BOM DIA: Simples demais

Lendo as crônicas dos reis de Israel da antiguidade, deparamo-nos com um general estrangeiro, herói de guerra, que ficou doente.
O rei do seu pais ficou sabendo que em Israel haveria chance de cura. Depois de um mal-entendido diplomático, um profeta-taumaturgo entrou em ação e pediu que o general tomasse sete banhos num rio para ficar livre do seu mal.
O comandante ficou indignado. Queria apenas que o profeta desse uma ordem e sua pele — onde se alojara a sua enfermidade — ficasse limpa. Além disso, rio por rio o seu pais tinha melhores.
Aconselhado por seus assessores, Naamã, o general se submeteu e foi curado.
Então, mudou completamente de ideia e chegou a levar para casa uma bela porção de terras, para sobre elas celebrar seus cultos.
Dois momentos da história retratam a condição humana.
No começo, o chefe de Naamã, que era rei, escreveu para seu colega em Israel pedindo que curasse seu oficial, como se o monarca judeu tivesse tal poder.
Depois, o militar tentou se recusar a seguir a instrução do profeta, a de se lavar no rio, por ser também algo simples demais (ridículo mesmo).
Temos, portanto, dificuldade em conviver com o fato que o poder de Deus não tem nada a ver com o poder humano. Ele trafega por outros caminhos e bafeja outras pessoas, algumas muito simples, mas que levam a sério o que Deus fala e faz. O poder é de Deus, que o dá, como dom, a quem quiser, independentemente de títulos e posses.
Também dificilmente nos acostumamos com a realidade que Deus age através de coisas simples, banais até, como uma série de mergulhos num rio. Sua fala não vem necessariamente precedida de um trovão. Seus atos não têm obrigatoriamente uma coreografia cercada de gelo seco para ser melhor documentada pelas câmeras de televisão. Deus não precisa de marketing e, por isto, muitos não creem nele.

ISRAEL BELO DE AZEVEDO