Pregado na Igreja Batista Itacuruçá, em 12.11.2000 (manhã) e 26.11.2000 (manhã e noite) 1. INTRODUÇÃO Precisamos começar nosso estudo sobre a escatologia confessando nossa ignorância. Nós sabemos muito pouco, mas sabemos o mais importante: nosso futuro está guardado no Livro da Vida, escrito por Deus. 2. VIVENDO EM FUNÇÃO DA RESSURREIÇÃO DE JESUS CRISTO Os versos 3 e 4, complementados pelos versos 5 a 8, formam uma síntese do Evangelho. Foi este o conteúdo que Paulo recebeu e transmitia. (Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; que foi sepultado; que foi ressuscitado ao terceiro dia, segundo as Escrituras; que apareceu a Cefas, e depois aos doze; depois apareceu a mais de 500 irmãos duma vez, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormiram; depois apareceu a Tiago, então a todos os apóstolos; e por derradeiro de todos apareceu também a mim, como a um abortivo. 2.1. A narrativa da ressurreição Este é o Evangelho que nós recebemos e devemos transmitir. Por isto, precisamos começar falando do fato da ressurreição de Jesus e o faremos primeiramente de forma poética. ELOGIO À MULHER O teu olhar para dentro da noite é o olhar de quem busca a vida e não teme o sepulcro. A tua lágrima que salta de dentro é a lágrima de quem perdeu toda a luz que da alegria nasce. A tua visão de dois anjos na noite é a visão de quem enxerga o mistério e ouve a sua voz em meio ao silêncio triste. Soluça, mulher, maria , madalena, que no fundo dos teus olhos dois anjos proclamarão a manhã. Chora, mulher, maria, madalena, que nos intervalos dos teus soluços ouvirás a palavra de quem procuras. Mulher, reclama o corpo que roubaram. Ladrões, para onde o levaram? Mulher, de quem é esta voz que te olha? De quem é este olhar que te chama? Olha, mulher, e vê que é rosto do homem que querias morto. E agora tu o chamas pelo nome das flores. E agora tu o vês pela imagem das águas antes que ele Deus todo seja e marche para o azul ao encontro deste Pai que se fez filho conosco e se deixou enterrar nas horas das pedras Tu o viste, não entre a reclusão das lápides, nem a respirar a quietude dos troncos tombados, mas a caminhar por entre as pétalas, a ouvir o teu lamento sem luz. Tu o viste, não a anunciar a vitória da noite, nem a chorar a dor por quem partiu para sempre, Mas a proclamar o sorriso suave dos teus lábios, tu que sorriste com ele na mais feliz de todas as madrugadas: quando a rocha se fendeu e ele pôde enxugar da fronte o orvalho que anunciava a sua ressurreição. (Israel Belo de Azevedo) 2.2. O fato da ressurreição (v. 11-11,20) A morte de Jesus é um fato histórico não mais questionado e, junto com ele, o seu sepultamento. No entanto, a sua ressurreição tem sido questionada em sua veracidade histórica e isto não é de hoje. Também, e igualmente não de hoje, tem sido questionada fortemente a possibilidade da ressurreição dos homens no final dos tempos, especialmente pela dificuldade de elas (tanto a de Jesus quanto a dos cristãos) fazerem sentido à luz da razão. 2.2.1. Contestações à ressurreição Quanto à ressurreição de Jesus, os argumentos em contrário, são, entre outros: A falta de documentos extrabíblicos que a registrem;. As contradições nas narrativas bíblicas sobre o mesmo fenômeno; A impossibilidade da ressurreição à luz da razão; A natureza não essencial da ressurreição para a fé cristã. Quanto à ressurreição dos mortos em geral, argumenta-se que o fenômeno, tal como aconteceu com a de Cristo, não tem amparo na razão, à qual devem estar subordinados todos os fatos. 2.2.2. Respostas às contestações De fato, não há narrativas extrabíblicas para o fato da ressurreição de Jesus. Não o há também para o nascimento e para a morte de Jesus. A ressurreição é apontada como um fato essencial para a fé. O apóstolo Paulo várias vezes o afirma, deixando bem claro, em Romanos 10.9-10, que a salvação vem pela confissão de Jesus Cristo como Senhor e pela crença de que o Pai ressuscitou Jesus dentre os mortos. Depois de ressurreto, Ele ficou 40 dias na terra, dando provas de que estava vivo (Atos 1.3). Ao todo, Ele apareceu a 500 pessoas de uma só vez (isto é, em grupo), o que é bem diferente de uma alucinação (cf. 1Coríntios 11.6). Nesse tempo, Ele preparou seus discípulos. Quanto às chamadas contradições, tratam-se antes de narrativas com focos particulares. Cada testemunha narrou segundo a sua perspectiva e segundo o que viu. Aliás, o teórico comunista Karl Kautsky começou a levantar estas contradições para desmascarar o Cristianismo. Sua conclusão, que ajudou a expulsá-lo do Partido Comunista foi outra: se a ressurreição de Jesus fosse uma lenda, as versões seriam previamente combinadas; o fato de guardarem uma subjetividade entre elas é uma evidência que nada foi inventado. Por isto tem razão também outro não cristão, o historiador judeu Pinchas lapide, para quem a ressurreição é a certidão de nascimento do Cristianismo. Os símbolos cristãos são símbolos da Ressurreição. O que é o batismo? A imersão simboliza a morte para o pecado e a ressurreição para uma nova vida. O que é a Ceia, senão a afirmação da morte de Cristo e sua volta, que só é possível por ter ressuscitado. Não podemos esquecer ainda que parte das testemunhas do túmulo vazio era formada por mulheres. Se a história fosse uma lenda, seus inventores não colocariam essas narrativas nas bocas das mulheres, incapazes, na lógica da época, da falar a verdade e, portanto, indignas de crédito. Que judeu iria crer numa ressurreição testemunhada por mulheres. Há outra evidência interessante. Quanto custou para os primeiros a fé na ressurreição? Além do escárnio, muitos pagaram com a vida. Não seria razoável morreriam por uma lenda. Eles pregaram o Evangelho da