Felizes para sempre.
De Israel Belo de Azevedo,
adaptado por Cassia Sousa Lacerda,
em outubro de 2012.
Na lista das pessoas felizes, Jesus inclui os misericordiosos.
Os misericordiosos são felizes simplesmente porque fazem felizes os outros; então, feliz é quem faz feliz o outro? Talvez seja, mas sem deixar de ser feliz também, amar não significa violar-se.
Misericordioso é quem exerce a misericórdia, ou seja, ato; não pensamento. Gesto muito mais do que o simples desejo; ação, movimento, doação.
Misericórdia é um tipo diferente de justiça, não é a justiça tradicional que tem a ver com retribuição ou reconhecimento; porque a misericórdia tem a ver com Graça.
A misericórdia nasce com a compaixão quando a dor do outro nos toca incondicionalmente como se fosse nossa própria dor, e não importa se a dor do outro é merecida ou não; pois se somos de fato misericordiosos ela dói em nós profundamente!
Não importa se a dor do outro é uma conseqüência natural dos seus atos ou erros, como numa relação de causa e efeito; o que isso importa? Nada importa, porque ela dói; e se dói no outro, dói em nós se somos misericordiosos.
A misericórdia se realiza na convivência do dia a dia, olhando nos olhos, mesmo aqueles que acabamos de fitar, porque a misericórdia não é apenas um gesto para apaziguar a nossa consciência e fingir para nós mesmos que estamos em paz com Deus, como alguém que dá uma esmola para se livrar logo do andarilho inconveniente e chato; pior, para ser visto e reconhecido como aquele que faz o bem; Ah! Isso não é misericórdia, é hipocrisia!
Um ponto muito importante para ser lembrado: A misericórdia não faz discurso sobre a vida do outro, a misericórdia não espera aplausos para os seus próprios gestos, a misericórdia não precisa ser vista, não precisa de platéia e não espera recompensa alguma porque a misericórdia não é escrava de um preço a ser pago.
Feliz é quem, quando um mendigo lhe pede centavos para inteirar um lanche, reconhece que a fome dói e paga-lhe o almoço, senta ao seu lado, e por um instante, apenas por um instante, para, olha em seus olhos e ouve a sua história se ele quiser contar; e ao ouvir sua sina, não o critica como se fosse fácil sair daquela condição subumana ou como se num passe de mágica, toda o conhecimento teórico que temos sobre Deus pudesse libertá-lo de seilá o que…
Feliz é quem, quando sabe de uma criança rejeitada, independente da cor, da idade ou da saúde, é capaz de adotá-la como sua própria cria para o resto da vida.
Feliz é quem perdoa, mesmo que o outro não se humilhe ou se arrependa e aos seus pés peça perdão; perdoar não depende do reconhecimento de quem te ofendeu, mas da sua misericórdia para com ele.
É; a misericórdia é assim; a misericórdia é mesmo um dom de Deus: Senhor meu Deus, eu quero este dom prá mim!