A ADORAÇÃO BÍBLICA (Sylvio Macri)

A palavra de Cristo habite ricamente em vós, em toda a sabedoria; ensinai e aconselhai uns aos outros com salmos, hinos e cânticos espirituais, louvando a Deus com gratidão no coração. (Cl. 3.16)
 
O texto acima define bem o que é adoração bíblica. 
 
Em primeiro lugar, é uma adoração inteligente, e não uma atividade que vise apenas provocar emoções, movimentos corporais, êxtase e contemplação. A adoração bíblica gera resultados duradouros na vida do adorador, com ensino e encorajamento baseados na Bíblia. O texto fala da riqueza da Palavra e em sermos sábios no usá-la para instrução e conselho. A Bíblia tem um lugar central na adoração cristã.
 
Em segundo lugar, é uma atividade dirigida ao Senhor. A pessoa adorada é o Deus Pai, o Deus Filho e o Deus Espírito Santo, que é quem deve ter a verdadeira satisfação com a adoração. Mas também satisfaz o adorador, pelo fato de este ser instruído e encorajado no seu encontro com Deus e com os outros irmãos.
 
E nisso chegamos à terceira verdade sobre a adoração bíblica: nela nos dirigimos a Deus, mas também nos dirigimos aos outros. A Deus, louvamos, e uns aos outros, ensinamos e encorajamos. A adoração é feita na diversidade: de pessoas – um corpo com muitos membros, todos diferentes; e de formas – salmos, hinos e cânticos espirituais, que precisamos aceitar e praticar.
 
Em quarto lugar, o verdadeiro templo da adoração cristã é o coração dos adoradores, e não o edifício em que eles possam estar reunidos. Por mais sofisticada que seja a tecnologia instalada nesse lugar, e por mais refinada que seja a arte dos que a lideram a adoração, esta não será verdadeira se não for de coração.
 
Por último, a atitude que caracteriza a adoração cristã é de gratidão. O adorador vem ao encontro de Deus e dos irmãos principalmente para agradecer, e não para pedir. Uma adoração baseada só em satisfação pessoal não é bíblica. Aliás, a atitude de ação de graças deve marcar tudo o que o cristão faz (Cl.3.17).
 
Em Efésios 5.18-21 temos uma passagem bem igual à que citamos no início. Ali estão os mesmos ensinos a respeito de sermos habitados pelo Senhor (que é o objeto da adoração), do compartilhamento do louvor, da atitude de gratidão e do apoio uns aos outros. Nela, porém, vemos mais nitidamente as marcas da adoração bíblica, além da sua definição, que já vimos.     
 
A adoração bíblica traz a marca do Espírito. Paulo diz: Não vos embriagueis com vinho, que leva à devassidão, mas enchei-vos do Espírito (v.18). Portanto, não se trata de emocionalismo barato nem de entusiasmo movido a estímulos externos, mas de algo que vem de dentro do crente, do Espírito de Deus que habita o seu coração. É, por isso, uma adoração santa, espiritual, que dá lugar ao Deus verdadeiro, e não à exaltação carnal.
 
A adoração bíblica leva a marca da alegria. Ouçamos o apóstolo: Falando entre vós com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando o Senhor no vosso coração (v.19). Tiago 5.13 diz: Alguém entre vós está aflito? Ore. Alguém está contente? Cante louvores. Os cristãos são um povo alegre; têm uma esperança para esta vida e além dela, por isso são as pessoas mais felizes do mundo (1 Co.15.19). E por isso cantam muito. 
 
A adoração bíblica tem também a marca da gratidão. Veja o que Paulo ensina: Sempre dando graças por tudo a Deus, o Pai, em nome do nosso Senhor Jesus Cristo (v.20). Quem se viu pobre miserável, cego e nu e de uma só vez recebeu o dom gratuito de Deus em Cristo Jesus, tem mesmo que ajoelhar-se e colocar o rosto em terra, numa atitude de gratidão permanente ao Senhor que o salvou. Adoração é basicamente gratidão.
 
E por último, a adoração bíblica é marcada pela humildade. Paulo exorta: Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo (v.21). Não há nenhum lugar para vaidade, egoísmo ou exaltação pessoal na adoração ensinada pelo apóstolo. Pelo contrário, devemos preferir em honras uns aos outros (Rm.12.10), pois ninguém adora sozinho, ou melhor dizendo, você não é o único adorador que existe. Uma adoração que privilegia um grupo/uma pessoa em detrimento de outro grupo/outra pessoa não é bíblica. 
 
Portanto, a adoração bíblica é inteligente, é devida só a Deus, começa no coração do adorador e é praticada na diversidade do corpo de Cristo, trazendo as marcas do Espírito, da alegria, da gratidão e da humildade.
 
Pr. Sylvio Macri