BOM DIA: Conversão ao Outro. Conversão ao outro.

Há pessoas que, por algum (ou muito) tempo, não têm o que pedir a Deus para si mesmas.
Por isto, muitas vezes oram (muito) pouco.
Orar torna-se algo a aprender. Por uma espécie de programação interna, orar é pedir.
Esse é, então, um tempo de orar para agradecer.
A gratidão nasce do silêncio, no qual refletimos sobre nossa própria vida e concluímos que nada nos falta.
A gratidão gera um espaço interno de contemplação.
Contemplação.
Palavra estranha.
Prática estranha, num tempo de alta exposição, insaciável exaltação e extenuante agitação, como se a vida fosse um parque de diversões.
A contemplação nos põe de cara com a transcendência; melhor: contemplar é estar face a face com o Transcendente.
Ao nos fazer olhar para dentro, o encontro com o Transcendente nos faz olhar para o lado.
Olhando para o lado, vemos aquelas pessoas que estão na posição onde um dia estivemos: na posição de pedir. Seja por sua saúde ou pela saúde de uma pessoa querida; seja para o restabelecimento da alegria de ser ou para a restauração de alguém vencido pelo vício. A lista de necessidades é tão grande quanto o número de pessoas que conhecemos.
Diante dessas pessoas, então pedimos.
Orar pelos outros nos põe diante de Deus. Na verdade, é por estarmos diante de Deus que oramos pelos outros. É a  gratidão que nos aproxima de Deus, exatamente quando, não precisando de nada, reconhecemos que foi ele quem nos deu o que somos.

ISRAEL BELO DE AZEVEDO