DIGNIDADE, GARRA E INVEJA (Richard José Vasques)

altExiste relação entre essas três palavras? Duas delas me vieram à mente durante os últimos jogos olímpicos realizados em Londres. E a terceira vem chamando a minha atenção já há algum tempo. Tenho procurado refletir mais nessa última e também me policiar muito mais em relação a ela. As duas palavras oriundas dos jogos olímpicos são: Dignidade e Garra. Vamos à Wikepédia:

Dignidade: palavra que define uma linha de honestidade e ações corretas baseadas na justiça e nos direitos humanos, construída através dos anos criando uma reputação moral favorável ao indivíduo. Está relacionada ao respeito aos códigos de ética e cidadania, nunca os transgredindo, não ferindo assim, a moral e os direitos de outras pessoas. Ser digno é obter merecimento ético por ações pautadas na justiça, honradez e na honestidade.

Garra: esforço, empenho. Estar focado, concentrado em uma meta ou objetivo. Não se desviar do seu foco. Mostrar-se motivado e alinhado com o todo.

Ouvi a palavra dignidade em um comentário feito sobre a seleção americana de voleibol feminino. Elas foram dignas por não se deixar derrotar pela equipe da Turquia, o que eliminaria o Brasil da competição. Se elas jogassem “seguindo o regulamento”, provavelmente enfrentariam outra seleção que lhes daria maior chance de obter a medalha de ouro. Fizeram a sua parte, jogaram normalmente, focadas em enfrentar qualquer seleção. Não procuraram “desviar” o Brasil. Por isso fomos campeões, por termos a oportunidade de continuarmos na competição, o que não teria acontecido se os Estados Unidos perdessem para a Turquia.

Alguém também me disse que isso não é dignidade, que os Estados Unidos não fariam isso (perder uma partida) por questão do seu orgulho. De qualquer forma agiram corretamente, mantiveram sua reputação favorável e mostraram a prática da ética e honradez para todo o mundo. Também mostraram estar prontas para enfrentar qualquer situação. Lutaram até o fim mostrando também “garra”.

Garra: essa palavra materializou uma cena que vi no início do jogo de futebol entre Brasil e México, na disputa pela medalha de ouro. Os jogadores do México estavam todos concentrados, cantaram o hino do seu país com muita seriedade, orgulho, vibração, concentração, mostrando o perfil de guerreiros com “garra” para obter a vitória. Não senti o mesmo por parte da nossa seleção. Essa postura refletiu em campo a superioridade mexicana, tirando de nós a tão sonhada medalha de ouro.

Concluo então, que a “garra” pode existir em conjunto com dignidade. O fato de ser digno não quer dizer que você não vai se empenhar e se esforçar para obter os resultados desejados: O que as suas mãos tiverem que fazer que o façam com toda a sua força. (Eclesiastes 9.10a). O Apóstolo Paulo também nos orienta a irmos em frente: Esforcem-se para ter uma vida tranquila, cuidar dos seus próprios negócios e trabalhar com as próprias mãos, como nós os instruímos; a fim de que andem decentemente aos olhos dos que são de fora e não dependam de ninguém.” (1 Tessalonicenses 3.11-12). Dignidade e Garra.

Parece que isso dá resultado positivo. Então por que não agir assim? Muitas vezes ficamos olhando para os lados, observando o sucesso dos outros e as nossas eventuais “derrotas”. A Bíblia trata isso muito bem, principalmente no Salmo 73, quando Asafe abre o seu coração para Deus comentando sobre os atos dos ímpios (pessoas contrárias à religião, que não seguem os mesmos caminhos). Na verdade ele diz ter tido inveja deles, no tocante à sua prosperidade, por não passarem por sofrimentos, terem saúde, por serem arrogantes e sempre aumentarem as suas riquezas.

Temos tido inveja de alguém? Como andamos em relação a esse assunto? Precisamos estar atentos e vigilantes quanto a esse sentimento. O Salmo 49 diz assim nos versos 16 e 17a: “Não se aborreça quando alguém se enriquece e aumenta o luxo da sua casa; pois nada levará consigo quando morrer.”

Devemos ficar felizes com o sucesso das pessoas, principalmente dos nossos amigos. Não devemos sentir inveja deles quando tudo está dando certo para eles, e muitas vezes não está ocorrendo da mesma maneira para nós. Cuide dos seus negócios, trabalhe com suas próprias mãos, seja decente, não dependa dos outros.

O nosso desafio é servir bem com o que estamos fazendo. Pessoas realizam tarefas diferentes, e o ideal é que essas tarefas agreguem algum valor para outras pessoas. Se não for assim, não haverá sentido naquilo que você está realizando.

Dentro desse foco, nos sentiremos bem fazendo a nossa parte, sem nos preocuparmos (negativamente) com o sucesso e a realização dos outros. Faça a sua parte, muito bem feita, como para Deus e não para os homens, com dignidade e garra, deixando a inveja de lado. Boa semana.

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