Refletindo: Êxodo 3.7-12
Com a história do livramento do povo hebreu, conhecemos os verbos do coração de Deus: "vi", "ouvi" e "desci".
Estes devem também os verbos das nossas vidas, diante do sofrimento alheio.
Deus vê o sofrimento. Os hebreus nada fizeram; sua dor era suficiente. Os hebreus inicialmente nada pediram. Deus viu. Por amar, Deus vê ainda hoje. Chamados a amar o próximo, devemos ver o seu sofrimento, mesmo que não nos peça nada.
Deus ouve a oração dos que sofrem. Quando perceberam a sua condição, os hebreus clamaram. Deus ouviu. Também somos chamados a ouvir. Sonha estranho que precisamos ouvir, mas não o é: estamos por vezes tão preocupados conosco mesmos, que não temos ouvidos para os outros.
Deus desce para socorrer os hebreus. Os verbos ver e ouvir são narrativos, mas descer é metafórico, no sentido que Deus não mora num lugar alto e desce para um lugar baixo. A metáfora é perfeita, porque indica a inteireza do amor de Deus. Descer é chegar à pessoa, ferida, onde ela está, mesmo que no fundo do poço.
Quanto a nós, não habitamos (metaforicamente) as alturas, mas temos dificuldade em descer, no sentido narrativo.
Deus desceu porque a graça o habita. Se a graça nos habitar, desceremos.
