O SELO DA VITÓRIA
Apocalipse 2.8-11
(Da série Carta a Igreja, 2)
Pregado na IB Itacuruçá, em 26.12.1999 – noite
1. INTRODUÇÃO
Esta é a segunda carta, carta imaginária, ditada por Deus.
O tema da carta é mostrar a conseqüência da fidelidade a Ele.
2. A QUEM SE FALA
. Ao anjo da igreja em Esmirna (v. 8a).
A carta é destinada à igreja cristã em Esmirna (hoje, Izmir, na Turquia), cidade localizada a 60 km de Éfeso e com uma população aproximada de 200 mil pessoas à época.
3. QUEM FALA
. Isto diz o primeiro e o último, que foi morto e reviveu (v. 8b)
3.1. O Primeiro e o Último
Como em todas as cartas, Quem fala é Jesus Cristo, que aqui se apresenta como sendo o primeiro e o último da história.
Nós não somos os primeiros, nem os últimos da história. Na verdade, vivemos no ínterim, entre o começo e o fim. Nossos destinos são geridos pelo primeiro e último, pelo Alfa e pelo Ômega.
A vida neste ínterim é feita de alegrias e tristezas, de derrotas e vitórias. Como diz o hino 202 do HCC, Deus é o Senhor destas alegrias e tristeza, derrotas e vitórias. Nossa intranqüilidade diante das dificuldades é natural, por causa de nossa natureza humana; pelo Espírito Sabemos, que o Senhor de todas as coisas nos fará mais que vencedores. Só que até chegar a vitória haja espera e lágrima…
Aqueles que perseguem os cristãos não sabem destas verdades. Por isto, eternizam o presente. Eles se acham os primeiros e últimos, como os imperadores romanos, que exigiam ser considerados como deuses. Os príncipes deste mundo, príncipes do dinheiro e dos meios de comunicação, se acham os máximos (como Safra, que pagava 1200 reais por dia a um enfermeiro e morava numa casa blindada e teve o que fim que teve…). Eles não podem ouvir que a Bíblia lembra que apenas Jesus é o máximo. Eu não sou o máximo. Você não é o máximo, embora possa ser bonita/bonita, inteligente, esperto/esperta.
Aprendemos neste texto que os perseguidores serão derrotados. Sabemos pela Palavra de Deus que as dificuldades em nossas vidas serão derrotadas pelo Deus de nossas vidas, que é Senhor dos segundos, dos minutos, das horas, dos dias, dos meses, dos anos, dos séculos e dos milênios (que tão freneticamente se quer comemorar a passagem…). Não importa quanto tempo esperemos, se estamos com ele.
3.2. O morto que está vivo
Quem fala é Jesus Cristo, aquele que se tornou morto por nós. Ele esteve morto. Seu tempo no tempo da morte foi algo passageiro. A afirmação definitiva é que Ele está vivo. Ele triunfou sobre a morte..
Quando o apóstolo Paulo diz que nada nos pode separar do amor de Cristo, ele põe a própria morte nesta categoria (Rm 8.31-39).
Jesus não é só Aquele que veio, como cantamos no Natal, mas Aquele que virá, porque vivo está. Por ocasião do Natal, um jornal prometeu um fascículo sobre o “homem” que mudou a história. O resumo está incompleto: o homem-Deus (ou, melhor, o Deu-homem) que mudou a história. Não podemos perder a perspectiva de Jesus é Deus, completamente Deus, conquanto completamente humano. Este é um dilema que nem sempre temos conseguido resolver.
O Jesus humano é Aquele com Quem podemos aprender a viver, pelo seu exemplo e pelos seus ensinos. O Jesus Divino é Aquele em Quem podemos confiar e esperar, porque, vencedor da própria, pode nos garantir a vitória, sobre todas as dificuldades da vida, até sobre a morte, sempre na Sua (jamais na nossa) perspectiva.
4. O QUE SE FALA
9 Conheço a tua tribulação e a tua pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que dizem ser judeus, e não o são, porém são sinagoga de Satanás.
10 Não temas o que hás de padecer. Eis que o Diabo está para lançar alguns de vós na prisão, para que sejais provados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida.
Jesus descreve as dificuldades por que passava e ainda passaria a igreja de Esmirna. Há um crescendo trágico na lista de sofrimentos.
4.1. Sofrimento na área social (tribulação)
Jesus conhecia a tribulação por que passava a comunidade cristã de Esmirna.
A palavra “tribulação” quer dizer esmagamento (como uma pedra enorme sobre um corpo pequeno), forte compressão (sobre um corpo até tirar seu sangue, sua vida). A igreja estava sendo esmagada pela perseguição governamental do Império Romano.
Esmirna experimentou as conseqüências de sua fidelidade. Um de seus líderes, Policarpo, foi uma mártir da verdade.
Há ainda hoje sociedades em que a fé em Cristo como Salvador é proibida. Os batistas brasileiros não são permitidos como missionários em alguns desses países. Por isto, são usados missionários autóctones ou mesmo fazedores de tendas (como jogadores de futebol).
Em nosso contexto ocidental, não temos perseguição propriamente dita, mas pressão, pressão dos meios de comunicação, pressão dos grupos de que fazemos parte.
É politicamente correto dizer-se que tudo é verdade, que todas as religiões são certas. Afirmar que Jesus Cristo é o único Salvador é algo inaceitável. Como ficam as outras religiões — perguntam. O relativismo teológico faz com que tudo é sólido se desmanche no ar.
É politicamente incorreto exigir-se um padrão moral das pessoas. O lema é: cada um deve agir segundo a sua consciência. O relativismo moral põe tudo na conta do indivíduo, que as vezes não agüenta o peso. Qual o problema de quem se ama manter um relacionamento sexual com o amado, mesmo antes do casamento ou até mesmo junto com outro casamento. Cada um tem que saber o que é melhor para si. O relativismo não tem o que dizer quando a menina, especialmente a menina, tem que pagar o preço de sua liberdade; aí ela fica sozinha. O relativismo não tem uma palavra que lhe ajude…
O sistema de valores deste mundo é uma máquina de moer cristãos verdadeiros. Para afirmar os valores de Deus nós temos que estar preparados.
4.2. Sofrimento na área econômica (pobreza)
Jesus conhecia a pobreza por que passava a comunidade cristã de Esmirna.
Embora fiel a Jesus, a igreja estava pobre como uma mendiga. Possivelmente, o Império Romano confiscara todos os bens dos seus membros, talvez até mesmo a casa improvisada como templo (não havia templos naquela época…). Pode ser também que os padrões elevados só cristãos dificultava que fizessem negócios desonestos…
Naquela época quem não dissesse que César era Senhor perdia seus bens, seus empregos, eram até banidos de suas cidades. Não é demasiado pensar que a pobreza de Esmirna derivasse de sua fidelidade a Jesus Cristo.
No entanto, eram ricos, porque rico quem confia em Deus. Este deve ser o julgamento de Jesus que preferimos: pobres, mas ricos. E não o contrário!
Diante das dificuldades econômicas dos brasileiros (que atinge os nossos pobres e os nossos remediados), não há como não repetir uma advertência contra uma certa teologia. Esta semana esteve comigo um irmão, destes que convivem há décadas com dificuldades materiais, para me dizer que confia na verdade do salmo 1. Ele me recitou o salmo todo, concluindo que quem vivesse com aquele salmo prosperaria.
Eu lhe completei:
— Só que isto não se aplica em sua vida, não é?
Ele redargüiu:
— Mas eu creio nisso.
Eu respondi
— Eu também, só que o conceito de prosperidade de Deus não é o seu. Conheço pessoas muito pobres, que lutam com dificuldades até para comprar o mínimo, e que são prósperas.
Para não sucumbir diante de tanta pressão, temos que estar preparados.
4.3. Sofrimento na área religiosa (blasfêmia)
Havia em Esmirna uma comunidade de judeus que desferia sistematicamente as mais diversas calúnias contra os cristãos (ateísmo, porque oravam de olhos fechados; canibalismo, porque participavam da Ceia do Senhor, sacrificando crianças para tal fim; imoralidade, porque se beijavam fraternalmente).
Somos ainda hoje assolados pela sinagoga de Satanás, que são os que travestem o Evangelho de mentira de modo que o que pregamos é que parece mentira. As mentiras estão no rádio, na televisão, nos livros, nos púlpitos. Numa tremenda inversão de valores, os blasfemos nos chamam de blasfemos. O cristianismo vem sendo atacado de varias formas, inclusive (ou principalmente) por aqueles que se acham cristãos.
Nós, no entanto, só temos uma escolha: a fidelidade à Verdade. Para viver esta escolha, temos que estar preparados.
5. O CONSELHO
10 Não temas o que hás de padecer. Eis que o Diabo está para lançar alguns de vós na prisão, para que sejais provados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida.
O pior pode estar por vir (está para lançar). Às vezes, achamos ter chegado ao fundo do poço, mas o mal é muito criativo.
O pior terá uma duração determinada (dez dias). Não conhecemos esta duração no nosso calendário (quanto demoram dez dias), mas o Primeiro e o Último o sabe.
O melhor é ser fiel, mesmo sob a ameaça do esmigalhamento, mesmo sob a perspectiva da morte. Esmirna era conhecida como a coroa da Ásia, por sua riqueza material. Não é esta coroa, corruptível (a cidade foi totalmente destruída no século 3) que lhe é prometida, mas a coroa da vida. Às vezes, lutamos tanto por coroas perecíveis, conquistadas por nós, quando somos concitados a pedir gratuitamente a coroa da vida.
Não temer é a única coisa que nos é pedida, estejamos diante da tribulação, que hoje experimentamos pela dificuldade de manter e conservar a nossa fé em Jesus Cristo, em função da pressão dos valores deste mundo; estejamos diante da pobreza material (escassez de bens);; estejamos ameaçados pela blasfêmia (que nos pede compromisso com a verdade).
Não temer — este é o nosso preparo principal, porque indica disposição. Quem nos capacita é o Primeiro e Último, o Que morreu mas está vivo por nós.