Quando os repórteres narram histórias de pessoas que leem a Bíblia, eles raramente narram; sempre interpretam.
Há articulistas que comentam fatos em que a leitura da Bíblia entra com um grau tal de preconceito que revela o seu desconhecimento.
Na verdade, a Bíblia ainda é um livro desconhecido, apesar dos esforços recentes (nos últimos 60 anos praticamente) das editoras católicas e protestantes, que hoje vendem milhões de exemplares por ano.
A chamada "inteligência brasileira" não lê a Bíblia, mas não tem dificuldade em consagrar o inadmissível princípio do "não li e não gostei". A maioria da população brasileira não conhece a Bíblia e faz com que ela diga o que não diz. No final do milênio anterior, era comum se ouvir, nas conversas, que "como está na Bíblia, ao 1.000 chegarás, mas do 2.000 não passarás". Assim, ignorante era quem tentava mostrar que a frase não estava na Bíblia.
Se nos demais campos, a inteligência procura as fontes primárias, no caso da Bíblia ela peca tolamente ao se contentar com fontes secundárias, bebendo do que os outros disseram.
A Bíblia, saibamos todos, é um livro que começou a ser escrito há 3.500 anos, num processo dinâmico que terminou há 1.900 anos.
Ignorá-la é ignorar a história humana, como se a vida inteligente tivesse começado há três séculos apenas.
Lê-la é tarefa enriquecedora para a inteligência realmente atenta que não segue os modismos intelectuais, que manda dizer que a Bíblia está ultrapassada.
Quem lê a Bíblia sente-se como se estivesse lendo os jornais de cada dia ou de cada hora.
ISRAEL BELO DE AZEVEDO