têm nos ajudado em nosso dia a dia. Como temos visto isso? Conseguimos perceber ou simplesmente ignoramos? Como está o nosso sensor? Penso que gostamos de receber elogios ou agradecimentos pelo que fazemos (não que trabalhemos somente com esse foco). Será que nossos semelhantes também não gostam?
Procure aplicar esse simples gesto: do agradecimento. Tente deixar seu sensor ligado para perceber as oportunidades de fazer isso e de monitorar o bem que você tem recebido. Grandes bens são mais fáceis de identificar. Procure ter sensibilidade para os pequenos. Você verá a diferença. Se suas ações forem reconhecidas, quem sabe você poderá fazer também como fizeram o samurai e a sua equipe: não segure as lágrimas. Que a sua katana seja a katana do amor.
Lembrando também do apóstolo João: “Se alguém confessa publicamente que Jesus é o filho de Deus, Deus permanece nele, e ele em Deus. Assim conhecemos o amor que Deus tem por nós e confiamos nesse amor. Deus é amor. No amor não há medo; ao contrário o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor. Nós amamos porque Ele nos amou primeiro. Se alguém afirmar: eu amo a Deus, mas odiar seu irmão; é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ele nos deu este mandamento: Quem ama a Deus, ame também seu irmão.” (1 João 4.15-21). Pense nisso e boa semana.
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