Precisamos semear.
Precisamos semear afeto e gratidão, suor e esperança, sonhos e palavras.
Precisamos semear, mesmo que em lágrimas.
Semear em lágrimas é semear sem saber que vai colher. Plantar faz parte do seu estilo de vida.
Semear com lágrimas é colocar no solo o grão que falta para a boca hoje. É passar privação hoje para ter amanhã. É acordar de madrugada, contra a vontade, para estudar, trabalhar, preparar a marmita que talvez esteja fria na hora do almoço.
Semear com lágrimas é para quem sabe que a vida é feita de lágrimas e sorrisos, de insônias e sonos, de sonhos e frustrações, de sombra e luz, de vales e montanhas, de medo e paz, de derrotas e vitórias. Ninguém chega ao topo da montanha, se não subir, e ninguém sobe sem suar, sem se perder, sem se cansar, sem tropeçar. Ninguém chega ao seu destino, se não fizer a viagem. Ninguém terminará de ler um livro, se não o vencer página por página. Ninguém construirá uma casa, se não assentar tijolo após tijolo. Ninguém formará uma biblioteca, se não puser livro por livro. Ninguém participará da sua própria formatura ou passará num concurso, se não faltar a festas, deixando sua rotina alegre para construir uma outra rotina sisuda dominada pelo estudo. Ninguém colherá, se não plantar.
Semear com lágrimas é fazer o que precisa ser feito, como feito para Deus.
Prossigamos semeando, mesmo banhado em lágrimas, mesmo que com muitas dificuldades. Não há missão impossível. Plantemos. A colheita virá.
ISRAEL BELO DE AZEVEDO