MERCI BEAUCOUP (Richard José Vasques)

altExpressão usada na língua francesa para dizer “Muito Obrigado”, o que permite mostrar gratidão por alguma coisa de forma enfática, valorizando o que foi recebido. Normalmente usamos essa expressão também em Português para manifestarmos a nossa gratidão a alguém ou a algum fato ocorrido. Os cristãos costumam usá-la para agradecer a Deus as bênçãos recebidas (coisas ligadas à fé).

O Apóstolo Paulo escreveu assim na sua primeira carta aos habitantes de Tessalônica: “Em tudo dai graças.” (1 Ts 5.18a). Na Nova Versão Internacional da Bíblia (NVI), esse mesmo texto está escrito assim: “Deem graças em todas as circunstâncias.”

Você considera que isso seja fácil de aplicar? Penso que não, mas é um exercício que temos de aprender a praticar. Quando recebemos uma benção é mais fácil dar graças. Geralmente quando as coisas vão bem, quando tudo sai do jeitinho que queremos, ficamos alegres e podemos até agradecer a Deus, porque Ele é bom (muito bom) e tem concedido o desejo do nosso coração do jeito que esperávamos que acontecesse. Podemos exagerar dizendo que “Deus nos obedeceu, fazendo exatamente aquilo que queríamos que Ele fizesse” (algo tipo o Gênio da Lâmpada).

Mas nem sempre é assim. Muitas vezes somos surpreendidos com determinadas situações contrárias às nossas expectativas, desejos e vontades.

E aí, como procedemos?

Andando pela capital francesa nesse mês de férias europeias e do verão europeu (milhares de pessoas nas ruas, em todos os lugares frequentados), vi várias pessoas, geralmente mulheres, pedindo esmolas. Temos muitas delas aqui no Brasil, mas não se espera vê-las fora daqui. Elas, porém, estão lá também. Uma delas escolheu um local por onde passávamos diariamente para ir à estação do metrô, e todo dia estendia a sua mão para nós.

Geralmente não tínhamos alguma moeda à mão e não lhe demos dinheiro, porém decidimos entrar em um supermercado e comprar algo para ela se alimentar. O passo seguinte era entregar o que compramos, e por alguns momentos nos desencontramos: quando passávamos por lá ela não estava mais.

No dia seguinte ao sairmos na rua a vimos, subimos ao nosso quarto, pegamos os alimentos, voltamos pra rua e ao nos aproximarmos dela, a cumprimentamos (bon jour madame”) e lhe dissemos que havíamos comprado aquilo que estava na sacola para ela. Sem olhar para o conteúdo, ela instantaneamente juntou as suas mãos, olhou para o céu e disse: “merci beaucoup”.

Gratidão pura, não pelo conteúdo, mas por ser lembrada. E o mais interessante, o agradecimento não foi para nós, foi diretamente para Deus. Ao ver o gesto dela me arrepiei, sabendo que ela fez o correto: é a Deus que devemos dar graças, pois tudo vem dele e não dos homens.

Fizemos muito pouco, mas ficamos felizes porque Deus foi louvado. E que Ele continue cuidando daquela senhora e das demais que estão lá em Paris e em outras partes do mundo carecendo de ajuda. Isso nos lembra o que Jesus disse: “Digo-lhes a verdade: o que vocês deixaram de fazer a alguns destes mais pequeninos (necessitados), também a mim deixaram de fazê-lo”. (Mateus 25.45). Precisamos exercitar mais (a começar em mim). Boa semana.