Se tem um grupo de pessoas em que Jesus bateu foi o dos hipócritas.
O hipócrita não é sincero, mas acha que é. Ele oprime o outro e a si mesmo.
A hipocrisia tem dois níveis.
No primeiro, dizemos uma coisa e fazemos outra. Talvez até desejemos fazer o que dizemos, mas não conseguimos. Talvez tenhamos aprendido que podemos tirar vantagens por dizermos certas coisas e acabemos gostando. Tudo pode começar a mudar se, olhando no espelho a nossa incoerência, ficamos internamente constrangidos.
No segundo nível, a sofisticação alcança seu ápice. Dizemos uma coisa, fazemos outra, mas nos empenhamos para que todos acreditam que fazemos o que dizemos que fazemos.
Quando nossa hipocrisia está no primeiro nível, podemos nos empenhar em fazer o que desejamos. Incomodados, podemos dizer menos e ser mais. A jornada é dura, mas teremos dado o primeiro passo.
Quando alcançamos o segundo estágio, em que institucionalizamos a aparência como mais importante que a verdade, talvez tenhamos nos enredado numa teia de difícil fuga. Se formos honestos e olharmos para o espelho, talvez nos desesperemos. Se prosseguirmos, reconheceremos a nossa hipocrisia.
Mas há solução em ambos os níveis e ela começa com o arrependimento.
ISRAEL BELO DE AZEVEDO
