Abaixo os inimigos de Jó, 4

O caso da mulher encurvada por uma escoliose (Lucas 13.11-17) suscita ainda uma pergunta: nunca uma doença (somática) pode ter uma origem numa ação de Satanás?
Comecemos do começo, com todo o cuidado. Todos os sofrimentos humanos (sejam doenças ou acidentes ou conflitos) têm sua origem em Satanás que, ao tentar o homem, introduziu o mal no mundo. No entanto, ele não é o responsável pelo sofrimento; é o homem, em sua liberdade, que escolhe sofrer, ao preferir seguir o roteiro indicado por seu Inimigo, achando-o amigo.
Neste sentido, podemos dizer: Satanás é o causador de todas as doenças, mas autor IN-DI-RE-TO.
Assim, podemos dizer que Bíblia nos autoriza a pensar que, EXCEPCIONALMENTE, Satanás é o causador DIRETO do sofrimento humano (e, excepcionalmente, porque a maioria dos textos não faz esta associação.
Paulo, por exemplo, considerava seu espinho na carne (que pode ter sido uma enfermidade somática) um emissário (αγγελοσ > angelos > anjo) de Satanás. Como não temos mais nenhuma informação, não devemos elaborar uma regra a partir desta declaração, que pode ser metafórica, para indicar a intensidade da sua dor.
Temos, então, o caso da mulher que havia 18 anos estava encurvada pelo poder daquele que veio para matar, roubar e destruir.
Não conhecemos a história da mulher, para sabermos como começou a sofrer. Teria ela, por exemplo, dado brechas em sua vida para que Satanás a dominasse? Há casos em que, infelizmente, isto acontece. Nesses casos, o autor também é humano, respeitado por Deus em sua liberdade. Sua doença não é um castigo por parte de Deus, mas a consequência dos seus atos.
Aprendemos igualmente da leitura do texto que Jesus não expulsou o espírito (de Satanás), mas curou a enfermidade (da mulher). Jesus não quis colocar sobre aquela mulher mais uma carga (a de culpada). Jesus a curou no sábado (embora a lei lho proibisse), não para mostrar que estava acima da lei, mas porque a oportunidade do encontro foi naquele dia e, naquele dia, ele resolveu o seu problema; seu sofrimento não podia esperar mais um dia sequer. A religião não pode fazer senão o bem.
Como um ladrão que procura um alvo (casa, automóvel, objeto) fácil, Satanás, covardemente, ataca quem está fragilizado, psiquicamente ou espiritualmente. Uma pessoa fragilizada, cheia de brechas, será oprimida por ele. A sua fragilidade (demonstrada, por exemplo, na dependência do sexo, do álcool ou da droga, no apelo à violência ou à mentira ou na sucessiva tomada de decisões irresponsáveis e destruidoras) permitirá que Satanás aja sobre sua mente e sobre o seu corpo. A doença, preexistente, será potencializada. Quando ele toma conta da vida de uma pessoa, seu propósito é a destruição.
A única chance de livramento que esta pessoa tem é buscar a Jesus, verdadeiramente poderoso e amorosamente capaz de produzir, pela graça, a salvação completa e total.
Por esta razão inclusive, uma pessoa já alcançada pela graça de Jesus jamais ficará doente em consequência de uma ação de Satanás. Afinal, o Espírito Santo que está no coração dos que creem em Jesus "é maior do que aquele [Satanás] que está no mundo" (1João 4.4).

Israel Belo de Azevedo