Pregada na Igreja Batista Itacuruçá, em 11/12/2006. No primeiro século antes de Cristo, o general Pompeu comandava uma embarcação, com seus marinheiros tomados pelo medo. Para animá-los, o militar cunhou a seguinte frase: “Navegar é preciso; viver não é preciso”. Com isto, queria ensinar ele que ninguém devia parar de navegar por causa do medo de morrer. Quase 20 séculos depois, o poeta português Fernando Pessoa fez da frase o centro de um de seus poemas, que começa assim: “Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: `Navegar é preciso; viver não é preciso`. Viver não é necessário; o que é necessário é criar”. Podemos considerar a frase antiga, retomada por Fernando Pessoa, como equivocada no sentido que não se pode navegar sem viver, nem se pode viver sem navegar. Ouso dizer que boa parte das pessoas tem tomado o conselho ao pé da letra, porque parece apenas navegar, apenas caminhar, apenas seguir em frente, mas sem viver, porque viver exige um roteiro. Ouso sugerir que era isto que o apóstolo Paulo queria dizer quando prometeu, aos seus leitores, mostrar-lhes um caminho mais excelente (1Coríntios 12.31b). Que caminho é este? É um caminho feito em direção a um alvo. O alvo intermediário de todo cristão é parecer-se mais com Jesus Cristo, sabendo que sua pátria final é o céu, razão porque o cristão é docemente cativo da esperança. Viver com um alvo significa viver a partir de um projeto de vida, mesmo que mutável. É um caminho feito com as próprias pernas, não com as pernas dos outros. Quem faz 15 anos sabe que, daqui para a frente, as decisões serão próprias. Não se deve trocar a orientação dos pais pela orientação dos outros, especialmente a orientação invisível da cultura. Este é um caminho a ser feito contra a superficialidade (“Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!” — Romanos 11.33). É um caminho feito segundo as instruções de Quem conhece todos os caminhos. (Jesus “nos inaugurou um caminho] novo e vivo, através do véu, isto é, da sua carne” — Hebreus 10.20). Nosso caminho dever ser feito com: Justiça (“cheios do fruto da justiça, fruto que vem por meio de Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus” — Filipenses 1.11); Verdade (contra um mundo do que parece ser, sem o ser) — (“Seja o sim de vocês, sim, e o não, não, para que não caiam em condenação” — Tiago 5.12); Paz ( “Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade ninguém verá o Senhor.” — Hebreus 12.14); Constância (“homem vacilante que é, e inconstante em todos os seus caminhos” — Tiago 1.8). 4. Voltemos a Fernando Pessoa, agora para concordar e dizer que viver é criar: vive quem cria. Quem não cria apenas navega. *** Este é o roteiro para a caminhada do cristão. Deus nos abençoa neste caminho.