EU POSSO SER LUZ
(Mateus 5.14-16)
Quem nasceu na era da luz elétrica não conheceu um profissional já extinto: o acendedor de lampiões das ruas. Hoje, em que 98% dos lares brasileiros são iluminados por energia elétrica (e praticamente 100% no sudeste), ele não faz mais sentido, mas já fez, no mundo e no Brasil.
Ele encantou gerações. Conta-se, por exemplo, que, quando jovem, o escritor Robert Louis Stevenson (1850-1894), autor da “Ilha do Tesouro”, estava numa noite fria, com a cabeça para fora da janela do seu quarto, olhando um acendedor de lampiões na rua. Quando foi repreendido pelo perigo que corria, ele respondeu:
— Olha lá: tem um homem escavando buracos nas trevas.
Relembrando o primeiro quartel do século 20, uma senhora paulistana escreveu: “Uma das profissões mais românticas e interessantes que eu tive oportunidade de apreciar foi o acendedor de lampiões de gás… Na rua Augusta onde eu morei de 1918 a 1924, os acendedores eram figuras obrigatórias… Eles vinham caminhando pela rua tanto para acender o lampião ao cair da noite como para o apagar ao amanhecer do novo dia. Carregavam um grande bastão com uma ponta em forma de funil e costumavam avisar a hora gritando “São seis horas!”. Depois que me mudei para o Itaim, nunca mais vi um acendedor de lampiões… Ficou só a velha letra da música: “Lampião de gás, lampião de gás, quantas saudades você me trás!” (SANTA ROSA, Nereide S. Histórias de Dona Guiomar)
No Rio de Janeiro, em 31 de dezembro de 1934, quando ainda havia 490 combustores que iluminavam algumas ruas dos subúrbios cariocas, foi apagado o último lampião a gás da cidade. Junto desapareceu o acendedor de lampiões, imortalizado num poema de Jorge de Lima (1895-1953)
O ACENDEDOR DE LAMPIÕES
Lá vem o acendedor de lampiões de rua!
Este mesmo que vem, infatigavelmente,
Parodiar o Sol e associar-se à lua
Quando a sobra da noite enegrece o poente.
Um, dois, três lampiões, acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
À medida que a noite, aos poucos, se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente.
Triste ironia atroz que o senso humano irrita:
Ele, que doira a noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita.
Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade
Como este acendedor de lampiões de rua!
A humanidade viveu sem a luz elétrica até 1879, quando Thomas Alva Edson inventou a lâmpada incandescente.
Ao tempo de Jesus, usavam-se velas ou lamparinas para iluminar as casas, os prédios públicos e as ruas, com muita precariedade, se comparados aos tempos da luz elétrica. Usavam-se também, inventadas pelos gregos sete séculos antes, as lâmpadas de terracota, para substituir as tochas de mão. (Por curiosidade, registremos que a palavra lâmpada vem de lampas, que significava tocha).
Por ocasião da Festa das Luzes ou Dedicação (Hanuká), os judeus carregavam castiçais de ouro para iluminar o templo de Jerusalém e a cidade.
Os ouvintes de Jesus deviam ter participado, ou desejavam participar, de uma festa desta. Jesus participou (João 10.22).
Eles entenderam quando disse:
Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte. E, também, ninguém acende uma candeia e a coloca debaixo de uma vasilha. Ao contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a todos os que estão na casa. Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus. (Mateus 5.14-16)
1. Jesus não diz que devemos ser luz. Ele diz que somos luz.
Esta é uma realidade que não se pode contestar, assim como uma cidade sobre uma montanha não tem como não ser vista. Se somos cristãos, as pessoas verão. Se não estão vendo, é porque não somos.
Jesus ensinou aos seus discípulos que a vida que precisamos viver é uma caminhada, que envolve dois processos: a salvação e a santificação.
Não há salvação sem santificação (exceto nas conversões do tipo ladrão na cruz, em que à salvação se segue a morte do convertido). Tem havido muita confusão nesta área.
Um dos pontos em que os evangélicos são acusados de presunçosos está relacionado à nossa convicção de que uma pessoa pode ter certeza da sua salvação. Esta é uma afirmativa derivada da Bíblia. Jesus diz diretamente: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida” (João 8.12). Podemos ter certeza da salvação, porque uma vez tendo confessado a Jesus como Senhor e Salvador, temos nossos nomes lançados no Livro da Vida, de onde ninguém pode apagar.
Em termos práticos, quem tem certeza da sua salvação tem prazer em se por no caminho da santificação. Uma pessoa que não tem prazer em agradar a Deus, pondo-se no caminho da santificação, está enganada, redondamente enganada. Sim, estão enganadas essas pessoas que, por um dia terem tido uma experiência (emocional) de receberem a Jesus como Salvador e Senhor, confiam em sua salvação para continuarem servindo a si mesmas ou ao seu próprio ventre (Romanos 16.18)
Quem é salvo é santo. Quem é santo é salvo. Não há santificação sem salvação. Quem é salvo e santo é luz.
Jesus mesmo disse isto, em outros termos, para nos convidar à santificação:
Os olhos são a candeia do corpo. Quando os seus olhos forem bons, igualmente todo o seu corpo estará cheio de luz. Mas quando forem maus, igualmente o seu corpo estará cheio de trevas. Portanto, cuidado para que a luz que está em seu interior não sejam trevas. Logo, se todo o seu corpo estiver cheio de luz, e nenhuma parte dele estiver em trevas, estará completamente iluminado, como quando a luz de uma candeia brilha sobre você (Lucas 11.34-36).
Portanto, devemos viver como homens e mulheres-luz. O apóstolo Paulo nos chama de “filhos da luz”: “Outrora vocês eram trevas, mas agora são luz no Senhor. Vivam como filhos da luz, pois o fruto da luz consiste em toda bondade, justiça e verdade; aprendam a discernir o que é agradável ao Senhor” (Efésios 5.8-10).
2. Jesus não diz que devemos ser a luz do mundo. Ele diz que somos a luz do mundo. Ele espera que nossa luz brilhe.
Logo, a pergunta é se estamos ou não sendo luz. A pergunta é: para onde a nossa luz está levando o mundo?
Trago uma resposta positiva, vinda de uma fonte irrecusável. A África é um continente que vive dramas sem fim. Recentemente um jornalista inglês, que passou por lá parte de sua vida, voltou ao continente 45 anos depois e escreveu algo impressionante:
Agora, um ateu declarado, estou convencido da enorme contribuição que evangelismo cristão tem na África, nitidamente distinta daquela proporcionada pelas ONGs seculares, pelos projetos governamentais e pelos demais esforços. Isto apenas não é o suficiente. Educação e treinamento apenas não são suficientes. Na África, o Cristianismo transforma o coração das pessoas; ele traz mudança espiritual. O renascimento é real. A mudança é para melhor. (…) Aqueles que desejam que a África se sobressaia na competição global do século 21 não devem se enganar acreditando que o fornecimento de recursos materiais ou até o conhecimento técnico que acompanha o que podemos chamar desenvolvimento irá fazer a diferença. Um sistema inteiro de crenças deve ser, antes, suplantado. Tenho medo de que ele seja suplantado por outro. A retirada do evangelismo cristão desta equação pode deixar o continente à mercê da maligna fusão entre a Nike, o doutor bruxo, o telefone celular e a machete. (PARRIS, Matthew Parris. Embora ateu, acredito realmente que a África precisa de Deus”. Times. Londres, 27.12.2008. Em INGLÊS e Em PORTUGUÊS)
Tomo este testemunho como um desafio.
Jesus afirma que somos a luz do mundo. Se ela se apagar, quem iluminará o mundo, quem conduzirá o mundo?
Não podemos esconder a nossa luz. Não podemos apagar o nosso farol.
Conheço vários faróis no mundo, uns já desativados. No Rio de La Plata, subi em dois: um em Colônia do Sacramento, no Uruguai. Do alto, pode-se ver objetos bem distantes. Era usado como instrumento de defesa. Em Montevideu, no mesmo rio, há outro, bem conservado e desusado, mas que no passado servia de defesa e principalmente de orientação para os navegadores. No entanto, o farol que mais me marcou foi o que vi na China ao longo da fronteira com a Coréia do Norte. Muito alto, sua luz emitia sua luz. compassadamente. O missionário sul-coreano que me conduzia me disse que, mesmo que falte combustível para os automóveis e fábricas do país, não faltará para o farol, que precisa continuar sinalizando que o comunismo está vivo.
Não há como não nos admirarmos negativamente de nós, quando tentamos esconder a nossa candeia debaixo da cama, por causa de uma enfermidade ou de uma decepção ou de uma oração que achamos que não foi respondida. Quantas vezes recolhemos nossas vozes só porque está um pouco rouca!
Há muitos anos fui desafiado por um professor de Seminário (professor Reynaldo Purim). Ele dizia que o cristianismo era para estar na dianteira do mundo, não na rabeira. O cristão é para ser seguido, não para seguir.
Eu não tenho a resposta, mas continuo com a pergunta: como podemos sinalizar o caminho pelo qual o mundo deve seguir?
Para onde vai a arte? Temos sinalizado o caminho para os artistas ou os temos deixado ao léu?
Para onde vai a ciência? Temos sinalizado o caminho para os cientistas ou os temos deixado sozinhos nos laboratórios?
Para onde vai a política? Temos sinalizado o caminho para os políticos e para a sociedade ou os temos deixado à sua própria sorte?
Para onde vai a economia? Temos sinalizado o caminho para os formuladores das políticas econômicas ou esse assunto é técnico demais?
Para onde vai o direito? Temos sinalizado o caminho que para quem direito e justiça sem sinönimos ou temos deixado esta área entregue aos seus atores?
É verdade que a arte, a ciência, a política e a economia não nos querem a orienta-los. Será que nós mesmos não nos afastamos? Será que não podemos nos redimir de nossas omissões e nos envolvermos para redimir a arte, a ciência e a política?
Para tanto, precisamos nos preparar, para que sejamos ouvidos. Precisamos de vidas santas, porque seremos vistos como nós realmente somos, e vida sábias, para que sejamos respeitados com conhecimento sobre o assunto sobre o qual queremos oferecer orientação. Temos que pensar na arte, na ciência e na política como campos missionários para os cristãos.
Ou a nossa luz brilha ou as trevas serão mais espessas. A força das trevas tem a ver diretamente com a força da luz. Será mais forte quanto mais escondermos a nossa luz.
Foi isto que Jesus disse quando nos conclamou:
Brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus (Mateus 5.14-16).
Somos luz, mas podemos não brilhar ou brilhar pouco. Nossa lâmpada pode ser de 20, 50 ou 200 watts de potência. Quanto mais forte for, mais largos serão os buracos que fará nas trevas.
Quando olho para as lâmpadas, vejo que a fonte de energia é a mesma, tanto para as lâmpadas de 20, 50 ou 200 watts. Não há problema com a fonte, mas pode haver na lâmpada, no fio até a lâmpada, no bocal da lâmpada.
Nossa luz vem de Deus. A Fonte é sempre a mesma. A potência original é sempre a mesma. Como vai a nossa lâmpada? Como está o bocal?
3. Como nossa luz pode brilhar ainda mais ou, se for o caso, voltar a brilhar?
Leio de novo as duas estrofe finais do soneto de Jorge de Lima
Triste ironia atroz que o senso humano irrita:
Ele, que doira a noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita.
Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade
Como este acendedor de lampiões de rua!
Há cristãos que querem doirar a noite e iluminar a cidade, mas não podem faze-lo porque tem escondido a luz de Jesus debaixo da cama dos seus pecados não confessados e das suas enfermidades não curadas.
Há cristãos que insinuam amor e felicidade para outros, mas não experimentar amor em casa e nem felicidade interior. Infelizmente há cristãos em que a luz de Jesus não se traduz em respeito ao próximo e alegria interior que se irradia.
Espero que não seja o seu caso.
Se você tem sido luz, deseje brilhar mais. Se a sua lâmpada está com 20 watts, queira ser uma de 50. Se está com 50, queira ser uma de 200.
O mundo precisa da sua luz.
O mundo jaz nas trevas da opulência. Ponha sua luz sobre a opulência e haverá mais igualdade e justiça no mundo.
O mundo jaz nas trevas da violência. Ponha sua luz sobre a violência e haverá mais paz e segurança no mundo.
O mundo jaz nas trevas da conveniência, em que cada um olha apenas para o que lhe interessa aqui e agora. Ponha sua luz sobre a conveniência e haverá mais pessoas interessadas no bem-estar uma das outras.
O mundo jaz nas trevas da aparência, com as pessoas sempre seguindo alguém que esteja brilhando. Mostre sua luz e você também será seguido.
Se você não tem sido luz, deseje ser luz. Este é o primeiro passo.
O segundo é verificar o que está impedindo que a luz chegue à sua lâmpada. Pode ser uma carga excessiva ou uma doença, física, emocional ou moral. Cuide-se. Trate-se.
Às vezes, cabe-nos uma tarefa que nos drena a alegria e a energia para viver. Às vezes, a sucessão de fracassos ou sonhos despedaçados vai se tornando uma espécie de destino mau, do qual não podemos nos livrar. Se estes são os nossos casos, não estamos excluídos do mandamento de brilhar diante dos homens. Ore como o salmista: “Tu, Senhor, manténs acesa a minha lâmpada; o meu Deus transforma em luz as minhas trevas” (Salmo 18.28). Podemos nos empenhar em recuperar a alegria, mesmo durante o problema que vivemos. Precisamos olhar para o Alto, de onde vem o socorro (Salmo 121.1). Precisamos ter a consciência que os nossos atos ou os atos dos outros têm conseqüências, que nos alcançam. Precisamos saber que Deus está conosco, mesmo que não pareça, e vai nos capacitar para enfrentar a borrasca, mesmo que longa. Precisamos ter certeza que nada nos separa do Seu amor para conosco. Precisamos pedir a Deus que nos dê a perspectiva correta diante do problema, por mais que nos doa. Precisamos tirar lições das crises que nos façam crescer. Oremos como a Bíblia nos ensina: “O Senhor é a minha luz e a minha salvação; de quem terei temor? O Senhor é o meu forte refúgio; de quem terei medo?” (Salmo 27.1). “Pois em ti está a fonte da vida; graças à tua luz, vemos a luz” (Salmo 36.9).
No caso das nossas doenças, é fácil localizar uma enfermidade física; ela pode ser diagnosticada por nós mesmos, nos casos simples, ou por um médico, nos casos mais sérios. Trate da sua saúde, para que a sua enfermidade não impeça a luz de entrar. Conserte o seu bocal. Reveja a fiação. Balance a lâmpada para ver como vai o seu bulbo.
Se a doença é emocional, gerando, por exemplo, uma tristeza ou uma irritação crônica ou recorrente, uma falta de vontade de trabalhar ou se relacionar, a dificuldade é maior, mas pode ser equacionada, com fé e coragem, com a ajuda de um profissional. Não se entregue, se for o seu caso. A luz de Deus precisa entrar.
Se a doença é moral, é tempo de conversão ou, quem sabe, de uma nova conversão. Pode ser que você tenha apagado o Espírito Santo dentro de você, sufocando-O de tal modo, que agora você tem pensamentos próprios e comportamentos próprios, pouco importando o que Espírito Santo diz por meio da Palavra de Deus. Você faz seu estilo. Você concebe a sua filosofia de vida. O seu jeito de ser é o seu jeito de ser. Você mesmo guia a sua vida determinando o que é certo e o que é errado. De vez em quanto até acerta por causa da réstia de luz que ainda lhe chega. Se você afirma que tem comunhão com Deus, mas anda nas trevas, você está mentindo e não pratica a verdade (1João 1.6).
Ainda dá tempo de recomeçar a viver como filho da luz. Como recomenda Jesus, lembre-se de onde caiu (Apocalipse 2.5) e retome o caminho da santidade. Li o seguinte:
Seja o que você é,
porque se você é quem você não é,
você não é quem você é.
Concordo, mas acrescento:
Se você é quem não deve ser,
seja o que deve ser,
porque, se você é quem não deve ser,
você não é quem você acha que é.
Em termos metaforicamente práticos, troque o bocal, se estiver podre. Sua luz pode voltar a brilhar. Você é filho da luz, não das trevas (1Tessalonicenses 5.5). Outrora você era [das] trevas, mas agora é luz no Senhor. Vivam como filhos da luz, pois o fruto da luz consiste em toda bondade, justiça e verdade; aprenda a discernir o que é agradável ao Senhor. Não participe das obras infrutíferas das trevas; antes, exponha-a à luz” (Efésios 5.8-11). “A sabedoria é melhor que a insensatez, assim como a luz é melhor do que as trevas” (Eclesiastes 2.13). Ore sempre assim: “Senhor, a tua palavra é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu caminho” (Salmo 119.105).
DESAFIO FINAL
Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte. E, também, ninguém acende uma candeia e a coloca debaixo de uma vasilha. Ao contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a todos os que estão na casa. Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus.
Somos acendedores de lampiões, que escavam buracos nas trevas.
Estamos no processo de nos tornar puros e irrepreensíveis, “filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e depravada, na qual vocês brilham como estrelas no universo, retendo firmemente a palavra da vida” (Filipenses 2.15-16a).
Que todos possamos ter desejos dignos de filhos da luz:
Quero que o meu caminho seja “como a luz da alvorada, que brilha cada vez mais até a plena claridade do dia” (Provérbios 4.18)
Quero ser como João Batista: uma candeia (uma vela) que queima e irradia luz (João 5.35).
Quero que as pessoas me vejam e digam que Deus é existe e é bom.
ISRAEL BELO DE AZEVEDO